quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Rebobine, Por Favor (Be Kind Rewind)

Diretor: Michel Gondry
Elenco
: Jack Black, Melonie Diaz, Danny Glover, Mos Def, Mia Farrow, Matt Walsh, Marcus Carl Franklin, Arjay Smith, Paul Dinello, P.J. Byrne
Gênero: Comédia
Ano: 2008






Jerry (Jack Black) e Mike (Mos Def) são dois amigos que não fazem nada de muito interessante na vida, são típicos americanos losers, o segundo trabalha numa das últimas locadoras de VHS da cidade enquanto o alucinado Jerry é um mecânico que vive de delírios.
Quando o mecânico resolve sabotar uma usina de energia elétrica que acredita estar afetando seu cérebro acaba se tornando um imã ambulante após ser vítima de uma grande descarga elétrica.
Sua presença (des)magnetizante na locadora em que seu amigo trabalha acidentalmente apaga todo o acervo da loja.
Fitas em branco e clientes interessados em títulos manjados, preocupados com a reação do dono da loja e depois de tentativas frustradas de encontrar em VHS os filmes apagados os amigos resolvem atender ao pedido de uma senhora e encenam uma versão para o clássico Os Caça-Fantasmas. A solução absurda e pouco convincente faz sucesso e os pedidos aumentam.
Com muita criatividade e bom humor versões de muitos filmes conhecidos são reencenadas (ou “suecadas” conforme definição dos mesmos) e os remakes emplacam.
Rebobine, Por Favor é uma comédia que conta com o talento criativo de Michel Gondry e com o carisma incontestável de atores possuidores de forte veia cômica.
Bom humor + emoção bem dosada.

Pontos Altos: Atores excelentes, tema original
Pontos Baixos: Um pouquinho de clichê, mas nem dói

Cão Sem Dono

Diretor: Beto Brant, Renato Ciasca
Elenco: Júlio Andrade, Janaina Kremer, Marcos E. Contreras, Roberto Oliveira, Sandra Possani, Luiz Carlos V. Coelho, Tainá Müller
Gênero: Drama
Ano: 2007





Beto Brant é um desses diretores elogiados que eu tento com muito empenho apreciar, mas não consigo ver qualidades, só consigo me irritar. Este é o último filme que eu assisto do Brant até que ele seja chamado pra dirigir um filme do Batman quando serei obrigado a conferir.
Apesar dos prêmios alcançados Cão Sem Dono não possui qualidades que eu possa me recordar. Roteiro fraco, iluminação razoável, atuações sofríveis e som péssimo (muitas vezes não é possível ouvir os diálogos).
Ciro é um jovem recém-formado que está perdido após sua graduação e que se envolve com Marcela uma aspirante a modelo. Ele mora sozinho num apartamento onde abriga um cão que achou na rua, mas que não assume como seu (um cão sem dono!), dorme num colchão no chão do quarto e se dedica ao álcool e ao cigarro sem muita cerimônia.
Marcela interpretada pela modelo/atriz/manequim Tainá Muller se apaixona por Ciro e pouco a pouco vai se infiltrando em sua vida até o momento em que é vítima de uma fatalidade e precisa se afastar o que leva o jovem Ciro a um declínio rápido e destrutivo.
Através de Marcela e Ciro podemos identificar tipos ideais e opostos de futuro desejado, a formação acadêmica que por ser intelectual é supostamente mais estável e o outro que envolve a beleza, a fugacidade e a instabilidade. E os opostos se atraem...
Se a história de Cão Sem Dono é mais do que aparenta podemos apenas ter certeza que sexo, drogas e niilismo são os traços que definem o retrato do jovem de vinte e poucos anos brasileiro da atualidade. Há algo a se temer na grande oferta de possibilidades e uma grande dificuldade em se viver quando é necessário optar o tempo todo por algo.

