quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Os Substitutos (Surrogates)

Direção: Jonathan Mostow

Elenco: Bruce Willis, Radha Mitchell, Rosamund Pike, Boris Kodjoe, James Francis Ginty, James Cromwell, Ving Rhames

Gênero: Ficção Científica

Ano: 2009







Apesar da tentativa em se olhar o trabalho de Jonathan Mostow sem preconceitos este seu mais recente trabalho é extremamente similar a Exterminador do Futuro 4 e isso não é uma boa coisa. Ambos os filmes desenvolvem excessivamente qualidades técnicas em detrimento à um roteiro criativo ou bem desenvolvido e boas interpretações.

A sinopse de Os Substitutos tem delírios futuristas sobre o papel da tecnologia no cotidiano dos seres humanos, nesta versão do futuro os robôs funcionam como avatares de seus proprietários, algo parecido com estes jogos de simulação como The Sims. Os indivíduos são representados no trabalho e até mesmo no lazer por robôs que não necessariamente tem a mesma aparência, idade e até mesmo deficiências físicas.

A representação robótica da humanidade surge neste futuro como artifício que contorna dificuldades pessoais, preconceitos sociais, reduz a criminalidade e até mesmo preserva a vida humana além de ser uma mão na roda para os mais preguiçosos.

Enquanto a maioria das pessoas acredita nesse novo modo de vida, alguns rebeldes se reúnem em colônias que discordam dessa opção artificial de existência.

Estas pessoas são deslocadas para berlinda quando um suposto criminoso surge com uma arma de alta tecnologia que ao abater o substituto mata o seu controlador, a segurança de todos não é mais garantida e o FBI deve localizar o criminoso e sua arma. Pânico nas ruas!

Existe um limite muito tênue na ficção científica que separa o ridículo do criativo e filosófico. Os Os Substitutos se situa na primeira categoria, suas tentativas de suspense ou discussão de valores são rasas e risíveis, as atuações são pouco interessantes, talvez pelo fato de se tratarem de versões robóticas de seres humanos sem muito desejo de viver ou mais provável pura incompetência na direção.

Um filme do gênero por mais absurdo que possa parecer tem que soar verossímil de alguma forma, essa qualidade que possibilita ao espectador se convencer que aquilo é possível e assim enxergar em meio ao amontoado de clichês tal realidade sem reservas é o ponto principal que possibilita o desenvolvimento de uma narrativa coerente e atrativa. Não foi dessa vez.

Os Substitutos tem uma ideia central talvez interessante com um resultado indiscutivelmente constrangedor.


Pontos Altos: Como assim?

Pontos Baixos: Bruce Willis não se respeita, porcaria das grossas, filho falecido + crise no casamento = redenção do herói desacreditado que perde seu distintivo na busca pela justiça

Up - Altas Aventuras

Diretor: Pete Docter, Bob Peterson

Elenco: Ed Asner, Christopher Plummer, John Ratzenberger, Delroy Lindo, Jordan Nagai

Gênero: Animação

Ano: 2009







Ok todos sabemos da qualidade gráfica dos trabalhos da Pixar (Disney); a textura cada vez mais realista, cores vivas, expressões faciais e movimentações são impressionantes, algumas pessoas podem até atribuir mais qualidade dramática aos bonecos animados do que muitos atores, deixemos de lado o lugar comum e passemos as características mais interessantes de Up - Altas Aventuras.

Aos maiores interessados por cinema, duas referências podem ser percebidas ao assistir Up, uma delas é a construção dos personagens e narrativa que muito lembra as animações de Hayao Miyazaki (Castelo Animado e A Viagem de Chihiro) e o romance de Carl com Ellie que tem uma forte conexão com o filme argentino sobre um delicado romance na terceira idade de Elsa e Fred. Tem como ser ruim?

Up – Altas Aventuras é uma animação road trip, seu interlúdio sem diálogos só preenchido por imagens que contam a trajetória de um casal até o ponto em que a morte traz a solidão a um deles é maravilhoso.

Carl e Ellie se conheceram quando crianças ao descobrirem quem tinham em comum uma paixão pela descoberta e a exploração de novos mundos que acabou por se converter num duradouro e feliz relacionamento.

Infelizmente o sonho de visitar o lado selvagem da América do Sul é interrompido quando Ellie falece e Carl se recolhe a uma existência reclusa acompanhada de muitas lembranças em sua residência.

Quando o “progresso” invade os arredores de sua casa Carl decide correr atrás do seu sonho e leva consigo por engano Russel, um pequeno escoteiro americano de origem asiática e extremamente irritante como todas as crianças de sua idade à aventura da casa carregada por balões rumo as cataratas da floresta amazônica na Venezuela.

O que diferencia Up das demais animações são seus personagens, o principal é velho e ranzinza e a criança é mais irritante do que adorável. Desta forma a construção da história foge do esquema crianças brilhantes, pais estúpidos e animais adoráveis que estamos mais do que acostumados a ver, interessante que o novo fôlego proporcionado por Up parte justamente de uma representação menos idealizada de pessoas dessas faixas etárias.

Up – Altas Aventuras é um entretenimento de primeira que emociona e diverte de forma extremamente agradável.


Pontos Altos: Qualidades técnicas, personagens mais comuns, as vozes dos cachorros, emociona sem apelar

Pontos Baixos: Como pode o Charles parecer mais jovem que o Carl?

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard)

Diretor: Billy Wilder

Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Fred Clark, Lloyd Gough, Jack Webb, Franklyn Farnum

Gênero: Drama

Ano: 1950







Poucos filmes retratam tão bem o universo dos bastidores do cinema como Crepúsculo dos Deuses, protagonizado por William Holden e Gloria Swanson, duas vítimas de uma indústria poderosa e pouco acolhedora, semelhança pouco diferente do próprio universo do trabalho convencional.

Jack e Norma são duas pontas enfraquecidas da busca pelos holofotes, ele um escritor de pouco sucesso que se afunda em dívidas, ela uma musa do cinema mudo tragada pelo ostracismo com a chegada do cinema falado. Apegados aos seus ofícios ambos insistem em permanecer na mesma posição, Jack sonha que ainda terá sucesso e Norma imagina que largou o cinema voluntariamente apesar dos clamores de seus fãs.

O fracasso tem uma força arrebatadora na vida de ambos e os une numa relação perniciosa baseada em dinheiro e na carência de afeto, apesar de totalmente explícita em seu funcionamento o entendimento entre eles não funciona muito bem pontuando mais um fracasso no currículo.

Os protagonistas de Crepúsculo dos Deuses não são figuras empáticas, são sim desprezíveis em seus papéis sociais, o homem que se vende por uma quantia irrisória e uma mulher que se alterna entre a humilhação e o abuso de poder.

Os tipos trazidos por Billy Wilder são personagens tão infelizes quanto morbidamente fascinantes do glamoroso mundo do cinema antigo, de forma ainda atual este mesmo tipo de marginalização ocorre, muitas estrelas são expostas à exaustão e apesar de receberem por isso são mais tarde descartadas e iniciam uma triste jornada num limbo nostálgico na melhor das hipóteses.

Crepúsculo dos Deuses retrata o lado obscuro da fama, a renovação surge de forma inevitável e muitas pessoas são atropeladas por esta evolução “natural”, aos poucos que conseguem se manter pouco sabemos sobre o preço cobrado por esta permanência.


Pontos Altos: Norma interpretando tipos do cinema para divertir Jack, homem objeto na década de 50, diálogos ricos, Norma se expressa afetadamente como se estivesse dentro de um filme mudo

Pontos Baixos: Motivação pouco explorada do mordomo