Diretor: Lone Scherfig
Elenco: Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Dominic Cooper, Rosamund Pike, Olivia Williams, Emma Thompson, Cara Seymour
Gênero: Drama
Ano: 2009
Na Inglaterra da década de 60 a liberdade feminina era extremamente limitada, apesar de poder ingressar em grandes universidades e estudar junto com rapazes as escolhas das jovens ainda eram baseadas nos desejos e anseios familiares, um bom casamento ou uma vida dedicada aos estudos eram opções consideráveis, mas aparentemente díspares. A constituição familiar definitivamente não combinava com o meio acadêmico.
Jenny aos 16 anos vivendo no subúrbio londrino com seu pai pouco afetuoso e sua mãe protetora nunca teve dúvidas quanto às suas escolhas, a dedicação aos estudos, a música e o interesse pela cultura mais elevada lhe encaminharam naturalmente a uma trajetória rumo ao ingresso na Universidade de Oxford.
O brilhantismo de Jenny direcionado sempre à cultura formal é interrompido quando um encontro inusitado transforma sua vida, um homem mais velho, charmoso e obviamente mais experiente lhe seduz com uma conversa e inicia uma intensa amizade que apresenta para a jovem um fascinante mundo onde as pessoas se interessam por arte, assistem óperas, conversam sobre qualquer assunto e tem muitas viagens em seus históricos.
A família de Jenny compartilhando do encanto da filha e numa ingenuidade absurda permite que o homem mais velho de conversa fácil esteja ao lado de sua filha.
Educação é um drama romântico, Jenny representa um tipo de mulher que não se contenta com as opções limitadas de futuro, afinal a dona de casa ou a professora não são os modelos de felicidade que procura, a possibilidade de uma vida mais intensa e divertida lhe afasta dos seus antigos ideais e faz embarcar numa jornada aventureira e pouco convencional.
Carey Mulligan com muita graça e responsabilidade defende sua primeira protagonista, num filme cheio de nuances dramáticas e românticas, ambientado nos cantos esfumaçados e glamourosos de uma importante década.
Um candidato sério a Melhor Filme em grandes premiações e que também pode levar melhor ator coadjuvante para Alfred Molina e Atriz Revelação para Carey Mulligan.
Vale a pena assistir.
Pontos Altos: A ingenuidade é deliciosa, anos 60 exerce grande fascínio, excelentes interpretações
Pontos Baixos: Apesar da história ter um fundo verídico o final parece leve demais
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Educação (An Education)
Boa Noite e Boa Sorte (Good Night, and Good Luck)
Diretor: George Clooney
Elenco: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Frank Langella, Jeff Daniels, Ray Wise, Reed Diamond
Gênero: Drama
Ano: 2005
Pontos Altos: Trilha obviamente, David Strathaim comanda
Pontos Baixos: Final abrupto
Batalha Royal (Battle Royale/Batoru Rowaiaru)
Diretor: Kinji Fukasaku
Elenco: Chiari Kuriyama, Takeshi Kitano, Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Taro Yamamoto
Gênero: Suspense/Terror/Drama
Ano: 2000
Batalha Real nasce clássico, baseado num best seller japonês lançado em 1999 o filme de Fukasaku não se limita a um ou outro rótulo. A violência e a discussão ética presentes nas situações apresentadas são muito relevantes para questionar a própria ordem existente na sociedade especialmente na asiática.
Cobrados pelos pais para conseguir boas notas e um futuro garantido os jovens são despertados da infância cada vez mais cedo, cursos e orientações não faltam para “facilitar” o sucesso profissional futuro e o emprego garantido. Talvez consequência deste processo o encurtamento desta fase tem trazido consequências preocupantes como sexualização prematura e abuso de drogas.
No futuro do Japão, o país em crise após uma guerra se depara com uma crescente rebeldia de seus jovens, para resolver o problema é criado o programa ultra radical Batalha Real, uma espécie de reality show sádico onde uma classe de jovens considerados problemáticos são colocados numa ilha para combater entre si com armas diversas e com o instinto de sobrevivência apurado, o ato funciona como um exemplo para outros jovens e um aviso dos perigos da não obediência.
