quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pecados Inocentes (Savage Grace)

Diretor: Tom Kalin
Elenco: Julianne Moore, Stephen Dillane, Elena Anaya, Simón Andreu, Jim Arnold, Hugh Dancy, Abel Folk, Mapi Galán, Eddie Redmayne
Gênero: Drama
Ano: 2007







Logo após a Segunda Guerra Mundial somos apresentados a aparentemente comum família Baekeland, em poucos minutos, no entanto, é possível prever que há algo estranho na relação entre eles e uma polêmica história real se desenvolverá no roteiro cinematográfico.
Tom Kalin retrata com uma fotografia belíssima, colorida e glamourosa a decadência moral de uma família que mais se parece com um objeto de estudo da psicanálise que uma representação de algo de fato real.
Julianne Moore interpreta Barbara a inconstante mãe e esposa que inevitavelmente é abandonada pelo marido e deprimida concentra todas as suas energias em seu filho único Tony (Eddie Redmayne)
Se esta família é um objeto de estudo podemos considerar o sexo, como o definitivo problema que os envolve, a ausência de limites, regras sociais e o afeto erotizado ocasionam uma falência moral que culmina numa insana tragédia.
A atriz demonstra uma assombrosa personificação de uma personagem extremamente marcante e carregada de emoções contraditórias e intensas. A interpretação de seu jovem filho Eddie Redmayne é tão magnética quanto enigmática e a interação entre os personagens é ao mesmo tempo chocante e absolutamente surpreendente.
Um caso clínico cheio de atores bons.

Pontos Altos: Interpretações impecáveis, fotografia belíssima
Pontos Baixos: Se houvesse menos edição ficaria melhor explicado

Piaf - Um Hino Ao Amor (La Môme/La Vie En Rose)

Diretor: Olivier Dahan
Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins
Gênero: Drama
Ano: 2007






Piaf – Um Hino Ao Amor é uma ótima oportunidade para os leigos conhecerem tanto a música quanto a biografia da pequena (apenas em estatura) Edith Piaf.
A história de vida contada fora de cronologia e embaralhada , demonstra como foi forjado o ícone francês que superou a língua ao cantar com a alma cada um dos versos de suas emocionantes canções.
Uma maquiagem quase perfeita e uma linguagem corporal assombrosa deram o Oscar instantâneo para a parisiense Marion Cotillard que interpretou a cantora com uma perfeição absurda e assustadora da juventude até a sua morte prematura antes de completar 50 anos.
Uma vida cheia de excessos, dificuldades e alegrias com uma intensidade devastadora que enriqueceu e eternizou tanto a trajetória quanto o legado musical de Piaf.
A biografia, repleta de buracos, é ainda assim extremamente interessante e apesar das duas longas horas não se torna uma experiência cansativa.Músicas são apresentadas em momentos corretos o que também auxilia no desenvolver da trama.
Envolvente e tocante, Piaf é um filme obrigatório pela interpretação absolutamente estupenda de Marion e pela história marcante e conturbada de Piaf mesmo que mal apresentada.


Pontos Altos: Maquiagem, interpretação, fotografia e músicas belíssimas
Pontos Baixos: Duas horas é muito pra um filme sobre uma pessoa só que ainda esquece detalhes importantíssimos

Kabluey

Diretor: Scott Prendergast
Elenco: Lisa Kudrow, Scott Prendergast, Teri Garr, Christine Taylor, Jeffrey Dean Morgan, Chris Parnell, Conchata Ferrell
Gênero: Comédia
Ano: 2007







