quinta-feira, 26 de março de 2009

Watchmen

Diretor: Zack Snyder

Elenco: Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan, Billy Crudup, Matthew Goode, Carla Gugino

Gênero: Ação

Ano: 2009








As qualidades inegáveis de Watchmen são facilmente ofuscadas por cenas desnecessárias, piadas infames e sequências totalmente dispensáveis e absurdas.

A adaptação da Graphic Novel de Dave Gibbons e Alan Moore definida como infilmável por diversas pessoas é de fato um desafio, Zack Snyder não se intimidou e depois da empreitada de sucesso de 300 resolveu encarar o projeto.

A abertura sensacional que vale muito mais que o próprio filme promete o que ele não consegue cumprir. Ao condensar em 160 minutos uma história que necessitaria de 500 minutos para ser bem contada não é possível fazer justiça a obra original.

Watchmen não é uma história convencional de heróis lutando contra super vilões, há na realidade apenas um personagem dotado de poderes extra-humanos e os outros deveriam ser agentes da lei que aposentaram suas fantasias, o filme, porém não respeita essa característica e todos possuem alguma qualidade humana ampliada. Além disso, toda uma discussão sobre humanidade e suas características que recebe um excelente tratamento na história original, na adaptação mais parece roteiro de desenho animado que um filme.

A Graphic Novel considerada por muitos como a melhor história em quadrinhos já feita é repleta de histórias paralelas que se completam de uma forma impossível de ser transportada ao cinema em um único filme, a opção de focar o roteiro cinematográfico nos heróis é prejudicial apesar de inevitável e o elemento humano presente nas histórias tão importante para trazer identificação ao leitor e sua imersão naquele universo está ausente no filme.

Os heróis vivem no nosso passado e alteram a história como a conhecemos, tal abordagem traria um grande número de situações interessantes, no entanto o visual que beira ao ridículo e situações inverossímeis torna muito difícil levar a sério a trama e se deixar levar por este universo.

Apesar de seus defeitos Watchmen conta com alguns personagens extremamente tridimensionais que adquirem vida própria na tela e proporcionam ótimas cenas e frases de efeitos ótimas. Talvez um spinoff de algum deles renda um filme melhor formatado?

Não é mais uma obra-prima.


Pontos Altos: O Comediante, Rorschach, abertura sensacional, cena do banheiro na prisão

Pontos Baixos: Júpiter mala, Coruja mala, piadas infames, trilha sonora óbvia, festival de clichês cinematográficos

Uma Noite de Amor e Música (Nick and Norah's Infinite Playlist)

Diretor: Peter Sollett

Elenco: Michael Cera, Kat Dennings, Aaron Yoo, Rafi Gavron, Ari Graynor, Alexis Dziena, Jonathan B. Wright

Gênero: Comédia Romântica

Ano: 2008








O maior trunfo de Uma Noite de Amor e Música é nos lembrar como é bom se apaixonar por alguém e como o mundo parece mudar quando isso acontece, especialmente quando somos correspondidos e nada mais parece importar.

Além do romance com seus deliciosos encontros e desencontros Uma Noite de Amor e Música tem personagens cativantes e engraçados que torna a noite que nós acompanhamos uma experiência nostálgica e encantadora, isso pela excelente trilha ou pelo próprio amor adolescente.

Michael Cera é “o cara” dos filmes para jovens, seu personagem é sempre um pouco palerma e um tanto inteligente, há uma repetição sim, mas ela é necessária e se encaixa perfeitamente nos filmes para os quais ele é escalado, pode não ser o melhor para sua carreira, para nós não importa ou você se identifica ou se apaixona pelo seu jeito atrapalhado.

Kat Dennings é mais descolada mesmo e sua beleza tem amadurecido ao longo de sua carreira.

Os coadjuvantes não poderiam ser melhores, Norah e sua amiga bêbada, desgovernada e muito engraçada e Nick e seus amigos músicos e gays mais bem resolvidos, divertidos e doces de todo cinema jovem norte-americano.