Após receberem instruções do funcionamento dos jogos e armas que podem ser extremamente úteis ou imprestáveis como uma tampa de panela os adolescentes necessitam escolher entre seus valores e a sobrevivência pura e simples.
As amizades, alianças, mortes e traições vão ocorrendo conforme a contagem regressiva se aproxima do final, não lutar não é uma alternativa já que logo são informados que todos terão seus colares com explosivos ativados caso ao fim do período não exista apenas um sobrevivente.
Batalha Real não é simplesmente violento, o sangue que corre solto é muitas vezes fruto de situações quase cômicas, em outros momentos funciona como um anti-clímax em cenas tensas. Porém a discussão central proveniente do filme não é acerca da violência, há uma crítica a valores modernos como a supressão da privacidade em nome da globalização, luta sem limites pela sobrevivência e padrões de comportamento de pais, professores e jovens.
O sangrento filme também oferece momentos românticos, dramáticos e trabalha muito bem a questão do timing do suspense. Aos poucos espectadores que se propõem a mergulhar no cinema fora do eixo hollywoodiano resta uma boa surpresa.
Pontos Altos: Edição ágil, discussão ética, questionamentos de modelos de comportamento
Pontos Baixos: Alguns adolescentes infantis e caricatos
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Zumbilânda (Zombieland)
Diretor: Ruben Fleischer
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin
Gênero: Comédia
Ano: 2009
Pontos Altos: Columbus e suas regras
Pontos Baixos: Não é engraçado
Ponyo á Beira Mar (Ponyo)
Diretor: Hayao Miyazaki
Elenco: Yuria Nara, Hiroki Daí, Jôji Tokoro, Tomoko Yamaguchi
Gênero: Fantasia/Animação
Ano: 2009
Pontos Altos: Criaturas raras e personalidades fortes
Pontos Baixos: Pouco popular para as Américas
Vigaristas (The Brothers Bloom)
Diretor: Rian Johnson
Elenco: Rachel Weisz, Adrien Brody, Mark Ruffalo, Rinko Kikuchi, Robbie Coltrane
Gênero: Aventura/Drama
Ano: 2009
Pontos Altos: Elenco feminino
Pontos Baixos: Nonsense
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Sherlock Homes
Diretor: Guy Ritchie
Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong, Eddie Marsan, Kelly Reilly
Gênero: Aventura
Ano: 2009
Sherlock Holmes e sua frase “Elementar, meu caro Watson” se consagrou como um dos mais famosos detetives da ficção policial, suas suposições baseadas na observação científica e na inteligência abstrata foram capazes de solucionar os casos mais misteriosos e complexos já criados.
Guy Ritchie renova à sua forma a clássica literatura transformando o detetive e seu parceiro em mais um subproduto dos filmes de submundo do crime, uma especialidade do ex marido de Madonna.
O antes formal Sherlock Holmes se torna então um viciado em heróina cuja dor de cotovelo por ter sido abandonado lhe dá forças para levantar-se da cama e solucionar os mistérios de Londres e tentar recuperar sua antiga vida.
A descrição acima, embora não explícita, é perfeita para explicar a transformação que Ritchie fez no mais respeitável detetive da literatura, obviamente era esperado que o diretor tirasse de Holmes todo seu ar enfadonho, mas não que se tornasse um anti-herói de comportamento “ligadão” e ressentido pelo abandono do seu “amigo” Watson que pretende se casar.
Sherlock Holmes e Dr. Watson trocam farpas e declarações não muito discretas por toda a película, sim Watson parece ter largado seu amante pela noiva Lucy e Holmes não pretende aceitar a nova situação sem lutar.
A presença de duas mulheres como pares românticos dos heróis não é suficiente para cobrir as evidências do romance: o “nosso” cachorro, um único quarto com cama de casal e toda a “nossa casa e vida juntos”.
Obviamente todos essas evidências poderiam ser meros detalhes caso a história de Sherlock Holmes tivesse algum brilhantismo ou fosse de alguma forma inovadora. Não há nada de novo aqui além das brigas do casal.
Falta agora Ritchie dirigir um longa da franquia Batman e entregar a todos a verdadeira relação entre Batman e Robin.
