quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Amor Sem Escalas (Up In The Air)

Diretor: Jason Reitman

Elenco: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman, Tamala Jones, Chris Lowell

Gênero: Drama/Comédia

Ano: 2009




Amor Sem Escalas é um título infame que traz à memória uma série de comédias românticas de pouca qualidade, felizmente a tradução preguiçosa não corresponde ao produto final do mais recente trabalho de Jason Reitman, diretor que chamou atenção de muita gente há pouco tempo atrás com o indie/pop Juno.
O filme não poderia ser mais contemporâneo, Ryan é um funcionário de uma empresa especializada em realizar cortes de pessoal, longe de ser uma auditoria imparcial que otimiza estruturas e processos o serviço dá conta de transformar no mais impessoal e sanitizado o processo de demissão.
Como ser demitido por alguém que não te conhece e tentar contra argumentar?
O trabalho de Ryan à primeira vista parece ser frio como o ofício de um executor ou cirurgião, a sistematização e a rotina ensaiada se estende a sua vida pessoal o que significa em última análise a ausência de laços de afeto e amarras sociais.
A crítica social em certo momento dá espaço para a comédia romântica e Amor Sem Escalas ganha muito em sua dramaturgia, o conteúdo conhecido em embalagem modernizada é bem conduzido pelo diretor que obtém de George Clooney sua melhor performance e de Vera Farmiga toda sua beleza magnética e talento.
A transformação do protagonista obviamente é esperada, mas ocorre de forma suave e sensível.
As comédias românticas tem se transformado ao longo dos tempos, protagonistas masculinos com características tipicamente femininas tem se debatido no universo masculino que antes parecia tão confortável.
Ponto pra Jason.

Pontos Altos: Edição, romance remixado para um novo tempo, filme bem situado em sua época
Pontos Baixos: Anna Kendrick

Sunshine Cleaning

Diretor: Christine Jeffs
Elenco: Amy Adams, Emily Blunt, Alan Arkin, Steve Zahn, Mary Lynn Rajskub, Clifton Collins Jr., and Jason Spevack
Gênero: Drama/Comédia
Ano: 2009




Amy Adams e Emily Blunt são duas das melhores atrizes de sua geração, além do talento é inegável a semelhança no biotipo, o que permitiu em Sunshine Cleaning uma relação entre irmãs muito mais verossímil, inclusive no conflito necessário para a formação do laço fraterno.
Rose e Norah poderiam ter um futuro melhor como suas colegas de colégio, as circunstâncias, no entanto, as levaram à margem da sociedade e do futuro brilhante e fantástico que algumas de suas amigas propagandeiam ou realmente tem.
Sem um casamento ou um emprego decente, a mãe solteira Rose ansiosa para dar uma boa vida ao filho tenta a sorte num ramo de trabalho pouco explorado e convida sua irmã para auxiliá-la: a limpeza de cenas de crimes.
O trabalho sujo e pouco valorizado lhes proporciona vislumbrar melhores condições de vida. Em meio a corpos pútridos, fluidos, sangue e outros dejetos a antiga líder de torcida Rose parece ter encontrado uma tarefa que é capaz de realizar à sua maneira e adequada as necessidades dos seus clientes.
A comédia indie de humor negro, não tem a luminosidade de Pequena Miss Sunshine com quem guarda outras diversas semelhanças, contudo, o filme é capaz de deixar aquela sensação boa de que tudo pode dar certo ao final e que há espaço para diversidade e personalidade na luta pela felicidade.
Adams e Blunt são atrizes que devem ser acompanhadas. Chance única de encontrá-las num mesmo título.

