sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Série da Semana


Six Feet Under (A Sete Palmos) é uma das grandes criações de Alan Ball que atualmente tem se destacado com a polêmica True Blood.
Foram cinco temporadas e a série que começou em 2001 com muito humor negro se tornou mais sombria e densa a cada ano.
Sem medo de ousadias diversos temas foram tratados e conflitos familiares alcançaram patamares altamente explosivos.
A família logo no início perde o pai, um diretor de uma funerária familiar que sustentava a todos. E muita coisa acontece desde a dramatização da morte do defunto em questão até a interação do mesmos com alguns dos personagens de mente mais imaginativa.
Em Six Feet.. os mortos ganham sua voz e adoram dar palpite.
Com um dos mais marcantes episódios finais feitos até hoje a série deixou sua marca profunda no drama em mais uma produção de extrema qualidade da HBO.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cinderela em Paris (Funny Face)

Diretor: Stanley Donen
Elenco: Fred Astaire, Audrey Hepburn, Kay Thompson, Michel Auclair, Robert Flemyng, Dovima, Virginia Gibson, Sue England, Ruta Lee, Alex Gerry
Gênero: Musical
Ano: 1957






Cinderela em Paris é uma comédia romântica e um musical ao mesmo tempo e como já diz a tradução brasileira é um conto de fadas moderno (pelo menos para época) onde uma jovem intelectual que trabalha numa livraria conhece um fotógrafo de moda que realiza seu sonho de viajar para Paris ao transformá-la numa modelo de uma grande revista.
As performances musicais, a graciosidade da dupla de protagonistas, a irreverência da personagem de Kay Thompson e não menos importante o cenário parisiense são os elementos que definem Cinderela em Paris como um musical atemporal e extremamente agradável de ser visto.
Fred Astaire tem uma de suas mais inspiradas interpretações e seus quase 60 anos não parecem ser capazes de diminuir seu ritmo, a jovem Audrey Hepburn encantadora como sempre (foi) não tem os mesmos talentos, porém o filme como um todo supera qualquer tipo de comparação que possa ser feita entre ambos.
Quem aprecia um bom musical não deve perder esse divertido clássico.

Pontos Altos: Performances bonitinhas, história bobinha e leve, Fred Astaire mostrando quem comanda
Pontos Baixos: Tomadas aéreas de Paris feitas com o pé do saci

Ônibus 174

Diretor: José Padilha
Gênero: Documentário
Ano: 2002









Extremamente familiar a tragédia do ônibus 174 ocorrida em junho de 2000 no Rio de Janeiro é tema do documentário de Padilha que não se limita em apresentar para um público estrangeiro os fatos ocorridos, o seu objetivo e mérito é exibir todos os lados da história e talvez tão ou mais importante quanto a história de vida de Sandro o "bandido" ex menino de rua e sobrevivente da mundialmente famosa Chacina da Candelária.
A imparcialidade é hipotética, o documentário de José Padilha tem objetivos claros e tal qual a construção de uma argumentação acadêmica ele chega ao término conseguindo provar uma tese que transforma aquele momento numa equação quase que matemática.
E o fato é que Ônibus 174 é um alerta, a enorme desigualdade social somada ao despreparo policial e uma pontinha de fascismo da sociedade em geral são os fatores que permitem chacinas sem culpados, assassinatos gratuitos e a morte televisionada e festejada.
Dois fatores são marcantes um deles é o circo midiático no qual os personagens querem ficar pra história de alguma forma e outro como a população está sempre preparada para agir em nome da “justiça”, o linchamento por pouco não acontece sob as lentes das câmeras e suas transmissões "ao vivo".
Padilha criou seu filme a partir de imagens da imprensa oficial, depoimentos de policiais, meninos de rua, parentes, vítimas e testemunhas e a “verdade” desses elementos trazem uma grande contundência que prova a tese de Padilha.
É tudo uma questão de tempo ou oportunidade, os elementos para uma avalanche de violência são mais do que evidentes e varrer para debaixo do tapete não parece das melhores soluções.

Pontos Altos: Prova de que nada é casual, trabalho extenso de pesquisa
Pontos Baixos: Má qualidade de grande parte das imagens do evento real se torna cansativa para a narrativa

Reflexos da Inocência (Flashbacks of a Fool)

Diretor: Baillie Walsh
Elenco: Daniel Craig, Harry Eden, Eve, Miriam Karlin, Jodhi May, Claire Forlani, James D'Arcy
Gênero: Drama
Ano: 2008