A dupla principal forma um casal conectado, cúmplice que nos seduz imprimindo um sorriso na face do espectador por grande parte do filme.

Uma Noite de Amor e Música nos lembra os antigos filmes de adolescentes e até os copia em alguns aspectos, a adição de um toque moderno torna o resultado muito bom e merece uma conferida.


Pontos Altos: Apaixonem-se novamente pós 90 minutos, trilha excelente, humor ótimo sem drogas envolvidas, a dupla não se dopa e você nem sente falta

Pontos Baixos: Precisamos de outro jovem ator antes que Cera fique muito exposto

O Dia em Que a Terra Parou (The Day Earth Stood Still)

Diretor: Scott Derrickson

Elenco: Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, John Cleese, Jaden Smith, Jon Hamm, Aaron Douglas, Alisen Down

Gênero: Ação/Drama

Ano: 2008








Pra reforçar o preconceito geral sobre os remakes Scott Derrickson refaz com algumas adaptações o clássico de 1951 utilizando uma roupagem insossa que apela para os efeitos especiais e esquece todos os outros detalhes interessantes.

Os humanos são uma ameaça ao ecossistema terrestre e o extraterrestre Klaatu aterrisa em nosso planeta em busca de diálogo com nossos líderes. Os militares e governantes estadunidenses como todos sabem não são muito adeptos de tal prática e abrem fogo contra o visitante.

Obviamente a vida de nossa raça está em risco e nossos colegas do continente do norte (sempre eles) são os primeiros a tomarem decisões (erradas). A jovem cientista Helen ao contrário de seus conterrâneos tem uma visão menos obscura do que está acontecendo e tenta conversar e convencer o alienígena a poupar nossa raça.

O Dia Em Que a Terra Parou carece de substância, apesar de ter vários elementos que se bem explorados tornariam o filme um entretenimento no mínimo razoável a direção de Scott Derrickson não convence, não há salvação nem nas atuações dos atores muito menos no roteiro.

Previsibilidade total com efeitos especiais grandiosos.

Só vale pra testar a potência de suas caixas de som.


Pontos Altos: Efeitos visuais e sonoros

Pontos Baixos: Todo o resto, Keanu Reeves sempre com a mesma cara de dor de barriga

quinta-feira, 19 de março de 2009

O Casamento de Rachel (Rachel Getting Married)

Diretor: Jonathan Demme

Elenco: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Mather Zickel, Bill Irwin, Anna Deavere Smith, Anisa George, Tunde Adebimpe, Debra Winger, Jerome LePage, Beau Sia

Gênero: Drama

Ano: 2008







Anne Hathaway é Kym, uma dependente química em recuperação que recebe uma folga de um final de semana para comparecer ao casamento de sua irmã mais velha Rachel.

O aparente simples roteiro parte deste fato para destrinchar as complexidades de uma relação familiar comum marcada por uma grande tragédia do passado.

Kym é uma bomba-relógio ou uma arma biológica. No passado a desde adolescente viciada foi responsável por um evento que marcou profundamente a todos e principalmente a si mesma. Aos pedaços e sem forças para se recuperar a jovem vive em clínicas de reabilitação e carrega consigo as dores e as mágoas de toda sua família.

Na preparação e no casamento mais diversificado, intenso e musical que você já viu as dores que estavam esquecidas ressurgem na figura e na voz de Kym.

Não se pode dizer que ela seja mal ou bem intencionada, da mesma forma que seus familiares Kym se ressente e ao contrário deles prefere falar e expor livremente o que pensa (talvez um hábito de seu tratamento e suas dinâmicas de grupo).

O sarcasmo e carência de Kym são tolerados pelo amor de seu pai e odiados pela sua irmã que com razão gostaria que aquele final de semana fosse seu e de mais ninguém. O ódio não é profundo e Rachel procura incessantemente na irmã qualidades e recuperação.