Pontos Altos: Feel good movie, Blunt & Adams boas de comédia e drama
Pontos Baixos: Nada que valha a pena ser mencionado

Contador de Histórias

Diretor: Luiz Villaça
Elenco: Maria de Medeiros, Marco Ribeiro, Paulo Henrique Mendes, Cleiton Santos, Malu Galli, Ju Colombo, Daniel Henrique da Silva
Gênero: Drama
Ano: 2009




Roberto Carlos Ramos é um dos dez maiores contadores de histórias do mundo, esqueça a surpresa de saber que existe tal ranking, O Contado de Histórias narra a interessante história de vida de Roberto.
A infância pobre, os abusos sofridos na recém criada Febem de Belo Horizonte, a vida nas ruas, o feliz momento em que cai nas graças de uma pedagoga francesa e brevemente sua vida adulta.
Roberto nunca teve uma vida fácil, sabendo do próprio problema o garoto sempre utilizou sua imaginação para embarcar num colorido escapismo, seu olhar especial sobre a realidade proporciona um toque mágico a cinebiografia do ex menino de rua.
Luiz Villaça cria um conto de fadas tupiniquim que é um
pout pourri de Oliver Twist, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e porquê não da própria Cinderela.
Apesar da história ter muitos momentos de violência (inclusive sexual), drogas e todos os piores problemas agravados pela pobreza o retrato de Roberto não é melodramático, é sim levemente crítico e pode gerar alguma reflexão.
Acima de tudo, O Contador de Histórias apresenta uma personalidade brasileira recebendo uma mais do que devida homenagem à sua contribuição na sociedade. Infelizmente o cinema não tem o mesmo destaque da televisão, mas quem sabe um dia o filme não chega lá?

Pontos Altos
: Toques de magia na pobreza, tudo tem conserto
Pontos Baixos: Perceber a transformação da Febem

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Lunar (Moon)

Diretor: Duncan Jones
Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey, Dominique McElligott, Rosie Shaw, Kaya Scodelario, Benedict Wong
Gênero: Ficção Científica
Ano: 2009



Numa época que ficção científica é sinônimo de CGI (computer generated images) e edição rápida e picotada, Moon a estreia do rebento de David Bowie na direção de um longa metragem é um alívio com tons nostálgicos.

Inspirado na ficção científica de filmes como Solaris e 200, Moon é um drama futurista no espaço.

Sam Bell é um astronauta designado a cumprir uma missão de 3 anos no lado escuro da Lua onde há exploração da energia do futuro o Hélio-3, prestes a alcançar o prazo de encerramento do seu contrato o solitário trabalhador que só tem como companhia um computador dotado de inteligência artificial começa a ter alucinações que culminam num acidente numa escavadeira.

Enquanto se recupera Sam descobre que não está mais sozinho na aeronave e uma jornada reveladora se inicia.

Duncan Jones utiliza poucos recursos com muita sabedoria, Moon é mais do que uma simples ficção científica, há drama, mistério, humor e crítica social.

Comovente e inteligente Moon enche de expectativas os próximos movimentos de Duncan Jones.


Pontos Altos: Walking on Sunshine, Sam Rockwell detonando, alguns efeitos especiais feitos com miniaturas

Pontos Baixos: Quem era aquela morena que apareceu e sumiu?

O Dragão Vermelho (Manhunter)

Diretor: Michael Mann
Elenco: William L. Petersen, Kim Greist, Joan Allen, Brian Cox, Dennis Farina, Stephen Lang, Tom Noonan
Gênero: Suspense
Ano: 1986



Thomas Harris criou um dos vilões mais importantes do cinema, o enigmático, brilhante e ultra perigoso Dr Hannibal Lecter, talvez o mais famoso psicopata da história do cinema, com presença mais marcante no premiado Silêncio dos Inocentes (1991) dirigido por Jonathan Demme e estrelado por Jodie Foster e Anthony Hopkins.

Hannibal teve outras aparições no cinema sem o mesmo sucesso e muitas de gosto duvidoso, a segunda melhor delas foi a de Dragão Vermelho dirigido por Bret Rattner (2002), porém este mesmo filme já havia sido rodado antes por Michael Mann em 1986, ou seja, antes do sucesso estrondoso de Silêncio dos Inocentes. Mann não teve muito sucesso nas bilheterias então ele e seu produtor resolveram não adaptar outros livros da série de Harris.

Em Manhunter o foco principal está no investigador Will Graham, um agente do FBI responsável pela captura do perigoso Lecter através de métodos muito próprios e não ortodoxos, ele consegue pensar como os criminosos que procura. Esse entendimento e a imersão na mente distorcida dos serial killers lhe permite suposições e intuições muito importantes nos casos em que se envolve lhe causando um grande incômodo psicológico como efeito colateral.