Daniel Craig não quer ser conhecido apenas pela franquia 007, após enfrentar e superar as expectativas de público e crítica o ator britânico tem participado paralelamente dos mais variados filmes e de forma geral seus atributos de ator são acima da média.
Em Reflexos da Inocência, o ator interpreta Joe Scott um astro de Hollywood que tenta preencher o vazio de sua vida com mulheres, drogas e luxo.
Quando uma série de (maus) eventos lhe bombardeia, Joe é obrigado a relembrar o passado, neste momento outro filme começa retratando sua infância e juventude e os eventos que culminaram em sua decisão de sair da pequena vila onde morava e ter outro tipo de vida.
A direção de Baillie Walsh é extremamente competente não utilizando soluções comuns para filmagem desse tipo de roteiro, a fotografia absolutamente impecável e os enquadramentos são absolutamente pensados, especialmente nas extremamente bem construídas cenas de sexo.
Reflexos da Inocência é um drama que não recorre a soluções ou julgamentos morais apesar de abordar diversas situações controversas. Ao deixar para o espectador qualquer tipo de opinião o filme permite um maior envolvimento.
Baillie Walsh transmite com segurança e um olhar próprio o sentimento de nostalgia e perda da inocência que é comum a roteiros como este.
Reflexos da Inocência que é uma tradução infeliz do título original é um drama bem construído e executado, entretenimento razoável algo raro no cinema atual.

Pontos Altos: Fotografia, direção, cenas de sexo, Daniel Craig, semelhança entre os atores que interpretam o mesmo personagem em duas idades, retorno de Joe a sua cidade anos depois, velha desdentada
Pontos Baixos: Vida atual de Joe Scott pouco explorada

Série da Semana

Dexter é uma das melhores séries da atualidade e uma aposta ousada do canal SHOWTIME que tem investido em conteúdos controversos (e bem humorados), muita qualidade técnica e roteiros fantásticos.
Dexter Morgan é um especialista forense da polícia de Miami e sua grande qualidade profissional é identificar cenas de crime através do derramamento de sangue encontrado.
A série, no entanto, não se prende ao universo "CSI", afinal o protagonista utiliza as informações de seu acesso privilegiado para resolver os (muitos) crimes não solucionados pela polícia oficial.
Dexter é um psicopata que direciona seus instintos para eliminar das ruas os criminosos mais sanguinários de Miami. Ao mesmo tempo o querido assassino tenta ter uma vida normal apesar da ausência de sentimentos humanos o que rende ótimas cenas cômicas.
A série já está confirmada até a quinta temporada e a terceira teve seu season finale exibido nos EUA em 14 de dezembro, no Brasil pode ser acompanhada através do canal FX.
Humor negro, morbidez, grandes mistérios e torcer para o vilão. Precisa mais?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Kung Fu Panda

Diretor: Mark Osborne, John Stevenson
Elenco de dubladores: Jackie Chan, Jack Black, Dustin Hoffman, Lucy Liu, Ian McShane, Angelina Jolie, David Cross
Gênero: Animação
Ano: 2008







Calma que Kung Fu Panda não chegou pra desbancar o já clássico Wall-E, a animação do urso com artes marciais não traz absolutamente nada de inovador e segue a premissa básica: lições de moral (acreditem em vocês mesmos!!!), as mudanças de comportamento e a previsibilidade tão esperada de roteiro dos desenhos (ou animações?).
A indústria cinematográfica norte-americana tem prazos a cumprir e filmes a entregar e o que importa de fato são lançamentos de perseguições automobilísticas para marmanjos e animais falantes para crianças, alguém pede mais que isso?
Kung Fu Panda tem qualidades isso é inegável, a Dreamworks não costuma errar e a diversão apesar de fugaz é garantida, se animações são feitas para crianças está tudo no seu devido lugar, mas cada vez mais os pais e outros adultos se assumem admiradores do gênero que já rendeu excelentes surpresas que acabam gerando expectativas excessivas.
Algumas animações se consagraram como ótimos filmes, o que não é o caso de Kung Fu Panda que deve agradar em cheio as crianças menores e só.
Bom pro seu sobrinho, sem graça pra você.

Pontos Altos: Jack Black é um ótimo dublador, lutas enormes
Pontos Baixos: O pai do Panda é um passarinho sem grandes explicações e isso confunde as pobres crianças

Busca Implacável (Taken)

Diretor: Pierre Morel
Elenco: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen, Xander Berkeley, Katie Cassidy, Olivier Rabourdin, Leland Orser
Gênero: Suspense
Ano: 2008







Busca Implacável é um dos lançamentos mais terríveis de 2008, um roteiro fraco com clichês tão manjados e forçados que mais parece uma paródia (das piores), diálogos absurdamente inapropriados e totalmente desconectados da linguagem popular e até mesmo dos próprios filmes de ação dão o tom deste filme dispensável.
Impossível não sentir um enorme desprezo pela interpretação da filha seqüestrada, afinal Maggie Grace acredita que pra aparentar 17 anos é necessário dar muitos gritinhos infantis, correr como uma mongolóide e outros adjetivos claros apenas para quem assistiu.
Liam Neeson até tenta manter certa dignidade, mas sua interpretação é uma mistura completamente infeliz de tantos outros mais marcantes como Jack Bauer, MacGyver e Rambo.
Busca Implacável não oferece mais que perseguições, tiros, mortes sangrentas e torturas que mal convencem. Nada novo, monotonia com sangue.
Economizem alguns minutos e esqueçam este filme.