Pontos Altos: Grávida louca, cenas de sexo realistas
Pontos Baixos: Interpretações rasas, crise existencial pop batida

Charlie Bartlett

Diretor: Jon Poll
Elenco
: Anton Yelchin, Robert Downey Jr., Hope Davis, Kat Dennings, Tyler Hilton, Ishan Davé e Megan Park
Ano: 2007
Gênero
: Comédia




Charlie Bartlett é um filme para adolescentes e seus pais, ao contrário de outros títulos deste gênero ele não se limita aos clichês mais conhecidos, não divisão entre os jovens em grupos, mas estabelece características comuns as mais diversas “tribos”.
Pelos olhos do protagonista Charlie (o mais do que carismático Anton Yelchin) uma escola convencional é revolucionada, o rico garoto que não conhece limitações impostas por adultos começa após uma “consulta” a vender para os interessados os remédios legais controlados mais variados. Com isso o jovem ganha popularidade e respeito entre os seus pares além de espalhar felicidade e contentamento pelos corredores.
O diretor Jon Poll procura explorar a dificuldade de comunicação entre adolescentes, seus pais e outros adultos. Cheios de conflitos e problemas de auto-estima os jovens (até mesmo os mais populares) preferem se medicar a enfrentar a barreira monstruosa que é conversar com seus pais.
A chegada de Charlie retira os alunos da realidade que acreditavam ser inabalável e acreditando mais na força que possuem começam a incomodar o acomodado diretor (Robert Downey Jr.) que enxerga em Charlie a origem de todos os seus problemas.
Charlie Bartlett é um filme que através do bom humor explora a barreira invisível entre as novas e antigas gerações, não foge de todos os clichês, mas ultrapassa com folga as comédias pastelão que normalmente são produzidas visando esse público.

Pontos Altos: A perturbada mãe de Charlie, os talentos indiscutíveis de Downey Jr e Anton Yelchin
Pontos Baixos: “Adolescente-problema” não conversa sobre suas intimidades com adolescente que mal conhece não..

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O Procurado (Wanted)

Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp, Thomas Kretschmann, Common, Kristen Hager, Marc Warren
Gênero: Ação
Ano: 2008





O Procurado é um filme que chama muito atenção principalmente pelos efeitos especiais, as balas não são meros sons e sim protagonistas das cenas de ação, as leis da física não se aplicam e são absurdamente maleáveis. Ação e mais ação o tempo todo.
É o absurdo da lógica torcida da história em quadrinhos em que se baseou o filme que traz as melhores seqüências, além da presença da estonteante e um tanto quanto magra Angelina Jolie, o veterano Morgan Freeman e James McAvoy interpretando o protagonista Wesley Gibson um nerd infeliz de escritório que se torna o maior assassino do mundo, tantos astros num filme de ação bem humorado e corretamente dirigido são a tradução do conceito de entretenimento.
O protagonista James McAvoy tem sido uma escolha das mais acertadas dos estúdios desde Crônicas de Nárnia até o mais recente sucesso Desejo e Reparação sem esquecer o intermediário e contundente O Último Rei da Escócia.
Por ser uma adaptação de uma HQ, o filme condensa muitos detalhes de um universo rico de referências e personagens, mas se a intenção é divertir o telespectador, o objetivo é facilmente alcançado.
Um filme de ação que dirigido pelo russo Timur Bekmambetov consegue ultrapassar todas as barreiras do plausível. O espectador deve deixar toda sua racionalidade de lado e ficar sem fôlego com cenas de ação mais do que eletrizantes entremeadas por tomadas de um humor típico do gênero. Uma mistura da ação e efeitos especiais de Matrix com o humor do Homem-Aranha.
Vai perder?