Jonathan Demme foi aclamado por Silêncio dos Inocentes e em O Casamento de Rachel mostra que não foi apenas sorte e é sim um excelente diretor. Através de Kym o roteiro de Jenny Lumet demonstra a natureza das relações familiares, ressentimentos, amor, compreensão e desespero. Sentimentos inescapáveis que se alternam e definem a importância e a natureza da família.


Pontos Altos: Anne Hathaway oficialmente é uma boa atriz, retorno de Jonathan Demme, trilha sonora fantástica, relação interracial natural e sem crise

Pontos Baixos: Medo de Kym aparecer na SUA família

Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa)

Diretor: Eric Darnell, Tom McGrath

Elenco: Ben Stiller, Sacha Baron Cohen, Jada Pinkett Smith, David Schwimmer, Chris Rock, Cedric the Entertainer, Bernie Mac, Will.i.am

Gênero: Animação

Ano: 2008








Mais pop impossível. Referências a filmes consagrados, tecnologias avançadas e modos de vida de metrópoles, Madagascar é uma (bri)colagem de tantos elementos sem a mínima intenção de dar lições de moral aos pequenos.

Tudo é desculpa para a comédia, dos efeitos visuais às piadas rápidas e inteligentes não esquecendo claro dos números musicais que tanto sucesso fizeram em Madagascar de 2005.

Este Madagascar é a sequência imediata e exatamente por isso não perde tempo com apresentações dando espaço para o desenvolvimento de todos os personagens até mesmo tirando notavelmente o foco dos principais.

Com personagens secundários talvez até mais interessantes e cativantes por diversos motivos a sequência consegue superar com facilidade o original agradando as crianças e a maior parte dos adultos sejam eles pais ou não.

Respeitar a diversidade parece ser a única tecla que permanece apertada durante o longa, de maneira suave ou mais explícita o recado é dado diversas vezes e os pequenos devem recepcionar a mensagem com um sorriso no rosto.

Imperdível pra quem gosta de humor ou animação, Madagascar 2 tem cenas grandiosas e piadas extraordinárias.


Pontos Altos: A zebra sempre a mais engraçada, o alucinado Rei Julien, qualidade técnica, sem lições de moral, trilha do Will.i.am

Pontos Baixos: Que tipo de mapa e bússola usaram?, não há um humano da própria África no filme, por que será?

Lemon Tree (Etz Limon)

Diretor: Eran Riklis

Elenco: Hiam Abbass, Doron Tavory, Ali Suliman, Rona Lipaz-Michael, Tarik Kopty, Amos Lavi

Gênero: Drama

Ano: 2008








O conflito entre palestinos e israelenses que beira a gratuidade em Lemon Tree é representado pela disputa judicial iniciada pela mudança do Ministro da Defesa de Israel para uma casa situada ao lado de uma plantação de limões de meio século de uma mulher palestina.

De acordo com protocolos de segurança do serviço secreto, o sustento e porque não as memórias e vida daquela mulher representam uma brecha na segurança do ministro comprometendo a sua vida e de sua esposa ao possibilitar a infiltração sorrateira de terroristas no local.

Salma Zidane não entende e não pretende compreender a necessidade militar e resolve lutar pelas suas árvores, o combate entre as partes cresce a cada momento e atrai uma grande e internacional publicidade sobre o caso que beira a uma crise diplomática.

Lemon Tree através de uma adaptação de um caso real demonstra como se inicia um conflito e de que forma as partes envolvidas sentem suas contradições e defendem seus interesses. Toda disputa é feita através de terceiros e em nenhum momento o diálogo entre as partes é feito, os pressupostos são assumidos e a partir disso muito do que não é dito pode se tornar oficial.

Com a chegada do conflito na Suprema Corte, órgão que pode ser comparado a outros organismos de mediação a decisão final é tomada e afeta a todos de forma contundente.