Michael Mann encena o suspense com uma dose certa de tensão, mas sem alguns detalhes mais assustadores que foram melhor abordados em Dragão Vermelho, em nenhum momento vemos as tatuagens do psicopata da “Fada dos Dentes” e não há tanta violência. Essas tatuagens eram essenciais!

Manhunter explora o terror psicológico e a tensão através da antecipação, o espectador está sempre esperando que algo aconteça.

Michael Mann aproxima sua visão do livro de Harris a um retrato menos idealizado e mais verossímil de um psicopata, as comparações com a adaptação mais recente não possibilitam a escolha por um ou pelo outro, há uma diferença importante de abordagem e execução.

Para os fãs de Silêncio dos Inocentes, Manhunter merece ser conferido. Michael Mann sabe o que está fazendo.


Pontos Altos: O jornalista sendo pego, o confronto final, interpretação acima da média de William L. Petersen

Pontos Baixos: Esse Hannibal não chega aos pés da versão de Silêncio dos Inocentes

Por Amor (Personnal Effects)

Diretor: David Hollander
Elenco: Ashton Kutcher, Michelle Pfeiffer, Kathy Bates, Spencer Hudson
Gênero: Drama
Ano: 2009




É ponto pacífico que 21 Gramas é definitivamente superior ao falar sobre as consequências das trágicas perdas pessoais, Por Amor segue a mesma tendência em investigar as carências e necessidades de pessoas traumatizadas e a relação fruto de uma vida destroçada..

Kutcher interpreta Walter, um rapaz que retorna a cidade natal após a morte violenta de sua irmã, abandonando a faculdade e trabalhando em bicos é forçado a comparecer a terapias de grupo com sua mãe, onde acaba conhecendo a também sofredora Linda vivida por Pfeiffer.

A pequena cidade onde se passa o filme jamais poderia ser chamada de paraíso, ao contrário é possível perceber que a leveza nunca esteve ali por muito tempo, as cores azuladas, as pessoas infelizes e a percepção de que nada de muito importante acontece apenas intensifica o complicado e mal digerido luto.

Por Amor é uma das primeiras tentativas sérias de Ashton Kutcher em um papel dramático, talvez aconselhado por agentes que o ensinaram que o terreno das comédias não é para todos por muito tempo, o fato é que o rapaz senão possui um talento extraordinário pelo menos tem uma interpretação correta, conseguindo imprimir personalidade ao seu introspectivo Walter.

Michele Pfeiffer já provou seu talento diversas vezes e poderia se beneficiar de alguns quilos extras, mas a beleza madura da loira ainda é atraente aos nossos olhos.

Por Amor é um drama trágico com uma dose correta de sobriedade. Não dói assistir.


Pontos Altos: Fotografia, esforço do Ashton, pouco esforço de Kathy Bates como sua mãe

Pontos Baixos: Fantasia de Galinha pra quê?

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Melhores e Piores 2009

Demorou, mas o Filme Bom Filme Ruim vai divulgar a lista dos melhores e piores filmes postados em 2009. Quem quiser ler sobre os selecionados é só utilizar o menu Busca.

Piores

Gomorra
Watchmen
The Spirit - o filme
Última parada 174
Crepúsculo
Se eu fosse você 2
X-Men Origens: Wolverine
Exterminador do futuro 3 e 4
De Volta para o Futuro 3
Um copo de cólera
Duplicidade
Presságio
O Som do Coração
Anticristo
Gi Joe - A Origem do Cobra
O Sequestro do Metrô
Do Começo Ao Fim
Garota Infernal
This is it - Michael Jackson
Os Substitutos
Anjos e Demônios

Melhores

Se Beber Não Case
Ligações Perigosas
Bastardos Inglórios
500 Dias com Ela
Crepúsculo dos Deus
A Órfã
Distrito 9
De volta para o Futuro 1 e 2
Blade Runner (director's cut)
Brüno
Cova Rasa
Casablanca
Deixe Ela Entrar
2001 Uma Odisseia no Espaço
The Cake Eaters
Entre os Muros da Escola
Romance
Rede de Intrigas
Exterminador do Futuro 1 e 2
Coraline
O Homem Elefante
Rumba
Fargo
A Onda
A Malvada
Gêmeos Mórbida Semelhança
Valsa com Bashir
Quem quer ser um Milionário?
Dúvida
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho
Vicky cristina barcelona
Caiu do Céu