Kabluey é uma comédia de humor negro de baixo orçamento que vai além das aparências, superficialmente a história é de uma mulher (Lisa Kudrow) que se vê obrigada a cuidar sozinha dos filhos quando o marido é enviado ao Iraque numa operação de guerra sem fim, e que se vê obrigada a dar abrigo e pedir ajuda ao seu fracassado cunhado (Scott Prendergast).
A cidade texana retratada no filme é a expressão de um Estados Unidos em constante estado de guerra, uma ressaca interminável e odiosa que para nós rende alguns momentos engraçados e constrangedores.
Kabluey, o imenso boneco azul com braços e sem mãos, é o mascote da empresa BlueNexion, uma empresa de webnegócios vítima da bolha da internet e má administração e é nela que a esposa abandonada trabalha.
Salman (o cunhado) aceita a humilhante oferta de se vestir como Kabluey para distribuir folhetos propagandeando o aluguel de salas de escritório na sede da empresa, com uma imensa dificuldade na distribuição pela sua óbvia limitada mobilidade e o próprio cenário desértico texano.
A crítica se expressa através do riso de situações que demonstram a exaustão e falta de perspectiva que atinge os cidadãos texanos, a humilhação e a dificuldade em acordar para se submeter à rotina massacrante e repetitiva de um país tão “cheio de oportunidades” e ainda assim com tantos “perdedores”.

Pontos Altos: Kabluey é o herói das crianças, a expressão vazia de Salman, o rosto cansado de Lisa Kudrow, fotografia
Pontos Baixos: Faltou aprofundar em algum tema ou definir uma identidade

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Incrível Hulk (The Incredible Hulk)

Diretor: Louis Leterrier
Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt, Robert Downey Jr., Tim Blake Nelson, Peter Mensah, Ty Burrell, Christina Cabot
Gênero: Ação
Ano: 2008






O Incrível Hulk chega mais uma vez aos cinemas(agora em DVD), cinco anos depois da adaptação dirigida por Ang Lee que dividiu muitas opiniões por ser uma trama mais psicológica, este lançamento de Louis Leterrier é muito mais ação fazendo justiça ao quadrinho do gigante verde.
Edward Norton interpreta o cientista em conflito que foge dos EUA se escondendo Favela da Rocinha no Rio de Janeiro, dia após dia Bruce Banner sonha em encontrar uma cura aos efeitos devastadores da radiação gama espalhada pelo seu corpo que tanto interessa ao poderio militar estadunidense.
Liv Tyler interpreta a si mesma, mas a intenção era ser o par romântico de Bruce Banner, o cientista em crise, para compensar Tim Roth faz o papel do vilão Abominável numa interpretação perfeita e intensa.
Leterrier trouxe às telas um Hulk com conflitos e referências aos quadrinhos e algumas diferenças que causam dúvida, se antes a transformação era desencadeada pela raiva agora são os batimentos cardíacos elevados que trazem a tona o indestrutível herói verde. Este pequeno “problema”, no entanto, não prejudica o roteiro como um todo que consegue dar fôlego novo a franquia que não teve um dos melhores inícios (nas bilheterias) e que terá com certeza novas seqüências.
Há tanto em Homem de Ferro quanto em O Incrível Hulk uma crítica forte ao belicismo atual dos Estados Unidos, com heróis que não aceitam servir ou serem parte da luta armada americana que tem sido tão amplamente criticada nos últimos anos. Uma clara adaptação da editora Marvel a política internacional e ao público internacional em geral.
Com a interligação de seus últimos lançamentos tão bem sucedida e o anúncio de filmes de outros heróis, resta uma dúvida: Como será a abordagem do personagem Capitão América, um herói ícone de uma nação que se encontra numa longa fase de impopularidade mundial?

Pontos Altos: Edward Norton, Tim Roth, frases clássicas do monstrengo que não faltaram
Pontos Baixos: Liv Tyler e sua voz irritante, vilão brasileiro com sotaque gringo

Garçonete (Waitress)

Diretor: Adrienne Shelly
Elenco: Keri Russell, Nathan Fillion, Cheryl Hines, Adrienne Shelly, Jeremy Sisto, Andy Griffith, Eddie Jemison, Lew Temple
Gênero: Comédia Romântica
Ano: 2007