Pontos Altos: Cenas de ações absurdas, cenas de luta, efeitos especiais incríveis
Pontos Baixos: Magreza exagerada de Jolie, ratinhos absurdos

O Clube de Leitura de Jane Austen (The Jane Austen Book Club)

Diretor: Robin Swicord
Elenco
: Emily Blunt, Hugh Dancy, Maria Bello, Kevin Zegers, Maggie Grace, Amy Brenneman, Nancy Travis, Marc Blucas, Kathy Baker
Gênero: Comédia Dramática
Ano: 2007






Algumas mulheres de diferentes idades que possuem experiências de vida muito distintas por algum motivo se reúnem para discutir algo em comum, o amor e a identificação com as obras da aclamada Jane Austen.
Da mesma forma que vivenciam um drama próprio essas mulheres contemporâneas lêem as obras com um olhar particular e é isso que move as discussões e que no limite transforma as relações que elas têm com os homens e a própria amizade que desenvolvem.
O Clube de Leitura de Jane Austen é mais bem apreciado por quem conhece os livros ou até mesmo os diversos filmes que foram adaptados com muito sucesso pela indústria cinematográfica. As referências estão presentes a todo o momento explícita e implicitamente.
A artificialidade das reuniões e dos encontros e desencontros são superados pela trilha excelente e pelas boas atrizes presentes. Há algo de encantador no romance principal que deve emocionar principalmente quem se envolve com os amores impossíveis dos livros de Jane.
O Clube de Leitura de Jane Austen é um filme agradável com bons momentos de humor e emoção, mas não é marcante o suficiente para ser lembrado por muito tempo.
Diversão média descompromissada.

Pontos Altos: O amor é lindo, Maria Bello, trilha perfeitinha, humor bem dosado
Pontos Baixos: Artificialidade das relações, peruca barata da Emily Blunt

Margot e o Casamento (Margot At The Wedding)

Diretor: Noah Baumbach
Elenco
: John Turturro, Nicole Kidman, Jack Black, Jennifer Jason Leigh, Ciarán Hinds, Flora Cross, Ashlie Atkinson, Barbara Turner
Ano: 2007
Gênero: Drama





O diretor Noah Baumbach (de A Lula e a Baleia) traz mais um perturbador drama familiar, um tipo de filme que não se destina ao espectador comum, mas sim aos iniciados e apreciadores de discussões e relacionamentos familiares dos mais conturbados.
Margot e o Casamento trata do reencontro de duas irmãs interpretadas por Jennifer Jason Leigh e Nicole Kidman que após anos brigadas resolvem se conciliar na data do matrimônio da primeira.
Margot interpretada por Kidman volta com seu filho à cidade em que foi criada e o que deveria ser um encontro de perdão e afetos se torna um festival doentio de agressões verbais, dissimulações e os mais variados desvios de comportamento social.
Noah Baumbach possui uma estranha habilidade em expor as feridas dos relacionamentos e neste filme ele faz isso de uma forma extremamente crua tanto no diálogo quanto nas imagens expressada através de uma sombria fotografia.
Margot uma mulher extremamente sádica espalha os piores impropérios disfarçados de conselhos sem olhar a quem. Nem o filho nem ela mesma escaparão do poder de suas palavras e suas conseqüências destruidoras.
Um brinde ao sadismo.


Pontos Altos: Margot horrorizada com o futuro marido (Jack Black??!!!) da irmã, Margot descendo da árvore, conversas inconvenientes
Pontos Baixos: Todo filme do Noah o povo se masturba (sem uma inspiração apropriada..)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Hancock

Diretor: Peter Berg
Elenco: Will Smith, Jason Bateman, Charlize Theron, Daeg Faerch, Darrell Foster, Lauren Hill, Valerie Azlynn, Kate Clarke, Lily Mariye
Gênero: 2008
Ano: Ação





