sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Série da Semana


Six Feet Under (A Sete Palmos) é uma das grandes criações de Alan Ball que atualmente tem se destacado com a polêmica True Blood.
Foram cinco temporadas e a série que começou em 2001 com muito humor negro se tornou mais sombria e densa a cada ano.
Sem medo de ousadias diversos temas foram tratados e conflitos familiares alcançaram patamares altamente explosivos.
A família logo no início perde o pai, um diretor de uma funerária familiar que sustentava a todos. E muita coisa acontece desde a dramatização da morte do defunto em questão até a interação do mesmos com alguns dos personagens de mente mais imaginativa.
Em Six Feet.. os mortos ganham sua voz e adoram dar palpite.
Com um dos mais marcantes episódios finais feitos até hoje a série deixou sua marca profunda no drama em mais uma produção de extrema qualidade da HBO.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cinderela em Paris (Funny Face)

Diretor: Stanley Donen
Elenco: Fred Astaire, Audrey Hepburn, Kay Thompson, Michel Auclair, Robert Flemyng, Dovima, Virginia Gibson, Sue England, Ruta Lee, Alex Gerry
Gênero: Musical
Ano: 1957






Cinderela em Paris é uma comédia romântica e um musical ao mesmo tempo e como já diz a tradução brasileira é um conto de fadas moderno (pelo menos para época) onde uma jovem intelectual que trabalha numa livraria conhece um fotógrafo de moda que realiza seu sonho de viajar para Paris ao transformá-la numa modelo de uma grande revista.
As performances musicais, a graciosidade da dupla de protagonistas, a irreverência da personagem de Kay Thompson e não menos importante o cenário parisiense são os elementos que definem Cinderela em Paris como um musical atemporal e extremamente agradável de ser visto.
Fred Astaire tem uma de suas mais inspiradas interpretações e seus quase 60 anos não parecem ser capazes de diminuir seu ritmo, a jovem Audrey Hepburn encantadora como sempre (foi) não tem os mesmos talentos, porém o filme como um todo supera qualquer tipo de comparação que possa ser feita entre ambos.
Quem aprecia um bom musical não deve perder esse divertido clássico.

Pontos Altos: Performances bonitinhas, história bobinha e leve, Fred Astaire mostrando quem comanda
Pontos Baixos: Tomadas aéreas de Paris feitas com o pé do saci

Ônibus 174

Diretor: José Padilha
Gênero: Documentário
Ano: 2002









Extremamente familiar a tragédia do ônibus 174 ocorrida em junho de 2000 no Rio de Janeiro é tema do documentário de Padilha que não se limita em apresentar para um público estrangeiro os fatos ocorridos, o seu objetivo e mérito é exibir todos os lados da história e talvez tão ou mais importante quanto a história de vida de Sandro o "bandido" ex menino de rua e sobrevivente da mundialmente famosa Chacina da Candelária.
A imparcialidade é hipotética, o documentário de José Padilha tem objetivos claros e tal qual a construção de uma argumentação acadêmica ele chega ao término conseguindo provar uma tese que transforma aquele momento numa equação quase que matemática.
E o fato é que Ônibus 174 é um alerta, a enorme desigualdade social somada ao despreparo policial e uma pontinha de fascismo da sociedade em geral são os fatores que permitem chacinas sem culpados, assassinatos gratuitos e a morte televisionada e festejada.
Dois fatores são marcantes um deles é o circo midiático no qual os personagens querem ficar pra história de alguma forma e outro como a população está sempre preparada para agir em nome da “justiça”, o linchamento por pouco não acontece sob as lentes das câmeras e suas transmissões "ao vivo".
Padilha criou seu filme a partir de imagens da imprensa oficial, depoimentos de policiais, meninos de rua, parentes, vítimas e testemunhas e a “verdade” desses elementos trazem uma grande contundência que prova a tese de Padilha.
É tudo uma questão de tempo ou oportunidade, os elementos para uma avalanche de violência são mais do que evidentes e varrer para debaixo do tapete não parece das melhores soluções.

