quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Leonera

Direção: Pablo Trapero

Elenco: Martina Gusman, Elli Medeiros, Laura Garcia, Rodrigo Santoro

Gênero: Drama

Ano: 2008








Escolhido para representar a Argentina no Oscar da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, Leonera é um drama pouco usual sobre o destino de uma jovem condenada por um assassinato que não tem certeza da natureza de sua participação.

Julia e Ramiro estão presos pelo assassinato de Nahuel, amante de ambos que numa nebulosa discussão não pode sobreviver às investidas de um ou ambos.

A vida da jovem foge ao padrão quando seu namorado com quem vivia resolve abrigar no apartamento seu amante, o que possivelmente levou a briga que ocasionou o homicídio.

Porém nada é simples em Leonera, apesar de não demonstrado, a relação do trio principal não era tão clara e Julia de fato se envolveu com ambos.

Presa ela é beneficiada pela gravidez podendo ocupar uma ala especial numa prisão argentina, inicialmente a rejeição pelo bebê produto de sua obscura vida lhe faz sentir culpa e auto rejeição que superados acabam por transformá-la numa nova mulher que se apega ao filho e não se questiona em momento algum sobre os efeitos da vida em cárcere para uma criança apesar da insistência de sua mãe.

O título se refere a conhecida metáfora da mãe como leoa que protege com violência sua cria, o fato é que Julia se adapta muito bem e perde suas inseguranças no convívio do presídio feminino, tal mudança transparece em sua imagem muda radicalmente durante o filme.

Afastada de sua família e amigos Julia recebe o apoio da maternal vizinha de cela Marta, inesperadamente a amizade se torna um romance que aos meus olhos é mais uma relação simbolicamente incestuosa que um “casamento lésbico” de fato.

Sobre isso ainda é inevitável a comparação entre os gêneros quando encarcerados, enquanto as mulheres se amparam entre carinhos, os homens se apegam a violência. Aparentemente pelo menos no cinema a sexualidade ambígua se resolve de formas diferentes ou o mito da bissexualidade entre as mulheres é tão popular quanto à força transformadora da maternidade, conceitos esses que por ser parte do senso comum são altamente questionáveis.

O cinema argentino tradicionalmente se fundamenta no realismo sem soluções esperadas, as histórias não se perdem no abuso de clichês, ou estereótipos. Isso se repete em Leonera, a prisão não tem carcereiros ou conflitos que já cansamos de ver em filmes sobre presidiários e a protagonista não se consome pela culpa nem insiste em sua inocência.

Talvez não seja um filme para uma sexta a noite, mas a qualidade dramática de Leonera é inquestionável.


Pontos Altos: Prótese de gravidez perfeita, interpretações vigorosas, fotografia, discussão sobre crianças em presídios

Pontos Baixos: Parece mais longo do que é realmente

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