Hancock é um roteiro original e isso apenas significa que não é um herói que veio de histórias em quadrinhos ou desenhos animados. Não há inovação em termos criativos ou em estilos de narrativa.
Will Smith o grande chamariz de bilheteria interpreta um anti-herói, um homem que é dotado de super-poderes e que ao contrário de Superman não tem qualidades de caráter sobre-humanas. É mulherengo, solitário, bêbado, inconseqüente e politicamente incorreto.
A descrição pode despertar um grande interesse, mas o desenvolvimento da idéia é limitado por um roteiro fraco e que acaba engessado.
O herói incorreto por natureza atrai mais ódio que admiração, e um fracassado profissional de relações públicas o visualiza como um grande projeto de marketing. O envolvimento entre eles apaga aos poucos a personalidade ímpar de Hancock e a esperança de uma experiência diferenciada de entretenimento.
Há a possibilidade de se enxergar em Hancock uma paródia velada aos filmes certinhos de super-heróis, porém a armadilha do roteiro fácil, previsível e cheio de inconsistências afasta uma identificação plena com a sátira e com a fantasia.
Smith é um grande humorista e ótimas piadas são proferidas pelo seu personagem o que salva o roteiro do completo desprezo do público.
A crítica à comercialização da imagem não se consolida e o absurdo das origens dos poderes do herói não conseguem vender a idéia de um herói que chegou para ficar.

Pontos Altos: Will Smith, humor, bons efeitos especiais
Pontos Baixos: Roteiro fraco e difícil de engolir

Os Garotos Perdidos (Lost Boys)

Diretor: Joel Schumacher
Elenco: Jason Patric, Corey Haim, Dianne Wiest, Barnard Hughes, Edward Herrman, Kiefer Sutherland, Jami Gertz
Gênero: Aventura
Ano: 1987






Os Garotos Perdidos é um daqueles clássicos deliciosos que misturam um tema que desperta muito interesse como o dos vampiros e dramas de uma típica família americana do fim dos anos 80, ou seja, existe uma identificação imediata do público.
Muitas motos, mullets, cortes de cabelo e roupas característicos de uma época e um clima de suspense que envolve menos pelo que mostra e mais pelo que sugere.
Joel Schumacher fez um filme que ficou para história não por efeitos especiais e sim pela narrativa que apesar de recheada de clichês consegue surpreender e envolver com uma inocência que não temos mais hoje em dia.
O cinema atual dirigido a este tipo de público ao contrário de Os Garotos Perdidos abusa do sangue e dos sustos, um festival de estímulos sensoriais que não possuem um motivo perceptível num roteiro.
Há no filme do Schumacher o contrário além de uma trilha que não foi esquecida e que se tornou clássica, tomadas aéreas cheias de significado e detalhes que são tão curiosos que absorvem o espectador na fantasia do tão absurdo tema.


Pontos Altos: Atores mirins cheios de talento, atores jovens canastrões e divertidos
Pontos Baixos: Tem uma continuação p-o-d-r-e

Lost Boys - The Tribe

Diretor: P. J. Pesce
Elenco
: Tad Hilgenbrink, Angus Shuterland, Autumn Reeser, Gabriele Rose, Corey Feldman
Gênero: Aventura
Ano: 2008






Lost Boys – The Tribe é uma seqüência tão terrível que foi lançada diretamente em DVD, esqueça o original e não pense em nostalgia. É sofrível, enfadonho e assustadoramente... chato.
O surfe substituindo as motos, esguichos de sangue, sexo e pouco humor, ou seja, em nada se assemelha ao original. A seqüência que demorou a chegar foi com razão amplamente ignorada e deve permanecer assim.
Sem personagens encantadores ou diferentes o desfile de clichês só inova quando ao tentar assustar causa risos nervosos involuntários.
O ponto alto é quando o protagonista acidentalmente mata uma vampira e ela se transforma numa estátua branca que logo explode em flocos que parecem bolinhas de isopor.
Eu fiz esse sacrifício por vocês e esse filme é uma merda retumbante.