Pontos Altos: Prova de que nada é casual, trabalho extenso de pesquisa
Pontos Baixos: Má qualidade de grande parte das imagens do evento real se torna cansativa para a narrativa

Reflexos da Inocência (Flashbacks of a Fool)

Diretor: Baillie Walsh
Elenco: Daniel Craig, Harry Eden, Eve, Miriam Karlin, Jodhi May, Claire Forlani, James D'Arcy
Gênero: Drama
Ano: 2008







Daniel Craig não quer ser conhecido apenas pela franquia 007, após enfrentar e superar as expectativas de público e crítica o ator britânico tem participado paralelamente dos mais variados filmes e de forma geral seus atributos de ator são acima da média.
Em Reflexos da Inocência, o ator interpreta Joe Scott um astro de Hollywood que tenta preencher o vazio de sua vida com mulheres, drogas e luxo.
Quando uma série de (maus) eventos lhe bombardeia, Joe é obrigado a relembrar o passado, neste momento outro filme começa retratando sua infância e juventude e os eventos que culminaram em sua decisão de sair da pequena vila onde morava e ter outro tipo de vida.
A direção de Baillie Walsh é extremamente competente não utilizando soluções comuns para filmagem desse tipo de roteiro, a fotografia absolutamente impecável e os enquadramentos são absolutamente pensados, especialmente nas extremamente bem construídas cenas de sexo.
Reflexos da Inocência é um drama que não recorre a soluções ou julgamentos morais apesar de abordar diversas situações controversas. Ao deixar para o espectador qualquer tipo de opinião o filme permite um maior envolvimento.
Baillie Walsh transmite com segurança e um olhar próprio o sentimento de nostalgia e perda da inocência que é comum a roteiros como este.
Reflexos da Inocência que é uma tradução infeliz do título original é um drama bem construído e executado, entretenimento razoável algo raro no cinema atual.

Pontos Altos: Fotografia, direção, cenas de sexo, Daniel Craig, semelhança entre os atores que interpretam o mesmo personagem em duas idades, retorno de Joe a sua cidade anos depois, velha desdentada
Pontos Baixos: Vida atual de Joe Scott pouco explorada

Série da Semana

Dexter é uma das melhores séries da atualidade e uma aposta ousada do canal SHOWTIME que tem investido em conteúdos controversos (e bem humorados), muita qualidade técnica e roteiros fantásticos.
Dexter Morgan é um especialista forense da polícia de Miami e sua grande qualidade profissional é identificar cenas de crime através do derramamento de sangue encontrado.
A série, no entanto, não se prende ao universo "CSI", afinal o protagonista utiliza as informações de seu acesso privilegiado para resolver os (muitos) crimes não solucionados pela polícia oficial.
Dexter é um psicopata que direciona seus instintos para eliminar das ruas os criminosos mais sanguinários de Miami. Ao mesmo tempo o querido assassino tenta ter uma vida normal apesar da ausência de sentimentos humanos o que rende ótimas cenas cômicas.
A série já está confirmada até a quinta temporada e a terceira teve seu season finale exibido nos EUA em 14 de dezembro, no Brasil pode ser acompanhada através do canal FX.
Humor negro, morbidez, grandes mistérios e torcer para o vilão. Precisa mais?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Kung Fu Panda

Diretor: Mark Osborne, John Stevenson
Elenco de dubladores: Jackie Chan, Jack Black, Dustin Hoffman, Lucy Liu, Ian McShane, Angelina Jolie, David Cross
Gênero: Animação
Ano: 2008







Calma que Kung Fu Panda não chegou pra desbancar o já clássico Wall-E, a animação do urso com artes marciais não traz absolutamente nada de inovador e segue a premissa básica: lições de moral (acreditem em vocês mesmos!!!), as mudanças de comportamento e a previsibilidade tão esperada de roteiro dos desenhos (ou animações?).
A indústria cinematográfica norte-americana tem prazos a cumprir e filmes a entregar e o que importa de fato são lançamentos de perseguições automobilísticas para marmanjos e animais falantes para crianças, alguém pede mais que isso?
Kung Fu Panda tem qualidades isso é inegável, a Dreamworks não costuma errar e a diversão apesar de fugaz é garantida, se animações são feitas para crianças está tudo no seu devido lugar, mas cada vez mais os pais e outros adultos se assumem admiradores do gênero que já rendeu excelentes surpresas que acabam gerando expectativas excessivas.
Algumas animações se consagraram como ótimos filmes, o que não é o caso de Kung Fu Panda que deve agradar em cheio as crianças menores e só.
Bom pro seu sobrinho, sem graça pra você.

Pontos Altos: Jack Black é um ótimo dublador, lutas enormes
Pontos Baixos: O pai do Panda é um passarinho sem grandes explicações e isso confunde as pobres crianças

Busca Implacável (Taken)

Diretor: Pierre Morel
Elenco: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen, Xander Berkeley, Katie Cassidy, Olivier Rabourdin, Leland Orser
Gênero: Suspense
Ano: 2008







Busca Implacável é um dos lançamentos mais terríveis de 2008, um roteiro fraco com clichês tão manjados e forçados que mais parece uma paródia (das piores), diálogos absurdamente inapropriados e totalmente desconectados da linguagem popular e até mesmo dos próprios filmes de ação dão o tom deste filme dispensável.
Impossível não sentir um enorme desprezo pela interpretação da filha seqüestrada, afinal Maggie Grace acredita que pra aparentar 17 anos é necessário dar muitos gritinhos infantis, correr como uma mongolóide e outros adjetivos claros apenas para quem assistiu.
Liam Neeson até tenta manter certa dignidade, mas sua interpretação é uma mistura completamente infeliz de tantos outros mais marcantes como Jack Bauer, MacGyver e Rambo.
Busca Implacável não oferece mais que perseguições, tiros, mortes sangrentas e torturas que mal convencem. Nada novo, monotonia com sangue.
Economizem alguns minutos e esqueçam este filme.

