Diretor: Lucrecia Martel
Elenco: Inés Efron, María Vaner, María Onetto, Claudia Cantero, Pía Uribelarrea, Daniel Genoud, César Bordón
Gênero: Drama
Ano: 2008
A cineasta argentina Lucrecia Martel se consolida num cenário mundial cinematográfico com uma identidade própria e um modo peculiar de narrar uma história, não à toa seus filmes tem chamado a atenção de críticos e personalidades de peso como Pedro Almodóvar.
O título surrealista deste filme acompanha um roteiro que nos absorve no universo em suspensão de Veronica, uma dentista de meia idade que após um momento de distração numa rodovia se consome pela dúvida e a culpa por ter atropelado algo ou alguém.
Passado o incidente a protagonista silenciosamente mergulha num estado de inação que incrivelmente se passa desapercebido por todos ao seu redor que continuam a tratá-la como se ela estivesse efetivamente “presente” .
A perda da identidade de Veronica é tão perturbadora quanto os enquadramentos, imagens desfocadas e figuras de linguagem utilizadas por Lucrecia Martel. A crise de consciência resultado de um possível, porém improvável, caso de assassinato e omissão retira de Vero (apelido da personagem) a sua auto-confiança, também abalada por não lhe darem a devida credibilidade que acredita merecer ao declarar aos mais próximos ter cometido um crime.
Ignorada e desacreditada Vero através de seus contatos parte em busca de informações sobre o incidente e nada descobre, o que pode significar sua inocência é o suficiente para lhe motivar a retomar o controle de sua rotina e vida.
A Mulher Sem Cabeça não resolve propositadamente todos seus conflitos e mistérios e nos faz sentir na pele da personagem, o que ocorre por estarmos tão envolvidos pela dúvida e falta de clareza do fatídico evento que apresenta tantos elementos que podem significar inocência ou culpa e culminam num descontrole emocional que ultrapassa uma culpa concreta.
A classe média argentina perde a sua cabeça e você também.
Pontos Altos: Enquadramentos, figuras de linguagem, identidade em crise, não há redenção
Pontos Baixos: Coadjuvantes desconexos
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