Garçonete é uma comédia romântica deliciosa, tanto pelas receitas extremamente inspiradas de uma talentosa jovem que expressa seus sentimentos em suas criativas e sarcásticas receitas, tanto pelo humor negro e cínico utilizado nas relações entre os bem construídos personagens.
Jenna é uma jovem garçonete que ciente de sua profunda infelicidade não consegue vislumbrar alternativas para ser feliz e é reprimida pelo seu emprego medíocre e cansativo e um marido que a vê como objeto, fonte de renda e um corpo.
Uma mulher que se sente invisível em sua existência e visível demais quando tenta escapar da dura realidade em que vive. Quantas mulheres não estão nessa realidade?
O grande atrativo de Garçonete são as tortas que Jenna cria, além de visualmente deliciosas elas possuem nomes curiosos “Torta odeio o meu marido Earl”, “Torta Earl me mata porque tenho um caso”. Além de representarem os sentimentos que ela não consegue expressar abertamente o talento da confecção das mesmas pode significar uma vida nova longe daquela realidade.
Mas os planos de Jenna são abalados quando uma gravidez inesperada é diagnosticada, e uma nova prisão começa a crescer em seu ventre, o novo obstáculo, no entanto, leva a jovem a conhecer um agradável e atraente obstetra que revoluciona a infeliz vida de Jenna.
Garçonete é um grito de liberdade para as mulheres que não conseguem se livrar de realidades terríveis, a valorização que nunca vem dos homens deve ser conquistada através de luta e a vida pode ser sim menos amarga.
Apesar do desfecho um tanto quanto simplista, Garçonete é uma comédia acima da média e merece ser conferida.

Pontos Altos: A atuação extremamente desagradável de Jeremy Sisto como o marido insuportável, Keri Russel foi além de Felicity, personagens secundários ricos
Pontos Baixos: Atriz/diretora Adrienne Shelly foi assassinada antes do lançamento do filme

Chega de Saudade

Diretor: Laís Bodanzky
Elenco: Maria Flor, Betty Faria, Tônia Carrero, Paulo Vilhena, Cássia Kiss, Stepan Nercessian, Leonardo Villar, Elza Soares
Gênero: Drama
Ano: 2008







Chega de Saudade é o segundo longa metragem de Laís Bodanzky a premiada diretora de Bicho de Sete Cabeças, e desta vez ela se aventura num tema completamente inovador no cenário da produção cinematográfica brasileira.
Do início ao fim acompanhamos um baile da terceira idade, apesar desse tipo de definição carregar a impressão de um tema limitado e enfadonho, o objetivo de Laís é na verdade desmistificar a falsa imagem de monotonia que um baile saudosista pode remeter.
Um casal jovem formado pelo DJ do baile (Paulo Vilhena) e sua namorada (Maria Flor) que pela primeira vez conhece o baile, um encontro que transforma as idéias e as vidas de todos através da inesperada interação dos presentes.
A câmera desliza pelo salão enquadrando pernas, pés, closes faciais causando uma sensação de proximidade que se aprofunda com a apresentação dos dramas e felicidades de vários dos senhores e senhoras que ali se divertem e também entram em conflito.
Laís Bodanzky não recebeu prêmios a toa por seu filme, ele de fato é inovador e mais complexo do que poderíamos imaginar levando embora qualquer tipo de receio de mediocridade. É possível com facilidade e sem soar artificial perceber o que aquela noite representa e como afeta as vidas de cada um.
Por outro lado a escolha de certos atores prejudica, é totalmente arriscado colocar entre os protagonistas atores globais como o péssimo Paulo Vilhena, a insossa Maria Flor, o canastrão Stepan Nercessian e a sempre igual Cássia Kiss. Não parece uma boa idéia e pode afastar os espectadores mais exigentes.

Pontos Altos: O romance adolescente de Álvaro e Alice interpretados por Tônia Carrero e Leonardo Villar, a infelicidade tragicômica de Elza (Betty Faria), saber pelas câmeras panorâmicas que Paulo Vilhena será careca em breve
Pontos Baixos: Quarteto tristeza: Paulo Vilhena, Maria Flor, Cássia Kiss e Stepan Nercessian

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mamma Mia!