Eran Riklis exercita um belo e sóbrio trabalho de direção que funciona como uma observação a distância do conflito próximo, torna-se claro que a questão é muito mais complexa e sua resolução não parece possível ou favorável a nenhuma das partes.

Agradeça seu Estado Laico.


Pontos Altos: Fotografia, sensibilidade da abordagem

Pontos Baixos: Romance desnecessário

quinta-feira, 12 de março de 2009

Milk - A Voz da Igualdade (Milk)

Diretor: Gus Van Sant

Elenco: Sean Penn, Josh Brolin, Emile Hirsch, James Franco, Diego Luna, Brandon Boyce, Kelvin Yu, Lucas Grabeel, Alison Pill, Victor Garber

Gênero: Drama

Ano: 2008







“Eu não chego aos 50 anos”. A frase dita por Harvey Milk define a consciência da fragilidade da vida do importante ativista político do movimento gay americano dos anos 70.

Harvey Milk era um homem com grande visão e muita perspicácia, não era um indivíduo extraordinário, mas a sua vida dentro do armário até os 39 anos começou a mudar quando aos 40 ele resolve lutar por alguns poucos direitos dos homossexuais. Na época havia grande repressão e era muito difícil ter liberdade em qualquer espaço público quanto mais algum tipo de direito civil.

O cenário era dos piores, mas aos poucos, com muita persistência Harvey e seu namorado Scott conseguem cooptar politicamente outros gays, o que fortaleceu sua luta e culminou na eleição de Harvey para um importante cargo de São Francisco, lugar que até hoje colhe os frutos da luta incansável de pessoas como Harvey.

Gus Von Sant inesperadamente não opta por grandes inovações e planos de câmera diferenciados, o principal aqui é contar uma história e dizer que os poucos direitos conquistados pelas “minorias” não vieram e nunca virão sem luta, sangue e muito sofrimento.

Apesar das dificuldades a persistência é o ponto definidor dos momentos gloriosos de conquista de justiça, infelizmente temos na atualidade pouco ativismo político o que denota uma ausência de figuras corajosas e carismáticas que consigam atrair atenção para a luta dos direitos civis.

A escolha de elenco de Milk é essencial na construção do filme, Sean Penn é extraordinário e mimetiza todos os movimentos de Harvey de forma natural e empática, seu maior parceiro de vida Scott é interpretado por um James Franco absolutamente carismático e encantador.

Gus Von Sant decepciona um pouco na forma para dar ênfase ao conteúdo, uma opção questionável por alguns, mas absolutamente adequada que dá o destaque ao que deve ser contado de fato.


Pontos Altos: Sean Penn que já deve ter saído das gravações com o Oscar em punho, cinebiografia bem realizada, beleza das cenas finais, cena do apito que lembra o velho Gus Von Sant, Emile Hirsch excelente em sua afetação, James Franco como um ator de verdade

Pontos Baixos: Com vinte minutos a menos a história seria mais dinâmica

Rede de Mentiras (Body of Lies)

Diretor: Ridley Scott

Elenco: Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, Mark Strong, Vince Colosimo, Carice van Houten, Ali Suliman, Ben Youcef, Michael Gaston

Gênero: Ação/Drama

Ano: 2008








Não há nenhuma novidade na abordagem sobre a ação americana no Oriente Médio em Rede de Mentiras: agentes infiltrados que plantam provas pra alcançar seus objetivos, agências de segurança que não sabem exatamente com o que estão lidando, explosões, tiroteios, tortura, mal entendidos e um pouco de romance impossível pra arrematar a fórmula.

Ridley Scott é um diretor competente e isso não se discute, porém este último filme abusa das redes, informações, personagens, alianças e traições. Tudo isso poderia ser traduzido em ação frenética e um roteiro dinâmico, mas aos poucos a ação de Rede de Mentiras e todo seu intrincado roteiro se tornam enfadonhos proporcionando deliciosos cochilos, ao despertar você notará que nada mudou e irá continuar assistindo.