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Julie & Julia

Diretor: Nora Ephron
Elenco: Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci, Chris Messina, Linda Emond
Gênero: Comédia/Drama
Ano: 2009




Julia Child é para culinária americana o que Ofélia foi há anos atrás, conhecida e admirada a mulher de altura elevada e trejeitos afetados mudou a história da cozinha ao invadir o espaço dominado por homens, com muita simpatia a bonachona Child encontrou a vocação junto aos instrumentos de cozinha e os resultados surpreendentes da combinação de ingredientes, temperos e manteiga.
Anos depois a jovem Julie, decide utilizar suas habilidades jornalísticas e sua perseverança prática para através de um blog narrar a aventura de realizar uma série de receitas do livro publicado por Julia Child.
As mulheres de Julie & Julia encontram num dos cômodos mais importantes da casa de um ser humano uma passagem para uma existência diferenciada onde a realidade pode ser mudada através da criatividade e do esforço e porque não pelo talento e esmero.
Julie & Julia infelizmente é mais sobre Julie e a admiração que sente pelo que acredita ser um modelo de mulher e ser humano, Julia Child interpretada graciosamente pela fantástica Meryl Streep não tem o espaço devido, ou se tem ele parece pouco haja visto seu talento e o magnetismo que a atriz possui.
Como comédia dramática, o filme é leve e facilmente digerível. Consequência prevista ou não, a profundidade dos conflitos internos dos personagens parece mais leve do que o esperado.
Não vale o Oscar, mas não é um desperdício de tempo. Meryl Streep está aqui mais do que confortável.

Pontos Altos: Meryl Streep, leveza

Pontos Baixos: Relacionamento de Child e o marido podia ser mais desenvolvido, Julie é uma tola

Tá Chovendo Hamburguer (Cloudy With a Chance of Meatballs)

Diretor: Chris Miller/Phil Lord
Elenco: Bill Hader, Anna Faris, James Caan, Bruce Campbell, Andy Samberg, Mr. T, Tracy Morgan
Gênero: Animação
Ano: 2009




Talvez ainda chegue um ano que as animações não sejam mais consideradas como um gênero em si e se transformem num outro modo de fazer cinema onde o roteiro possa definir que tipo de filme estamos assistindo. Muitos filmes já são feitos nessa onda, mas o rótulo ainda persiste.
Tá Chovendo Hamburguer é uma animação feita para crianças, porém sua execução dificilmente seria feita com qualidade com a presença de atores reais e a interação com imagens geradas por computador.
Uma pequena ilha que fundamenta toda sua economia na exploração e comércio do peixe sardinha é abalada quando a iguaria é considerada “nojenta” e deixa de ser consumida e portanto exportada.
O colapso da economia é algo já vivenciado por diversas comunidades que vivem sob a égide da monocultura, o problema grave é visto como uma oportunidade para que o protagonista Flint, um incompreendido gênio de invenções pouco populares e úteis se inspire para buscar uma solução que lhe dê prestígio e o torne um herói local.
Uma engenhoca sua finalmente começa a funcionar e ele consegue então transformar simples moléculas de água em qualquer tipo de comida. O sucesso do invento o incentiva a torná-lo mais conhecido e por fim fazer com que o aparato em contato com nuvens faça chover comida em sua cidade.
Como estamos tratando de uma animação infantil o que parece ser ótima ideia logo se torna uma dor de cabeça e a oportunidade para que o afobado herói de fato salve a população da destruição iminente.
Muitos valores são explorados no filme que discute de certa forma a obesidade, o aquecimento global, o respeito à diversidade e a responsabilidade social como um todo.
Com qualidade técnica indiscutível e roteiro mediano Tá Chovendo Hamburguer cumpre seu papel (ainda mais quando visto em 3D) e pode entreter as crianças por uma boa sequencia de
repeats do seu aparelho de dvd.