Diretor: Phyllida Lloyd
Elenco: Colin Firth, Meryl Streep, Pierce Brosnan, Amanda Seyfried, Stellan Skarsgard, Julie Walters, Dominic Cooper
Gênero: Musical
Ano: 2008







Mamma Mia! conta com os contagiantes sucessos do grupo sueco ABBA e isso por si só consegue divertir e animar as platéias de admiradores de todo mundo, mas a direção da estreante Phyllida Lloyd peca na execução atrapalhada de um filme com um elenco heterogêneo demais e pouco à vontade no gênero musical.
É (extremamente) torturante assistir Pierce Brosnan cantar, um dos piores momentos do gênero musical, Meryl Streep por outro lado parece confirmar uma competência inabalável em qualquer gênero com a mesma força e impacto de sempre.
O fato é que os enquadramentos de câmera não correspondem aos números musicais que são excessivos e despropositados, sintoma da inexperiência da diretora de musicais de teatro que não tem absolutamente nenhum know-how cinematográfico.
Mas é possível se divertir com Mamma Mia! ao se desligar de critérios e sensos críticos, quem é muito fã ou muito desligado pode terminar o filme cantando junto e depois de algum tempo sofrer ou não de uma ressaca muito bem fundamentada fruto de coreografias sofríveis e um roteiro simplório com músicas divertidas porém sem relação alguma com as cenas em que são inseridas.
Recomendado para fãs sem moderação.

Pontos Altos: Meryl Streep em ótima forma física, Amanda Seyfried e sua química com Meryl
Pontos Baixos: Casamento inesperado e improcedente, entretenimento histérico, coreografias ridículas semelhantes a desenhos animados, Pierce Brosnan

Psicopata Americano (American Psycho)

Diretor: Mary Harron
Elenco: Christian Bale, Willem Dafoe, Chlöe Sevigny, Reese Witherspoon, Samantha Mathis, Jared Leto, Steve Zahn, Guinevere Turner
Gênero: Drama/Terror
Ano: 2000




Psicopata Americano além de um trabalho de direção extremamente meticuloso é uma visão crítica de algumas das piores qualidades masculinas. O protagonista é um jovem executivo individualista, misógino, vaidoso, invejoso, narcisista, materialista e sem personalidade própria.
A violência hiperbólica do filme de Mary Harron é absurda e surreal, trata-se de uma sátira ao modo de vida dos yuppies do fim do século passado, há um desespero e um anseio em ser importante e diferente entre esses homens que não conseguem serem vistos como únicos.
É por isso que Patrick Bateman usa a violência como válvula de escape para sua frustração constante e arrebatadora.
Duas cenas básicas se repetem em Psicopata Americano e ambas são sobre vaidade e orgulho, os yuppies possuem duas obsessões pelas quais contantemente competem. Possuir o cartão mais fino e luxuoso e conseguir reservas nos melhores restaurantes, obviamente uma metáfora aos valores superficiais que festejam. A disputa, no entanto não os permite nem a diferenciação muito menos se tornar melhor que um ou outro por muito tempo.
O fetichismo representado pelo sexo e pela violência deste filme se revela como uma crítica aos homens, seus objetos e desejos. Uma desesperada tentativa de acabar com o vazio através de sexo, drogas, dinheiro e sangue.
Um trabalho de direção e atuação primoroso que merece ser apreciado com um roteiro bem conduzido com um desfecho sensacional e surpreendente.

Pontos Altos: Patrick ensangüentado e pelado correndo com uma serra elétrica atrás de uma prostituta, caracterização do psicopata e atuação vigorosa de Christian Bale
Pontos Baixos: Edição picotada em algumas cenas que ficaram incoerentes

Oliver Twist

Diretor: Roman Polanski
Elenco: Ben Kingsley, Barney Clark, Jamie Foreman, Harry Eden, Leanne Rowe, Lewis Chase, Edward Hardwicke, Jeremy Swift, Mark Strong
Gênero: Drama
Ano: 2005






O clássico de Charles Dickens com o famoso órfão da literatura recebe mais uma adaptação, desta vez é Roman Polanski, o diretor de O Pianista, quem leva o romance ao cinema.
Um drama na Londres do século XIX com crianças fumando, bebendo e sofrendo violência física e verbal que não consegue, no entanto, transmitir os terrores da época vividos pelo jovem Oliver Twist e imprimir veracidade no clima assustador da cidade.
As qualidades técnicas inegáveis não foram acompanhadas pelas interpretações que pecam pela falta de emoção. O próprio Oliver Twist é um dos personagens mais passivos na história do cinema parecendo em muitos momentos um manso cãozinho e não uma criança que sofre tantas agressões.
Com interpretações que não convencem, é impossível acreditar que aquilo está de fato acontecendo, sem peso dramático o enredo se transforma num filme sem vida e longo demais, talvez esse seja o sintoma de um elenco carregado de tantos atores infantis que normalmente não são capazes de atuar tão bem quanto os adultos.
Um filme correto, porém sem vida.