Pontos Altos: Créditos finais quando a nossa tortura termina
Pontos Baixos: Roteiro, direção, interpretação, própria existência do filme em si

Senhor das Moscas (Lord Of Flies)

Diretor: Harry Hook
Elenco: Balthazar Getty, Chris Furrh, Danuel Pipoly, James Badge Dale, Andrew Taft, Edward Taft
Gênero: Drama
Ano: 1990






Senhor das Moscas é uma experiência aterrorizadora e impressionante, quando um grupo de meninos sofre um acidente e acaba naufragado numa ilha com seu moribundo professor é de se esperar um clima tenso com crianças inocentes sofrendo com a natureza selvagem. Não é?
Mas o que vemos de fato é quão selvagem o ser humano se torna quando a sociedade não está presente para impor suas regras de conduta e convívio social, e o fato de crianças serem as vítimas e algozes de toda violência é o que choca o espectador.
O que aconteceria se crianças não tivessem adultos as supervisionando por muito tempo? Senhor das Moscas pretende oferecer uma resposta. Obviamente o desvirtuamento de valores é algo extremamente possível num ambiente onde as regras são criadas conforme o novo tipo de organização e hierarquia que surge e isso não é necessariamente uma coisa boa ou ruim.
Há em Senhor das Moscas uma hipótese para perguntas antropológicas e psicológicas que são mais toleráveis na teoria e imaginação do que visualizadas em um filme, por outro lado os personagens são criados de uma forma maniqueísta e previsível nos obrigando a tomar partido do bom menino defensor dos valores da sociedade e resistência a forma de poder anárquica que naturalmente se impõe.
O incômodo gerado pelo filme poderia ser maior se houvesse no bom garoto Ralph uma resposta a altura do terror que lhe é infligido ou um final que lhe oferecesse uma redenção sem uma aura de santidade, afinal todos sabemos que crianças são extremamente cruéis e o homem talvez não seja tão bom por natureza.

Pontos Altos: Crianças que sabem interpretar decentemente, levantamento de questões e discussões interessantes para reflexão
Pontos Baixos: Roteiro (adaptado de livro) maniqueísta

Série da Semana

Mad Men é a nova aposta da HBO pra encher seus armários de prêmios e arrebatar a audiência, a série se passa nos anos 60 e retrata o universo feroz dos profissionais de propaganda.
Os detalhes e a produção são extremamente cuidadosos o que é de se esperar, sem falar que é outra cria de Matthew Weiner (Família Soprano).
No mais, muito álcool, cigarros, sexo, traições, polêmicas e tradições da época e principalmente mistérios.
Surpreendente e elegante a série promete muito ainda. O cenário sessentista nova iorquino tem muitas histórias pra contar.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

007 Quantum Of Solace

Diretor: Marc Forster
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Joaquín Cosio, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Gemma Arterton
Gênero: Aventura
Ano: 2008







O segundo filme com Daniel Craig como James Bond não se compara com o primeiro onde muitas expectativas cercavam o próprio filme sem Pierce Brosnan e muito mais sobre um ator totalmente diferente dos outros, porém o Bond loiro superou todas as expectativas e trouxe uma nova força, uma imagem mais masculina e durona ao agente britânico de Ian Fleming.
A fórmula com menos parafernália tecnológica e mais ossos quebrados funcionou muito bem, infelizmente nesta seqüência há um problema grave de roteiro e o descuido afetou o filme como um todo e a escolha da Bond girl e o impacto esperado com o surgimento de um grande vilão.
Basicamente temos um Bond desiludido e traído que busca vingança pela morte de sua amada Vésper, assunto esse repetido por diversas vezes no filme e tema do anterior, a trama não traz elementos novos relevantes e se não fosse por Judi Dench e Daniel Craig, Quantum of Solace seria apenas mais um medíocre filme de espionagem.
Felizmente o James Bond mais agressivo e com ótimo preparo físico é capaz de saltar, lutar e apanhar muito, algo que sempre é esperado de um filme do espião e que é feito com uma coreografia extremamente bem cuidada que consegue empolgar o espectador.
Porém o fraco roteiro não faz muito sentido, e algumas coisas precisam ser explicadas pelos próprios personagens, um problema que nos deixa com a impressão de que perdemos algum pedaço do filme o que de fato não ocorreu.
O término do filme abre espaço para a terceira seqüência e a esperança que a contundência de Casino Royale seja equiparada ou superada.