Pontos Altos: Ensina a moderação, colorido e divertido

Pontos Baixos: Previsível e pouco criativo

O Veredito (The Verdict)

Direção: Sidney Lumet
Elenco: Paul Newman, Charlotte Rampling , Jack Warden, James Mason , Milo O'Shea, Lindsay Crouse
Gênero: Drama
Ano: 1982




Há uma simplicidade arrebatadora na batalha judicial de O Veredito representada pelo renascimento de um advogado solitário, fracassado e desacreditado através do envolvimento em uma causa aparentemente perdida.
O advogado de O Veredito é um anti herói em essência, há um charme em seu comportamento desvirtuoso e na retomada de seus valores éticos há muito tempo perdidos em balcões de bares, Newman interpreta sem exageros a epopéia solitária pela justiça, uma representação externa da luta pessoal do personagem para reencontrar-se, obstáculo tão difícil quanto convencer aos outros da possibilidade real em se vencer a causa pela qual luta.
Dia a dia o advogado tateia cegamente soluções contra um universo que parece engoli-lo com uma eficiência cruel. Enquanto todas as forças parecem envidar esforços contra sua luta, a única alternativa de redenção é representada pelo possível convencimento num júri manipulado a todo instante, uma alegoria da própria composição da sociedade.
Sidney Lumet utiliza um elenco maduro na representação do ressurgimento do herói em ruínas, vista também como uma luta da própria condição humana em se reconstruir após uma sucessão de derrotas que abatem o caráter do indivíduo comum e o entregam a uma existência à margem.


Pontos Altos: Newman +Lumet
Pontos Baixos: Longo como um processo judicial brasileiro

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Avatar

Diretor: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi, Joel David Moore, CCH Pounder, Peter Mensah
Gênero: Fantasia/Aventura
Ano: 2009



James Cameron guardava o projeto Avatar em sua gaveta há um bom tempo, e demorou muito para que acreditassem em seu potencial lucrativo, além do óbvio alto investimento necessário para execução de seu capricho mais dispendioso.

A história de Avatar é um tanto quanto simples, básica, fraca, óbvia com todos os clichês possíveis e imagináveis, inclusive a premissa de que é necessário viajar muito para conseguir fontes alternativas de energia é algo que vai contra todas as pesquisas atuais preocupadas com este tema.

Enfim, o governo americano precisa no século 22 explorar um local habitado por humanóides azuis os Na'vi para obter uma maravilhosa nova fonte de energia, a atmosfera tóxica do local os impede de ocupar tudo sem máscaras então a solução é a criação em laboratório de seres híbridos das duas raças para explorar Pandora sem alarde, os tais avatares podem ser controlados por humanos e o resto já é possível de se imaginar.

Matrix/Senhor dos Anéis encontra Pocahontas define muito bem o resumo da história de amor. Os Smurfs são o arremate e dão o tom da embalagem.

Sem perder tempo com mais detalhes da sinopse que os interessados no filme já estão carecas de saber é interessante nos deter no que Cameron propunha ao criar o universo azul dos Avatar.

A campanha de marketing dizia que haveria um mundo antes e outro pós Avatar, a utilização sem precedentes do 3D e os avanços evidentes das imagens geradas por computadores e suas expressões humanas redefiniriam o futuro do cinema e trariam nova esperança para a indústria que range os dentes para pirataria e para o mercado perdido para os DVDs.

Sem dúvidas o 3D já avançou muito, o que não é surpresa, afinal sua trajetória não é recente apesar de ter sido esquecido por um grande período, ele já foi a “resposta ao VHS” há algumas décadas e nesta época não fascinou tanto os espectadores.

Os óculos mudaram, os efeitos especiais evoluíram, mas o 3D ainda não avançou o suficiente para declarar vitória na guerra contra as outras opções existentes. A profundidade das imagens ainda não permite a vivacidade das cores das animações contemporâneas, o que parece um retrocesso para os mais criteriosos.

O fato é que Cameron se não agradou totalmente no 3D teve retorno no resultado belíssimo na criação de um complexo universo alternativo com fauna/flora e muito misticismo.