Pontos Altos: Fotografia
Pontos Baixos: Faltaram urgência e emoção no trato do tema

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Reis da Rua (The Street Kings)

Diretor: David Ayer
Elenco: Keanu Reeves, Hugh Laurie, Forest Whitaker, Chris Evans, Amaury Nolasco, Terry Crews, Common, Naomie Harris
Gênero: Drama/Policial
Ano: 2008







Os Reis da Rua é um filme com tantos defeitos que é uma tarefa ingrata escrever algo sobre o mesmo.
Um drama com vários clichês que juntos não funcionam e até podem causar certo asco, um policial (Keanu Reeves em mais uma interpretação insípida) que perde a mulher numa morte violenta se tornando um justiceiro encoberto por um chefe de polícia (Forest Whitaker sem grandes novidades) com senso de justiça duvidoso, um corregedor que os “persegue” interpretado por Hugh Laurie (sim, o próprio Dr. House que não interpreta outro personagem mesmo mudando o tema).
Os clichês: muito sangue, tiroteio, traições, corrupção, discussões éticas e reviravoltas improváveis.
Os Reis da Rua ao menos aparentemente defende uma polícia fascista, comprometendo uma possível crítica a um sistema de segurança falho ao transformar um justiceiro dopado num herói. Se apenas a violência pode resolver as injustiças, o filme avalia a existência de um sistema judiciário e legislativo como algo extremamente desnecessário senão prejudicial à realização de justiça.
Além de um roteiro tendencioso onde é até possível se afeiçoar ao policial interpretado por Keanu Reeves, a sucessão de clichês traz uma atmosfera de deja vu indiscutível num filme que representa de forma alegórica a atual política internacional norte-americana com seus abusos de poder e sua visão absolutista do mundo.

Pontos Altos: Tiroteios bem dirigidos
Pontos Baixos: Atuações em geral, roteiro previsível

Cinturão Vermelho (Redbelt)

Diretor: David Mamet
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Tim Allen, Emily Mortimer, Alice Braga, Joe Mantegna, Rodrigo Santoro, Max Martini, Jose Pablo Cantillo, Ricky Jay
Gênero: Drama
Ano: 2008







Cinturão Vermelho é um filme que quase marca, é quase bom, quase original. Com um tema aparentemente desinteressante o longa cria interesse em seu decorrer, mas decepciona imensamente em seus momentos finais.
O jiu-jitsu tão bem representado pela Família Gracie aqui de nosso país é o pano de fundo do filme que apesar de uma crescente interessante de tensão, traições e reviravoltas têm um dos desfechos mais desinteressantes e inesperados já filmados na história do cinema. O filme acaba e o espectador fica ali sentado estupefato com os créditos finais.
A maioria das cenas são bem dirigidas, mas a ligação entre elas não é clara devido a um roteiro descuidado e nada coeso. Parece mais um problema de edição do que direção, mas isso nunca saberemos ao certo.
Alice Braga é a coadjuvante, a esposa brasileira do malsucedido professor (Chiwetel Ejiofor) que se recusa a abandonar os preceitos de honra e ética da arte marcial que ensina em sua academia.
Interpretações boas, no entanto não salvam Cinturão Vermelho de um final atrapalhado e seu anticlímax.

Pontos Altos: Emily Mortimer e Chiwetel Ejiofor e suas boas interpretações
Pontos Baixos: Faltou um pedaço do filme?