Pontos Altos: Não se aplica
Pontos Baixos: Absolutamente tudo, trilha original remixada

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Arquivo-X: Eu Quero Acreditar (X-Files: I Want to Believe)

Diretor: Chris Carter
Elenco
: David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Billy Connolly, Callum Keith Rennie, Mitch Pileggi, Adam Godley, Xzibit
Gênero: 2008
Ano: Suspense





A segunda incursão de Arquivo-X nas grandes telas não acrescenta nada aos fãs da série e ao público em geral, com um roteiro extremamente fraco, direção óbvia e pouco suspense o filme é mais uma agressão a um passado consolidado como ocorreu com a recente adaptação de Sex And The City.
Ambos os longas ao terminarem deixam a seguinte dúvida: Quanto foi o cachê?
Apenas o dinheiro justifica a participação de todos os atores em projetos visivelmente fracos e caça-níqueis como estes.
Diversas referências ao seriado não são explicadas e o próprio roteiro não consegue se desenrolar de forma clara e coerente até o desfecho, o filme dirigido pelo criador da série não se aproxima de um mediano episódio e também não é um bom filme de suspense.
David Duchovny não perdeu a impetuosidade e a paixão de seu personagem e Gillian Anderson continua linda, pequena e intensa. Mas a nova dinâmica da relação entre eles não agrada nem é interessante.
Roteiro extremamente fraco aliado a um diretor inexperiente não serve pra matar a saudade muito menos para atrair novos admiradores.


Pontos Altos: Dilemas de Scully, cenas no gelo, padre pedófilo com visões, discussão sobre fé
Pontos Baixos: Roteiro, execução, direção e foto do Bush com a trilha do seriado em momento infame

A Espiã (Black Book/Zwartboek)

Diretor: Paul Verhoeven
Elenco
: Carice van Houten, Sebastian Koch, Thom Hoffman, Halina Reijn, Waldemar Kobus, Derek de Lint, Christian Berkel, Dolf de Vries, Peter Blok
Ano: 2006
Gênero: Guerra





Durante a Segunda Guerra Mundial acompanhamos a investida nazista na Holanda e as tentativas de sobrevivência e resistência dos judeus que ali viviam.
A atriz Carice Van Houten interpreta uma cantora que após sobreviver as piores situações e desgraças pessoais se infiltra na patrulha alemã disfarçada e se envolve com um importante oficial.
A Espiã trata essencialmente do instinto de sobrevivência humano em um período de extremos, além disso, retrata os horrores da época e principalmente a emocionante vida dupla de Rachel/ Ellis De Vries que garante momentos extremamente tocantes carregados de clímax e anti-clímax.
O questionamento das diferenças entre certo e errado e visualizar a ambigüidade das personalidades e a dificuldade de preservar ou esconder uma identidade. Até onde é possível viver uma vida dupla e não se contaminar. Estas são discussões que são perpassadas por todo o roteiro.
Sob o nome falso de Ellis de Vries a cantora judia impressiona a todos e vive uma reviravolta atrás da outra e sobrevive a todas. E isso não é segredo, pois o filme começa com um encontro e a história é sobre o passado desta personagem.
O diretor holandês Paul Verhoeven transforma um tema mais do que batido numa trama inteligente, repleta de tensão que ultrapassa a barreira do entretenimento trazendo muita reflexão.

Pontos Altos: A espiã fica loira em todos os seus cabelos pra passar por não-judia, toneladas de cenas de ação, perseguições emocionantes, crises de consciência, muito clímax e anti-clímax
Pontos Baixos: Não tem

O Caçador de Pipas (The Kite Runner)

Diretor: Marc Forster
Elenco: Saïd Taghmaoui, Shaun Toub, Atossa Leon, Khalid Abdalla, Navid Negahban, Homayon Ershadi, Kelcie Stranahan
Ano
: 2007
Gênero: Drama





O Caçador de Pipas é uma adaptação de um livro rico em detalhes, e são estas minúcias que envolvem e emocionam na obra de Khaled Hosseini. Ao levar para o cinema um romance tão aclamado muita coisa se perdeu no caminho e o excessivo enxugamento teve conseqüências prejudiciais na carga dramática tão necessária ao tema tratado.
Roteiro ineficiente somados a atores mal dirigidos, enfim um filme sem profundidade ou qualquer outro tipo de qualidade cinematográfica.
Apenas a infância do personagem principal é bem explorada apesar do roteiro original possuir grande destaque para a mais que turbulenta e emocionante fase adulta.
A fraqueza moral que era um tema central do best-seller não possui na tela o mesmo peso avassalador.
Leiam o livro, esqueçam o filme.