Em tempos de remakes, adaptações de desenhos animados, brinquedos, livros, jogos de videogame tomam conta das salas de cinema, a ideia de Cameron parece um refresco criativo e tem tudo pra arrebatar multidões e nos introduzir em novos universos.


Pontos Altos: CGI de qualidade, Sam Worthington ocupando o espaço que lhe é devido em Hollywood

Pontos Baixos: Falta cor no 3D, romance pode ser muito melodramático

Atividade Paranormal (Paranormal Activity)

Diretor:Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Friedrichs, Amber Armstrong, Ashley Palmer
Gênero: Terror
Ano: 2009




Baixo orçamento e filmagem caseira tem redefinido a necessidade de grandes investimentos para conseguir salas de cinema lotadas e lucro certo. Atividade Paranormal com apenas 15 mil dólares e dois atores inexperientes se tornou uma das grandes sensações do cinema de horror de 2009.


A premissa simples é efetiva, na calada noite preta uma casa que faz muitos sons podem acelerar o coração de qualquer cristão mais estressado, e um jovem casal que acaba de decidir morar juntos tem o relacionamento testado por uma assombração que acompanha um dos cônjuges.


Para poder carregar o rótulo de filme de terror, no entanto, mais do que uma madeira rangendo é necessário e aos poucos as coisas vão acontecendo.


Atividade Paranormal entrega a encomenda no prazo, a filmagem amadora se encarrega de trazer identificação com o espectador que pode ficar com (mais) medo de dormir solitário em um sobrado cheio de cômodos.
Há aproximadamente uma década atrás Bruxa de Blair chacoalhou o gênero ou se travestir de filme documentário para gerar uma enorme curiosidade e propaganda boca a boca. Há pouco tempo atrás Cloverfield também se encarregou de revisitar o que seria um novo gênero.

O fato é que não há nada de novo nem no roteiro nem no formato de Atividade Paranormal, muitos já fizeram a mesma coisa e com muito mais qualidade (talvez não na relação entre investimentos e resultados). Porém é impossível desconsiderar que os produtores estão engatinhando para descobrir o que o público quer assistir, se é plausível investir muito pouco e ganhar muito para que tanto trabalho com um blockbuster?


Atividade Paranormal assusta os corações mais fracos e reacende a discussão sobre a necessidade de grandes orçamentos para se fazer cinema.


Para assistir sem grandes expectativas...


Pontos Altos: Arrasta logo essa mulher!, quem mora em casa sabe o que são esses barulhos!

Pontos Baixos: Pra que um casal precisa de três quartos com três camas de casal? Não assusta os já amaciados por grandes filmes de terror

Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas

Diretor: José Alvarenga Júnior

Elenco: Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres, Drica Moraes, Danielle Winits, Claudia Raia, Alinne Moraes, Daniele Suzuki, Daniel Dantas

Gênero: Comédia

Ano: 2009





Houve um tempo que Os Normais era exibido na Rede Globo, humor de excelente qualidade com dois grandes atores do gênero, a comédia de costumes de um casal de classe média carioca cujo noivado se estendia por muitos anos era a garantia de muitas gargalhadas e piadas rápidas facilmente identificáveis pelo público mais inteligente.

Após algum tempo o ritmo não era mais o mesmo e a série foi encerrada. Que a vida é um ciclo todos sabem, Os Normais sofre desse mesmo problema o seu ciclo de empatia e humor certeiros teve sua duração esgotada, diversos outros programas souberam a hora de decretar seu fim, mas alguns parecem ter ignorado o ciclo e os espectadores mais experimentados sabem do fato.

Os Normais 2 se transforma num episódio prolongado de uma série criativamente já esgotada, obviamente os fãs apesar de saberem dos problemas serão atraídos pela oportunidade de enxergar os personagens tão queridos em situações inéditas e quem sabe tão engraçadas quanto a memória que restou.

Os Normais deve sim ser reassistido, a locadora pode lhe fornecer a série completa ou você pode comprar numa promoção no Submarino.

Felizmente o filme não macula a memória com sua detestável incursão moralista no universo do ménage à trois, a proposta “muito louca” não convence nem diverte.


Pontos Altos: Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães são muito bons

Pontos Baixos: Não há milagre sem santo nem filme bom sem roteiro