Recuperado de seu sono induzido é possível apreciar a interpretação de uma visão crítica de um agente da CIA que nos é oferecida por Russel Crowe, um homem de palavras, arrogância e soluções precipitadas que insiste em colocar seu agente de campo nas piores situações.

Do outro lado Leonardo DiCaprio repete a fórmula Bourne de ação ao dar vida a um anti-herói que aparentemente sabe com que está lidando e não subestima seu inimigo, fora sua metodologia duvidosa ele acredita no seu trabalho e tem um bom coração.

Rede de Mentiras é mais um filme da extensa lista cinematográfica de críticas a ocupação, invasão e destruição do Iraque apesar de se passar na Jordânia, a indiscutível péssima idéia americana se não trouxe vantagens para ninguém pelo menos rendeu muito ao cinema.

Preparado para mais um filme desses?


Pontos Altos: Russel Crowe, cenas de imagens de satélite bem interessantes

Pontos Baixos: Duas horas que parecem três, tema saturado

Um Louco Apaixonado (How to Lose Friends & Alienate People)

Diretor: Robert Weide

Elenco: Simon Pegg, Kirsten Dunst, Danny Huston, Gillian Anderson, Megan Fox, Jeff Bridges

Gênero: Comédia

Ano: 2008








Um Louco Apaixonado tem roteiro baseado no livro de Toby Young, um jornalista que se dedicava ao controverso jornalismo de sátira, categoria que temos hoje em dia no Brasil com o Pânico e o CQC. Achincalhar celebridades é a onda da vez.

Teoricamente o filme se pretende mais profundo na crítica ao encenar como funciona o jogo de favores entre o jornalismo sobre entretenimento e a produção final do mesmo. Sidney White interpretado por Simon Pegg é um profissional da sátira que é convidado surpreendentemente a trabalhar num dos veículos que criticava em sua amadora e ácida revista.

Sidney aceita, mas internamente em conflito acaba por se comportar de forma absurda e inadequada em grande parte do tempo. Depois “entra no esquema” e desta forma poder fazer parte do mundo das celebridades que lhe causa simultaneamente asco e fascínio.

O filme de Robert Weide conta com a presença de Jeff Bridges e Gillian Anderson que ao entrarem em cena permitem nos fazer refletir sobre como e de que forma as pessoas se tornam notícia, infelizmente a direção de atuação do protagonista não tem a mesma sorte e o que temos é um homem de meia idade, perdido e patético.

A idéia central do filme é extremamente relevante e interessante, mas o tom encontrado para a abordagem é exagerado e a comédia se perde entre um romance adocicado aqui e uma piada previsível ali.


Pontos Altos: Gillian Anderson fabulosa, Jeff Bridges

Pontos Baixos: Tom cômico acima do necessário

quinta-feira, 5 de março de 2009

Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire)

Diretor: Danny Boyle, Loveleen Tandan

Elenco: Dev Patel, Anil Kapoor, Saurabh Shukla, Raj Zutshi, Jeneva Talwar, Freida Pinto, Irfan Khan, Azharuddin Mohammed Ismail, Ayush Mahesh Khedekar

Gênero: Drama/Aventura

Ano: 2008







Danny Boyle é um excelente e audacioso diretor, sempre há uma expectativa em relação aos seus lançamentos e não houve decepção no premiado Slumdog Millionaire.

Slumdog traduzido para o bom português significa favelado. Aqui se trata da história do jovem indiano que se encontra prestes a vencer o programa indiano Quem quer ser um milionário, algo tão surpreendente que se torna suspeito. Sem estudos e muito pobre o jovem é levado antes da resposta milionária ao departamento de polícia para explicar como sabe as respostas afinal ele não tem o preparo para tanto.