Parece que o último filme criativo de Guy Ritchie foi mesmo Snatch – Porcos e Diamantes.
Pontos Altos: Uma das melhores cenas de explosão já filmadas
Pontos Baixos: Personagens clássicos perdendo a identidade
Onde Vivem Os Monstros (Where The Wild Things Are)
Diretor: Spike Jonze
Elenco: Catherine Keener, Max Records, Mark Ruffalo, Lauren Ambrose, James Gandolfini, Catherine O'Hara, Forest Whitaker
Gênero: Fantasia/Aventura/Drama
Ano: 2009
É necessário fugir do ceticismo para se aventurar no universo de Onde Vivem Os Monstros, a adaptação de um livro infantil de Maurice Sendak que com algumas imagens e poucas frases conta a história de um garoto de 9 anos comum que se revolta, esperneia e finalmente embarca numa grande fantasia.
Para Max as coisas são mais sérias do que para sua irmã ou sua mãe, ser ouvido e receber atenção é um grande desafio que as bestas mais selvagens não viriam dificuldade, para Max nada parece fácil e justo, a fuga parece a melhor opção e ao cair numa floresta cheia de criaturas que celebram a destruição e o companheirismo o pequeno garoto se encanta e se torna o rei da floresta.
Enquanto em sua casa a atenção era algo difícil de se se obter na realidade de Onde Vivem Os Monstros todos os olhos estão direcionados ao novo e pequeno rei Max, o garoto se identifica imediatamente e pode jurar que aquela vida é tudo que sempre desejou.
Aos poucos Max percebe que liderar e cuidar de outros indivíduos, por mais peludos que eles sejam, é muito mais complicado do que parece, expectativas e desejos pessoais não são tratadas com facilidade pelas pessoas mais experientes e o jovem Max percebe isso de forma traumática.
Onde Vivem Os Monstros é um conto de fantasia sombrio, desses que ensina lições de moral para as crianças, especificamente aqui é ensinado o valor das relações familiares e como o amor pode ser mal recebido ou interpretado.
Mais do que uma fábula moralizadora, Onde Vivem Os Monstros é um filme delicado em sua face mais selvagem, tocante e divertido é um ingresso de cinema de retorno garantido.
Pontos Altos: Monstros feios e fofos, Max Record é um excelente ator mirim, Catherine Keer é a mãe que se expressa através dos olhos, Trilha sonora excelente
Pontos Baixos: Uma edição um pouco mais ágil o tornaria ainda mais eficiente
Mother (Madeo)
Diretor: Bong Joon-ho
Elenco: Park Eun-kyo, Park Wun-kyo, Bong Joon-ho
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 2009
Bong Joon-ho ganhou muita notoriedade fora da Coréia do Sul com O Hospedeiro, um thriller rápido sobre um mutante gigantesco que avança numa cidade após ter sofrido uma metamorfose decorrente da poluição causada pela sociedade, os dramas e aventuras de seus sobreviventes eram de tirar o fôlego dos que não se rendiam aos preconceitos dos “filmes de monstro”.
Mother é muito mais dramático e lento, há um suspense, mas sem um ritmo acelerado e frenético. O mistério se desdobra pelo desvendar de um crime pelas mãos de uma mãe super protetora, na luta pela inocência de seu filho preso e apontado como único suspeito.
Desconfiada da ausência de motivação que seu filho, um doente mental, teria para assassinar uma jovem a progenitora do título se vê envolvida numa intrincada e detalhada cadeia de acontecimentos que traz a tona muito mais que o esperado.
Bong Joon-ho é extremamente habilidoso com a câmera, sua narrativa prevê um ritmo absolutamente desacelerado até o clímax do perturbador desfecho. A estrutura pouco eficiente no cinema ocidental lhe é adequada e aos espectadores que enfrentam o artifício sem fechar os olhos algumas cenas impactantes o final podem mesmo ser surpreendentes.
Pontos Altos: Obsessão dos asiáticos com artigos de tecnologia, narrativa picada que não entrega nada antes da hora, violência cotidiana
Pontos Baixos: Impossível assistir com um mínimo de sono