quinta-feira, 18 de junho de 2009

Caos Calmo

Diretor: Antonio Luigi Grimaldi

Elenco: Nanni Moretti, Valeria Golino, Alessandro Gassman, Isabella Ferrari, Silvio Orlando, Blu Di Martino

Gênero: Drama

Ano: 2008







O cinema italiano tradicionalmente aborda questões familiares e na maioria das vezes a perda trágica é o tema central para estes roteiros, não é diferente com Caos Calmo, filme cujo mote central é a perda de um ente querido e o complicado processo de recuperação dos familiares que permanecem vivos.

Muitos estudos da psicanálise indicam que a perda só é processada através do luto, ou seja, o sofrimento, tristeza e melancolia devem ser vivenciadas para que a ausência seja realmente sentida e possa ser superado em algum momento, ignorar essa importante etapa significa não viver todo o processo e sua consequente resolução.

Em Caos Calmo um pai de família se vê perdido quando sua esposa subitamente morre e é obrigado a se adaptar à uma nova realidade juntamente com sua pequena filha, ignorando toda e qualquer ajuda externa e o sofrimento que deveria supostamente sentir ele resolve se dedicar completamente a sua filha e estabelece uma nova rotina na qual permanece todos os dias do lado de fora da escola de sua filha sentado no banco de uma bela praça.

O contraponto do caos interno que sente é a micro realidade com que se depara nesta praça, cujos frequentadores se tornam absolutamente familiares e parte integrante da nova vida que escolhe para ter. Enquanto resolve abraçar a paternidade de forma hiperbólica a empresa em que trabalha mergulha num complicado processo de fusão, que para ele é tão banal quanto qualquer outra coisa que possa estar acontecendo.

O novo endereço de Pietro se torna conhecido o que culmina em visitas de colegas de trabalho e familiares que preocupados com a rotina que continua, o incluem de alguma forma ao se adaptarem a sua nova realidade.

Caos Calmo é praticamente um filme anti-italiano, afinal o que se espera é um caos de emoções e sentimentos. Relutante em se entregar ao luto, adquirindo manias e se apegando a estranhos o escapismo de Pietro é tão artificial que não há quem não perceba que há algum problema com ele e se afeiçoe por sua situação.


Pontos Altos: Trilha excelente e moderna, Nanni Moretti numa rara interpretação comedida, fotografia, retrato de sentimentos ordinários

Pontos Baixos: Algumas sequências não são claramente reais ou imaginadas

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