E aos poucos Jamal conta toda sua trágica história e as muitas razões pelas quais sabe todas aquelas respostas tão diversas e complexas.

Mumbai é o cenário do drama dirigido por Danny Boyle, a história do garoto não tem detalhes leves, mas o peso de todo drama é apresentado de uma forma extremamente interessante e cativante. É impossível não amar Jamal e torcer pela sua pueril paixão pela igualmente desfavorecida Latika.

Danny Boyle conduz seus filmes em três pilares: atores talentosos, trilha poderosa e tomadas de câmera nada convencionais.

Slumdog Millionaire segue o mesmo padrão e ainda absorve Bollywood nesse ínterim.

Uma mistura de drama, suspense e romance com uma estética diferenciada sem rostinhos ocidentais conhecidos.

Com um desfecho eletrizante tão anunciado e esperado não visto há tempos no cinema internacional, Slumdog é um filme absolutamente imperdível e por mais incrível que possa parecer baseia-se numa história real.

E por último e não menos importante, nos créditos finais há uma homenagem a Bollywood com um divertido musical numa estação de trem.


Pontos Altos: O mergulho na fossa, interpretações, direção, trilha, roteiro original

Pontos Baixos: O fim de Salim

Linha de Passe

Diretores: Walter Salles, Daniela Thomas

Elenco: Vinícius de Oliveira, Ana Carolina Dias, José Geraldo Rodrigues, Kaique de Jesus Santos, João Baldasserini

Gênero: Drama

Ano: 2008








Uma pia de cozinha entupida é uma imagem recorrente em Linha de Passe, alegoria que representa como a família de Cleuza tenta sem sucesso sair da situação “emperrada” que vive na periferia paulistana. Aparentemente ninguém consegue desentupir a tal pia e muito menos sair da precária condição de vida que levam.

Ao se deparar com uma escolha na maioria das vezes mesmo bem intencionada os quatro membros terminam optando cedo ou tarde pela pior ou a mais problemática.

Cleuza tem 42 anos, quatro filhos de pais diferentes (e ausentes) e está grávida do quinto, sua grande alegria é assistir aos jogos do Corinthians e tomar umas cervejas e fumar seu cigarro e assim tentar fugir da realidade (por alguns minutos).

A mãe e seus filhos representam bem o Brasil popular, o mais novo busca encontrar o desconhecido pai que é motorista de ônibus e pra isso vive a percorrer linhas diferentes, o seguinte quer ser jogador de futebol e apesar de seu talento é considerado velho demais para iniciar a carreira, o evangélico busca na fé em Deus o perdão pelos seus problemas do passado enquanto o mais velho é motoboy e não consegue ganhar dinheiro suficiente para ajudar sua família ou pagar a pensão do seu pequeno filho.

Walter Salles e Daniela Thomas traçam um retrato sem dualismo entre ricos e pobres e suas características estereotipadas intrínsecas, é possível se afeiçoar a alguns deles sem sentir que são vítimas de algum tipo de injustiça. A vida é assim mesmo e eles vivem tentando fazer a coisa certa ou fugindo da realidade através de sonhos, sexo, crime ou drogas.

Apesar das qualidades narrativas e da construção bem realizada dos personagens Linha de Passe se rende a um pessimismo exacerbado, se a família representa o Brasil é de se esperar que alguém mesmo que não seja bem sucedido que pelo menos não seja vítima das próprias escolhas e se aprofunde mais na precariedade.

Talvez seja isso mesmo e nada esteja tão ruim que não possa piorar um pouco mais. É, no entanto, doloroso ver este retrato fiel de uma realidade que preferimos não imaginar.

Enquanto o pobre assiste os conflitos dos ricos nas novelas, a nós cabe ver a realidade dura do pobre no cinema (desta vez em São Paulo).


Pontos Altos: O pequeno e destemido Reginaldo e todas suas falas, trilha sonora

Pontos Baixos: Pessimismo dói