quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Arraste-me para o Inferno (Drag me to Hell)

Diretor: Sam Raimi

Elenco: Alison Lohman, Justin Long, Lorna Raver, Jessica Lucas, David Paymer, Dileep Rao

Gênero: Horror/Suspense/Comédia

Ano: 2009







Escatológico, absurdo, constrangedor e cômico o mais recente capricho de Sam Raimi chega aos cinemas sem economizar na sonoplastia e nos efeitos especiais grudentos, o resultado é uma profusão de sustos e situações incrivelmente inusitadas que não deixam um espectador sequer indiferente.

Arrasta-me para o Inferno não se pretende sério, ao contrário, a comédia de horror não busca aterrorizar o público e sim suscitar reações involuntárias e espontâneas e nesse aspecto há uma eficiência indiscutível.

No entanto, o mínimo que se espera de um filme de horror é um pouco de medo e se essa é a expectativa Sam Raimi não tem a mínima intenção de seguir padrões e as ignora sem grandes preocupações.

O “terrir” por se situar entre áreas distintas não é nem totalmente engraçado nem assustador e este detalhe pode ser o suficiente para conquistar o espectador ou afastá-lo totalmente.

Além das técnicas de produção, o que é destaque em Arraste-me para o Inferno é a conexão com a famigerada crise americana de crédito imobiliário. Uma ambiciosa jovem decide recusar uma extensão de prazo de pagamento de hipoteca de uma idosa para impressionar seu chefe, atitude impensada que atrai sérias e inimagináveis consequências.

Logo após o estranho evento, a velha cigana persegue a jovem num estacionamento em uma sequência de luta entre mulheres das mais impressionantes já feitas, encerrada com uma maldição cujo objetivo é arrastar a alma da bancária para o inferno.

Ao perceber a problemática que se vê envolvida Christine precisa decidir até onde está disposta a lutar para tentar se livrar do “encosto” que atraiu para si.

Raimi é um cineasta de estilo próprio que retoma com este filme o início de sua carreira onde se destacava no segmento do horror, Arraste-me para o Inferno tem público cativo e certo que não deve se surpreender com um lenço assassino e uma cabra falante demoníaca.


Pontos Altos: A girlfight no carro de Christine, pouco temor em subverter regras do gênero, sem medo do ridículo, lenço psicopata hahahah

Pontos Baixos: E a bigorna? E a cabra? Lenço psicopata hahahah

Era do Gelo 3 (Ice Age: Dawn of Dinosaurs)

Diretor: Carlos Saldanha

Elenco: Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary, Simon Pegg, Queen Latifah

Gênero: Animação

Ano: 2009







Fenômeno de bilheteria no Brasil e no mundo A Era do Gelo 3 é um subproduto de uma franquia extremamente lucrativa que explora o avanço das animações computadorizadas e do fascínio por animais (pré-históricos) falantes. Seria essa uma definição que abarca a maioria das animações?

É notória a falta de criatividade dos grandes estúdios e em tempos de crise é ainda mais difícil arriscar inovar, afinal fórmulas eficientes já existem e resultados são garantidos.

O brasileiro Carlos Saldanha que co-dirigiu o primeiro filme e assumiu a franquia nos dois últimos entende do riscado, nada escapa do esperado em A Era do Gelo 3, são poucos os momentos de inventividade no roteiro e a sua criatividade só tem espaço em deslumbrantes sequências de beleza plástica inquestionável.

A Era do Gelo 3 acompanha os mesmos personagens de sempre numa aventura que foge dos cenários anteriores. Após um acidente os carismáticos personagens descobrem outro universo abaixo do gelo em que vivem.

É incrível como um cenário tropical ensolarado pode existir debaixo de uma camada de gelo, ou se trata de um universo paralelo?

A busca por lógica pode soar como uma rabugenta implicância com um filme feito para os pequenos. Poderíamos enfatizar o quanto os cenários são extremamente ricos e prova do desenvolvimento fantástico que as animações tem vivido, são cachoeiras, gases, rios de lavas e uma série de possibilidades exploradas com piadas engraçadinhas e um pouco de aventura.

O fato é que as animações não são um gênero exclusivamente infantil e isso só é aqui devidamente explorado com o ímpeto maternal de um bicho preguiça macho que insiste em ser chamado de mamãe e ainda em certo momento diz que a lagarta virou borboleta após sair do armário.

Um dos mais preocupantes sintomas dessa repetição das produções é a utilização dos mesmos dubladores em vários filmes, a identidade vocal forte de alguns deles acaba remetendo a outros filmes de fórmula semelhante e isso apenas confirma o quanto as diversas animações são parecidas entre si.

Algumas destas se tornaram a modernização da chupeta, as cores, as vozes e as histórias pobres de conteúdo dominam as crianças em frente ao televisor enquanto o pai consegue ler seu jornal e a mãe bate uma clara em neve conversando no telefone sem fio.


Pontos Altos: Cena das bolhas

Pontos Baixos: Mais do mesmo

De Volta Para o Futuro 2 (Back To The Future Part II)

Diretor: Robert Zemeckis

Elenco: Michael J. Fox, Christopher Lloyd, Lea Thompson, Thomas F. Wilson, Elisabeth Shue, James Tolkan, Jeffrey Weissman, Casey Siemaszko, Billy Zane

Gênero: Aventura, Ficção Científica

Ano: 1989






O estrondoso sucesso de De Volta para o Futuro criou uma possibilidade até então não vislumbrada, a manufatura de duas sequências feitas de uma vez para lançamento nos cinemas com pouco tempo de intervalo e muitas cifras envolvidas. A segunda parte da trilogia é feliz em muitos aspectos e acrescenta elementos interessantes ao roteiro do original.

A discussão sobre os efeitos perigosos de intervenções no passado permanece na pauta acrescida de um avanço ao futuro com objetivos heróicos que inesperadamente altera de forma trágica todo o passado conhecido de McFly e de seu companheiro Dr Brown.

E este evento que altera o futuro leva nossos heróis mais uma vez a 1955 para tentar consertar o futuro e salvar a si próprios de um destino infeliz.

De Volta Para o Futuro 2 tem todos os ingredientes para um sucesso tão instantâneo quanto um macarrão processado de rápido cozimento, um personagem maluco e brilhante, um herói simpático que atrai identificação popular, um vilão ardiloso e exagerado e muita imaginação.

A visão do futuro de Zemeckis hoje em dia ainda tem alguns acertos e não é de toda ingênua, um risco muito provável para filmes que se passam no futuro e que tendem a parecer extremamente datados com o passar dos anos, a aposta no humor e no número infinito de possibilidades que escolhas podem resultar é empolgante, mas corre o risco de soar repetitiva com o abuso possível do tema.

Apesar dos riscos, o filme de Zemeckis é eficiente do começo ao fim além de despertar muita nostalgia para quem viveu a década de 80.


Pontos Altos: Futuro deturpado, atores muito bem selecionados e já confortáveis em seus papéis

Pontos Baixos: Propaganda da Nike de novo, depois dos créditos tem spoilers demais do terceiro filme