Pontos Altos: Fotografia, o retrato cultural do Afeganistão, a infância do protagonista bem encenada
Pontos Baixos: Cabelo do protagonista muito liso na infância fica muito crespo na idade adulta, adaptação mal feita

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Wall-E

Diretor: Andrew Stanton
Elenco: Vozes na versão original de: Fred Willard, Jeff Garlin, Ben Burtt, Kim Kopf, Garrett Palmer, Sigourney Weaver
Gênero: Animação
Ano: 2008






Wall-E é tudo o que falam sim senhor.
A mais recente animação (desenho é coisa do passado?) da feliz união entre Disney e Pixar mescla a usual graciosidade dos personagens animados com temas adultos como problemas ambientais, sedentarismo, relações humanas cada vez mais frias e irresponsabilidade com o futuro.
Andrew Stanton (Procurando Nemo) aproxima “2001 - Uma Odisséia no Espaço” ao universo infantil, obviamente não há o mesmo fatalismo apesar do visual apocalíptico porque Wall-E é um filme que principalmente visa às crianças.
O robozinho do título é encarregado de diariamente limpar o lixo deixado na Terra pelos humanos que após a utilizarem até o esgotamento e destruição partem para o espaço para viverem em algo semelhante aos cruzeiros marítimos, tanta mordomia os transforma em seres obesos que vivem num estado lastimável de imobilidade além de não se comunicarem de outra forma além da virtual apesar de estarem no mesmo espaço físico em certos momentos.
O filme é infantil apesar de tudo e a lição de moral se dá quando os robôs adquirem características humanas e se preocupam em salvar o mundo sensibilizando enfim os humanos que são aqui meros coadjuvantes.
Muitas referências a filmes de ficção científica, amor romântico, trilha nostálgica, animação de última geração, minorias que fazem a diferença são esses os elementos que tornam Wall-E tão encantador e agradável de ser visto.
Dizer mais estraga as surpresas mais do que bem-vindas.
Para assistir sorrindo.

Pontos Altos: Referências mil, Wall-E se apaixonando, a coleção de objetos garimpados no lixo, seqüência de dança no espaço, Disney um pouco mais adulta, final feliz
Pontos Baixos: O cenário do futuro poderia ser mais explorado

O Gângster (American Gangster)

Diretor: Ridley Scott
Elenco
: Denzel Washington, Russell Crowe, Carla Gugino, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin, Lymari Nadal, Ted Levine, Roger Guenveur Smith, John Hawkes
Ano: 2007
Gênero: Policial





O universo dos gângsteres sempre veio acompanhado de um grande fascínio popular principalmente por toda a questão da honra envolvida, uma qualidade que aparentemente está cercada de muito sangue. Ridley Scott apesar de todas as comparações possíveis com obras consagradas do gênero gângster cria um filme eficiente ao utilizar como base uma história real que se opõe ao mito da máfia italiana.
A Nova York de 1970 é revolucionada com um novo senhor do crime que resolve alterar a ordem das coisas ao buscar outra fonte fornecedora de drogas com conexões militares no Vietnã (o usual seria Europa).
Frank Lucas (Denzel Washington) o novo gângster é negro e tem valores familiares sólidos como sua posição preza, seu novo esquema mais barato e de melhor qualidade espalha o vício pela cidade o que atrai atenção de policiais honestos e corruptos e de outros profissionais do crime organizado.
Enquanto isso o honesto policial Richie Roberts (Russel Crowe) enfrenta seus próprios colegas, o crime e encontra no combate ao narcotráfico uma vocação a altura de suas obsessões.
Para não estragar a surpresa de quem não conhece a história original a sinopse já está boa.
Ridley Scott consegue apesar da duração de seu filme (180 minutos) imprimir um ritmo de ação excitante que segura a atenção do começo ao fim, você torce pelo mocinho e não pelo bandido por mais que esses papéis não sejam assim tão bem definidos, afinal uma história real tem mais nuances que um roteiro ficcional.
Vale a pena conferir.