Pontos Altos: Créditos finais quando a nossa tortura termina
Pontos Baixos: Roteiro, direção, interpretação, própria existência do filme em si

Senhor das Moscas (Lord Of Flies)

Diretor: Harry Hook
Elenco: Balthazar Getty, Chris Furrh, Danuel Pipoly, James Badge Dale, Andrew Taft, Edward Taft
Gênero: Drama
Ano: 1990






Senhor das Moscas é uma experiência aterrorizadora e impressionante, quando um grupo de meninos sofre um acidente e acaba naufragado numa ilha com seu moribundo professor é de se esperar um clima tenso com crianças inocentes sofrendo com a natureza selvagem. Não é?
Mas o que vemos de fato é quão selvagem o ser humano se torna quando a sociedade não está presente para impor suas regras de conduta e convívio social, e o fato de crianças serem as vítimas e algozes de toda violência é o que choca o espectador.
O que aconteceria se crianças não tivessem adultos as supervisionando por muito tempo? Senhor das Moscas pretende oferecer uma resposta. Obviamente o desvirtuamento de valores é algo extremamente possível num ambiente onde as regras são criadas conforme o novo tipo de organização e hierarquia que surge e isso não é necessariamente uma coisa boa ou ruim.
Há em Senhor das Moscas uma hipótese para perguntas antropológicas e psicológicas que são mais toleráveis na teoria e imaginação do que visualizadas em um filme, por outro lado os personagens são criados de uma forma maniqueísta e previsível nos obrigando a tomar partido do bom menino defensor dos valores da sociedade e resistência a forma de poder anárquica que naturalmente se impõe.
O incômodo gerado pelo filme poderia ser maior se houvesse no bom garoto Ralph uma resposta a altura do terror que lhe é infligido ou um final que lhe oferecesse uma redenção sem uma aura de santidade, afinal todos sabemos que crianças são extremamente cruéis e o homem talvez não seja tão bom por natureza.

Pontos Altos: Crianças que sabem interpretar decentemente, levantamento de questões e discussões interessantes para reflexão
Pontos Baixos: Roteiro (adaptado de livro) maniqueísta

Série da Semana

Mad Men é a nova aposta da HBO pra encher seus armários de prêmios e arrebatar a audiência, a série se passa nos anos 60 e retrata o universo feroz dos profissionais de propaganda.
Os detalhes e a produção são extremamente cuidadosos o que é de se esperar, sem falar que é outra cria de Matthew Weiner (Família Soprano).
No mais, muito álcool, cigarros, sexo, traições, polêmicas e tradições da época e principalmente mistérios.
Surpreendente e elegante a série promete muito ainda. O cenário sessentista nova iorquino tem muitas histórias pra contar.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

007 Quantum Of Solace

Diretor: Marc Forster
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Joaquín Cosio, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Gemma Arterton
Gênero: Aventura
Ano: 2008







O segundo filme com Daniel Craig como James Bond não se compara com o primeiro onde muitas expectativas cercavam o próprio filme sem Pierce Brosnan e muito mais sobre um ator totalmente diferente dos outros, porém o Bond loiro superou todas as expectativas e trouxe uma nova força, uma imagem mais masculina e durona ao agente britânico de Ian Fleming.
A fórmula com menos parafernália tecnológica e mais ossos quebrados funcionou muito bem, infelizmente nesta seqüência há um problema grave de roteiro e o descuido afetou o filme como um todo e a escolha da Bond girl e o impacto esperado com o surgimento de um grande vilão.
Basicamente temos um Bond desiludido e traído que busca vingança pela morte de sua amada Vésper, assunto esse repetido por diversas vezes no filme e tema do anterior, a trama não traz elementos novos relevantes e se não fosse por Judi Dench e Daniel Craig, Quantum of Solace seria apenas mais um medíocre filme de espionagem.
Felizmente o James Bond mais agressivo e com ótimo preparo físico é capaz de saltar, lutar e apanhar muito, algo que sempre é esperado de um filme do espião e que é feito com uma coreografia extremamente bem cuidada que consegue empolgar o espectador.
Porém o fraco roteiro não faz muito sentido, e algumas coisas precisam ser explicadas pelos próprios personagens, um problema que nos deixa com a impressão de que perdemos algum pedaço do filme o que de fato não ocorreu.
O término do filme abre espaço para a terceira seqüência e a esperança que a contundência de Casino Royale seja equiparada ou superada.