The Rocky Horror Picture Show

Diretor: Jim Sharman
Elenco: Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick, Richard O'Brien, Patricia Quinn, Little Nell, Jonathan Adams, Peter Hinwood
Gênero: Musical
Ano: 1975






The Rocky Horror Picture Show é um musical extremamente subversivo que mistura ficção científica e comédia com músicas fantásticas e muita polêmica.
Roteiro não é das maiores preocupações de Jim Sharman, tampouco excelência técnica, as qualidades de The Rocky Horror Picture Show se fundamentam no humor ácido e crítico, referências a filmes antigos de ficção científica e a abordagem natural de temas polêmicos como transexualidade, incesto, homem objeto, virgindade, canibalismo entre outros.
A diversidade de temas é aparentemente excessiva, mas a execução de forma bem humorada e caricata de músicas incrivelmente bem interpretadas leva o filme a um status instantâneo de clássico do gênero. Uma ópera rock colorida e absurda.
O filme inglês essencialmente transgressor tem um tom de originalidade que dificilmente se repetiria nos dias de hoje devido ao receio dos grandes estúdios na abordagem de temas polêmicos e a epidemia do politicamente correto tão em evidência.
Em sua estréia a recepção não foi das melhores, mas até hoje The Rocky Horror Picture Show possui seguidores fiéis e fãs que apreciam seu caráter inovador e seu humor extremamente divertido, absurdo e audacioso.


Pontos Altos: Grandes atores interpretando completamente à vontade, músicas marcantes, muita polêmica
Pontos Baixos: Cenas musicais entediantes pré-chegada no castelo, final moralizante e baixo-astral

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Controle Absoluto (Eagle Eye)

Diretor: D.J. Caruso
Elenco: Shia LaBeouf, Michelle Monaghan, Rosario Dawson, Billy Bob Thornton, Ethan Embry, William Sadler, Eric Christian Olsen
Gênero: Ação
Ano: 2008







Controle Absoluto é um sucesso de bilheteria porque filmes de ação usualmente têm público garantido, talvez seja essa a única explicação para a bilheteria tão expressiva de um filme que não inova em absolutamente nada e aborda o já aborrecido tema do (cyber) terrorismo.
D.J. Caruso já havia trabalhado com Shia LaBeouf em Paranóia, a bola da vez das produções de ação, filme esse que vem sendo acusado de plágio deslavado de Janela Indiscreta de Hitchcock. É desnecessário dizer que Caruso não é Hitchcock tampouco Steven Spielberg e isso é algo evidente em seus filmes.
Controle Absoluto bebe da fonte de filmes como 2001 - Uma Odisséia no Espaço, Minority Report e a Trilogia Bourne, tais películas além de serem ousadas e criativas, de alguma forma tiveram um “elemento surpresa” e não se pode dizer o mesmo do filme de D.J Caruso.
A história de Controle Absoluto é absurda, seus personagens não têm personalidade, clichês são utilizados sem distinção e as próprias cenas de ação carecem de uma direção mais eficiente para transmitir emoção.
Apesar de suas falhas de roteiro, o filme possui algumas cenas de ação interessantes e o carisma de Shia consegue arrancar algumas risadas da platéia, o talento do rapaz em interpretar sempre o mesmo papel é absolutamente inegável, e neste caso em dose dupla já que interpreta gêmeos.
Se a pauta da crise econômica é mais assustadora que um atentado terrorista nada melhor que explorar um pouco mais o eterno temor ou quem sabe o desejo inconsciente de visualizar a destruição dos símbolos de poder e patriotismo norte-americano. Hollywood está sempre feliz em atender aos desejos e lucrar com isso.

Pontos Altos: Química da dupla central, cenas de ação fantásticas
Pontos Baixos: Roteiro ruim, cenas de perseguição automobilística confusas, exagero do exagero, história com gêmeos idênticos e personalidades absolutamente distintas? Exato! menos original impossível

Pecados e Tentações

Diretor: J. Gaspar
Elenco: Leila Lopes, Carlão Bazuca, Tamyres Chiavari, Victor Gaúcho e mais três atores que não entram em “ação”
Gênero: Erótico
Ano: 2008