Pontos Altos: Denzel e Crowe reunidos, muita ação, lições de moral através do sangue
Pontos Baixos: Três horas é muito, a Miss que casa com o Frank deveria ser mais bonitinha

XXY

Diretor: Lucía Puenzo
Elenco: Inés Efron, Martín Piroyansky, Carolina Pelleritti, Germán Palacios, Valeria Bertuccelli, Ricardo Darín, Guillermo Angelelli
Gênero: Drama
Ano: 2007






Síndrome de Klinefelter ou XXY pra quem se lembra das aulas do colégio é a disfunção genética que afeta os indivíduos do sexo masculino com um cromossomo X a mais. O que traz certos problemas hormonais e/ou reprodutivos para o homem portador além de desenvolvimento das mamas em uma pequena parcela dos afetados.
O filme de Lucía Puenzo se apropria indevidamente do conceito em seu título, pois o caso que é retratado na película é o hermafroditismo de Alex, uma garota de 15 anos cheia de dúvidas e descobertas como os jovens de sua idade.
Ao mesmo tempo em que se sente incomodada e com vergonha do próprio corpo a rebeldia adolescente se manifesta e a obrigação do consumo de medicações que mantém um fenótipo aparente feminino se torna uma dúvida.
Ricardo Darín interpreta o amoroso e austero pai de Alex que fugiu com sua família para o Uruguai para evitar que sua filha fosse operada quando recém-nascida, além de fugir dos olhares curiosos em Buenos Aires. Mas o tema volta a bater em sua porta quando sua esposa convida um casal de amigos e seu filho para visitá-los em sua casa a beira mar.
A confusa mãe não pensava em uma simples visita, pois o marido de sua amiga é na realidade um conceituado cirurgião plástico apto a realizar o procedimento que definiria a genitália ambivalente de sua filha.
Enquanto um conflito entre os adultos ocorre a jovem Alex se interessa por Álvaro que aos poucos se envolve pela garota e se apaixona apesar do hermafroditismo.
O romance desencadeia a descoberta sexual de Alex que não sabe mais se quer se definir como mulher ou homem e após uma série problemas pode-se notar que ela possui apoio e compreensão total dos pais talvez por sentirem-se culpados ou pelo amor que evidentemente sentem.
Lucía Puenzo escolhe retratar o hermafroditismo de forma natural tal qual acontece em alguns seres vivos da natureza, o seu mérito é engrandecido pela interpretação de Inés Efron que não nos deixa esquecer que estamos vendo apenas uma adolescente, Martín Piroyansky que interpreta o garoto Álvaro é outro grande ator que deve ser acompanhado.
A escolha da naturalização do tema esbarra na relação sem intimidade, carinho ou até mesmo diálogos da família convencional que convive por alguns dias na casa de Alex, a artificialidade exacerbada que espera produzir uma reflexão entre os modelos familiares não possui um resultado crível o que prejudica o desenvolvimento da história de forma sensível.
XXY demonstra como o cinema argentino além de mais emocional não sofre da mesma crise criativa da indústria cinematográfica brasileira.


Pontos Altos: Interpretações dos jovens, Ricardo Darín, tema pouco discutido
Pontos Baixos: Cena do pai na praia com o filho, título do filme equivocado