Pontos Altos: Daniel Craig fodão, Judi Dench, lutas suspensas muito boas
Pontos Baixos: Roteiro sem coesão e apelo, Bond Girl sem personalidade

Max Payne

Diretor: John Moore
Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Beau Bridges, Ludacris, Donal Logue, Chris O'Donnell, Nelly Furtado, Olga Kurylenko
Gênero: Ação
Ano: 2008







É possível fazer um filme bom com um roteiro ruim? E um filme ruim com um bom roteiro? Obviamente as duas perguntas têm a mesma resposta e o que evita o adjetivo “ruim” é a direção, um bom profissional consegue tirar boas idéias do pior roteiro e transformar algo sem muito potencial numa experiência no mínimo divertida.
Max Payne é um filme ruim por todo conjunto de elementos possíveis e imagináveis, mas se a culpa é de alguém John Moore é esta pessoa. A boa fotografia não consegue se destacar mais que as fracas e caricatas interpretações dos atores do filme, o ritmo rápido e didático com que o roteiro se desenvolve é infantil e irritante trazendo a ausência absoluta de emoção.
É impossível suportar Max Payne e aceitar o anti-herói que perdeu a família num assassinato sem solução. Se o mínimo esperado é ótimos efeitos especiais e visuais correspondentes aos fantásticos cenários dos videogames, o que vemos é a versão pobre de uma mistura de Matrix, Sin City e Constantine.
Assistir Max Payne é um exercício de memória onde o espectador visualiza mentalmente diversos filmes de ação muito melhores onde no mínimo conseguiram “desligar o cérebro” e se divertir por uma hora e meia.

Pontos Altos: Max Payne fugindo dos tiros num rio congelado, Natasha a vagabunda russa tentando rir, andar e vestir sua roupa ao mesmo tempo e não conseguir de primeira (e ninguém refazer a cena)
Pontos Baixos: Tomb Raider é melhor, precisa dizer mais?

Maratona do Amor (Run, Fat Boy, Run)

Diretor: David Schwimmer
Elenco: Simon Pegg, Thandie Newton, Hank Azaria, Dylan Moran, Harish Patel, Ameet Chana, India de Beaufort, Matthew Fenton, David Gatt
Gênero: Comédia Romântica
Ano: 2007






Maratona do Amor é a estréia na direção de David Schwimmer (o ‘Ross’ de ‘Friends’), no geral o resultado não desagrada, o ator americano traz uma comédia romântica em Londres e o característico humor britânico que não lhe é familiar está bem representado pelo absolutamente hilário Simon Pegg.
O grande porém de Maratona do Amor é o roteiro, absolutamente sem graça e sem criatividade, só que a química entre os personagens é tão boa que é possível imaginar os mesmos estrelando outros filmes e nos fazendo rir muito.
A habilidade cômica de Simon Pegg nos momentos mais improváveis é impressionante, o ator e co-roteirista interpreta um indivíduo vagabundo, imprestável e que nos faz gargalhar das situações completamente desmoralizantes e humilhantes que vive diariamente, essa sua habilidade única em fazer rir das coisas mais desprezíveis valem os 90 minutos do filme.
Se a estréia de David Schwimmer não é um marco no cenário do cinema do gênero, tampouco é um esforço que deva ser ignorado ou repudiado, a direção confiante aliada a construção dos personagens e a forma como o humor flui espontaneamente aponta para o surgimento de um diretor que deve evoluir e trazer um humor de qualidade às grandes telas.

Pontos Altos: Química dos personagens, diretor promissor (sem Oscar e sem Framboesa de Ouro), Simon Pegg sempre imperdível
Pontos Baixos: Roteirinho de meia tigela

Série da Semana













Nancy Botwin (Mary-Louise Parker) é a verdadeira dona de casa desesperada, recém viúva e com dois filhos para criar a respeitável senhora decide se tornar uma traficante de maconha no subúrbio americano, como manter uma família sem nunca ter trabalhado?
Weeds é uma transgressora comédia do ousado canal americano SHOWTIME que no Brasil é exibida pelo canal da Globosat GNT.
Politicamente incorreta com grandes atores em excelente sintonia e um timing perfeito a premiada série tem se superado em seus três anos de existência com ótimos roteiristas e direção bem executada.
Imperdível.