Leila Lopez é uma atriz e ponto sem rótulos como atriz de cinema, teatro ou televisão. E se você não se lembra da última vez que ela apareceu em alguma novela ou algo do gênero não se culpe, a gaúcha está de volta com um filme que certamente estará na maioria das locadoras do país e de acordo com a própria atriz para a alegria dos solitários e casamentos em crise criativa.
Depois de Rita Cadillac e Alexandre Frota é Leila que se rende a indústria lucrativa do sexo explícito.
Mas Leila insistiu que seu filme possui roteiro, sendo inspirado no legado de Nelson Rodrigues, um filme de época (sic), com atores convencionais interpretando pai, mãe e empregada, sem nos esquecermos das luvas e chapéu na capa que já deixam claro que se trata de uma produção diferenciada.
O roteiro é profundo, Marlene vai atuar na Holanda e depois de alguns anos volta pra encontrar a família, ela jura que estava atuando e talvez por vir de um lugar que quando faz frio é de rachar a ex-professorinha chega procurando o calor brasileiro, mais precisamente do seu primo seminarista que está prestes a se tornar um padre.
Leila passeia pelas ruas do Rio de Janeiro dentro de um táxi com uma música incidental terrível e quando chega a casa depois de tantos anos fica claro que é um estúdio de televisão, ou se você conseguir abstrair talvez ela tenha saído de dentro de um armário escuro direto pra sala de estar.
A narração em off que serve pra explicar com detalhes a trama chega a ser engraçada de tão ridícula. E os enquadramentos esquizofrênicos mostram que os cinegrafistas dos filmes pornôs não estão preparados para planos abertos e muitos diálogos.
O jantar é um dos pontos altos com sua iluminação que por ser de época (anos 50 é de época?) utiliza tanto lâmpadas quanto velas, as taças feitas do autêntico cristal de requeijão também são um delírio visual. É uma pena que o jantar só tenha alface, espinafre, couve ou simplesmente capim afinal era verde e ninguém comeu de verdade.
São quinze minutos aproximados de roteiro para que as cenas de sexo de fato comecem, e aí acaba a caracterização e percebemos que é um filme muito contemporâneo, as tatuagens, as coreografias ensaiadas extremamente modernas e o silicone exagerado da irmã não deixam dúvida.
Leila claramente sofre com a intensidade e potência de alguns movimentos de seu parceiro Carlão Bazuca (atenção pro armamento de alto calibre), algo que deve superar em futuras imersões no universo do sexo filmado.
Sua irmã na película por outro lado demonstra uma naturalidade e um profissionalismo exacerbados, numa cena em que está fazendo sexo, a pequena campeã mostra que não está disposta a sofrer com a incômoda falta de lubrificação, pois é profissional no cuspe à distância. Palmas pra ela (caso as mãos não estejam ocupadas, é claro).

Pontos Altos: Leila leva bofetada e gostcha, Bentinho o seminarista de fé, ceia familiar incrível
Pontos Baixos: O beijo nojento de Bentinho e Marlene, a falta de lubrificação da pobre irmã, direção terrível

Agente 86 (Get Smart)

Diretor: Peter Segal
Elenco: Steve Carell, Anne Hathaway, The Rock, Alan Arkin, Terence Stamp, Masi Oka e Terry Crews
Gênero: Comédia/Ação
Ano: 2008







Agente 86 é um filme que se apropria do legado da série de mesmo título que foi um sucesso estrondoso da década de 60 ao parodiar filmes de espionagem, ou mais especificamente os filmes de James Bond. O que apenas revela que roteiros originais estão cada vez mais escassos entre os grandes lançamentos.
Se o cinema-paródia é atualmente um novo e terrível gênero em crescente expansão na indústria cinematográfica estadunidense, Agente 86 goza de um roteiro próprio e inova ao colocar o humor em cenas de ação sem copiá-las de forma infame como nos títulos do tal gênero. É louvável, no entanto, que apesar de se tratar de uma comédia estas cenas são perfeitamente executadas e dirigidas com extremo cuidado.
Steve Carell interpreta o Agente 86 de forma cômica sem ser apelativa, aliás, esse é o tom de Agente 86, um humor leve às vezes mais pastelão, mas que não cai na escatologia, uma qualidade raríssima na nova safra de filmes de comédia.
Todo o elenco parece extremamente à vontade na trama, e atores como Anne Hathaway e The Rock se revelam surpresas interessantes em seus bem humorados papéis.
Um filme que talvez não sirva para acabar com a nostalgia da série original já que há uma modernização necessária, mas que se apresenta como uma boa opção para quem gosta de uma comédia bem feita e agradável.

Pontos Altos: Steve Carrel, o grampeador
Pontos Baixos: Monstrengo in love