Diretor: Jaume Collet-Serra
Elenco: Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, Isabelle Fuhrman, CCH Pounder
Gênero: Terror
Ano: 2009
Muito foi dito sobre A Órfã, seria o filme um manifesto anti-adoção, um abuso de atores mirins em situações pouco ortodoxas, um exagero absurdo, o fato é que crianças más podem ser muito mais diabólicas que adultos, a inocência interrompida é o choque que segura as mãos nas poltronas e causa ansiedade no maior dos marmanjos.
Há sim algo errado com Esther, a garotinha de origem e sotaque russo que inclusive alerta seus pais adotivos que não é como as outras crianças, seu brilhantismo e inteligência deveriam ser suficientes para que a desconfiança se instalasse já na primeira impressão, porém o rico casal se encanta com a unicidade da menina e a acolhe em sua bela casa (obviamente afastada da cidade).
A família que bondosamente recebe a famigerada órfã também não é muito comum, Kate recentemente perdeu um bebê e é uma alcoolista em processo de recuperação, vício esse que já colocou sua família e casamento em perigo, seu marido John não tem dos melhores históricos de fidelidade, a filha menor é deficiente auditiva e seu irmão um pré-adolescente que desde o início não simpatiza com a pequena russa.
Qualquer psicólogo formado na mais precária das universidades sabe que introduzir um novo elemento num equilíbrio instável de uma família como esta pode ser o suficiente para iniciar uma reação adversa muito perigosa.
A angelical Esther com seus vestidos antiquados, talentos criativos e língua afiada se revela inicialmente para nós espectadores, a sociopata sorrateiramente toma conta da casa, seu brilhantismo diabólico inicialmente é revelado para seus irmãos e depois para sua mãe que ao se dar conta tenta alertar o marido que obviamente não a escuta e não permite que ela se livre da surpresa indesejada.
Kate e você espectador não conseguem compreender os motivos do marido não confiar em suas palavras, é neste momento que o terror se instala, a mãe precisa defender sua família sendo desacreditada por quem a mais deveria apoiar e sua inimiga é mais perigosa que muitos dos vilões de filmes adultos.
Isabelle Fuhrman aos seus 10 anos tem um talento nato espetacular, seu olhar é suficiente para arrepiar os pelos de nossos braços e as linhas que interpreta são amplificadas por seu semblante infantil/diabólico.
A Órfã tem muito em comum com outros filmes de terror, a heroína que solitária tenta salvar a todos algo que gera identificação imediata, afinal você também sabe que a garotinha merece um linchamento público, e desejar isso para uma criança representa o triunfo do diretor Jaume Collet-Serra.
A direção de Jaume não é competente apenas em estabelecer o terror, a filmagem inteira não é convencional e isso moderniza e muito a experiência, a câmera subjetiva é responsável por nos aprofundar na pele de Kate e sentir seus ímpetos e aflições.
O trio vilã assustadora, roteiro politicamente incorreto e reviravolta alucinante deve agradar em cheio aos fãs do gênero.
Pontos Altos: Esther é deliciosamente má, muita maldade junta, Esther não poupa ninguém
Pontos Baixos: John é um banana
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