Pontos Altos: Daniel Craig fodão, Judi Dench, lutas suspensas muito boas
Pontos Baixos: Roteiro sem coesão e apelo, Bond Girl sem personalidade

Max Payne

Diretor: John Moore
Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Beau Bridges, Ludacris, Donal Logue, Chris O'Donnell, Nelly Furtado, Olga Kurylenko
Gênero: Ação
Ano: 2008







É possível fazer um filme bom com um roteiro ruim? E um filme ruim com um bom roteiro? Obviamente as duas perguntas têm a mesma resposta e o que evita o adjetivo “ruim” é a direção, um bom profissional consegue tirar boas idéias do pior roteiro e transformar algo sem muito potencial numa experiência no mínimo divertida.
Max Payne é um filme ruim por todo conjunto de elementos possíveis e imagináveis, mas se a culpa é de alguém John Moore é esta pessoa. A boa fotografia não consegue se destacar mais que as fracas e caricatas interpretações dos atores do filme, o ritmo rápido e didático com que o roteiro se desenvolve é infantil e irritante trazendo a ausência absoluta de emoção.
É impossível suportar Max Payne e aceitar o anti-herói que perdeu a família num assassinato sem solução. Se o mínimo esperado é ótimos efeitos especiais e visuais correspondentes aos fantásticos cenários dos videogames, o que vemos é a versão pobre de uma mistura de Matrix, Sin City e Constantine.
Assistir Max Payne é um exercício de memória onde o espectador visualiza mentalmente diversos filmes de ação muito melhores onde no mínimo conseguiram “desligar o cérebro” e se divertir por uma hora e meia.

Pontos Altos: Max Payne fugindo dos tiros num rio congelado, Natasha a vagabunda russa tentando rir, andar e vestir sua roupa ao mesmo tempo e não conseguir de primeira (e ninguém refazer a cena)
Pontos Baixos: Tomb Raider é melhor, precisa dizer mais?

Maratona do Amor (Run, Fat Boy, Run)

Diretor: David Schwimmer
Elenco: Simon Pegg, Thandie Newton, Hank Azaria, Dylan Moran, Harish Patel, Ameet Chana, India de Beaufort, Matthew Fenton, David Gatt
Gênero: Comédia Romântica
Ano: 2007






Maratona do Amor é a estréia na direção de David Schwimmer (o ‘Ross’ de ‘Friends’), no geral o resultado não desagrada, o ator americano traz uma comédia romântica em Londres e o característico humor britânico que não lhe é familiar está bem representado pelo absolutamente hilário Simon Pegg.
O grande porém de Maratona do Amor é o roteiro, absolutamente sem graça e sem criatividade, só que a química entre os personagens é tão boa que é possível imaginar os mesmos estrelando outros filmes e nos fazendo rir muito.
A habilidade cômica de Simon Pegg nos momentos mais improváveis é impressionante, o ator e co-roteirista interpreta um indivíduo vagabundo, imprestável e que nos faz gargalhar das situações completamente desmoralizantes e humilhantes que vive diariamente, essa sua habilidade única em fazer rir das coisas mais desprezíveis valem os 90 minutos do filme.
Se a estréia de David Schwimmer não é um marco no cenário do cinema do gênero, tampouco é um esforço que deva ser ignorado ou repudiado, a direção confiante aliada a construção dos personagens e a forma como o humor flui espontaneamente aponta para o surgimento de um diretor que deve evoluir e trazer um humor de qualidade às grandes telas.

Pontos Altos: Química dos personagens, diretor promissor (sem Oscar e sem Framboesa de Ouro), Simon Pegg sempre imperdível
Pontos Baixos: Roteirinho de meia tigela

Série da Semana













Nancy Botwin (Mary-Louise Parker) é a verdadeira dona de casa desesperada, recém viúva e com dois filhos para criar a respeitável senhora decide se tornar uma traficante de maconha no subúrbio americano, como manter uma família sem nunca ter trabalhado?
Weeds é uma transgressora comédia do ousado canal americano SHOWTIME que no Brasil é exibida pelo canal da Globosat GNT.
Politicamente incorreta com grandes atores em excelente sintonia e um timing perfeito a premiada série tem se superado em seus três anos de existência com ótimos roteiristas e direção bem executada.
Imperdível.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Trovão Tropical (Tropic Thunder)

Diretor: Ben Stiller
Elenco: Ben Stiller, Jack Black, Robert Downey Jr., Brandon T. Jackson, Jay Baruchel, Danny R. McBride, Steve Coogan, Tom Cruise
Ano: 2008
Gênero: Comédia







Trovão Tropical, a segunda incursão de Ben Stiller na direção, é deliciosamente abusado, infame e absurdamente engraçado.
Não percam os “trailers” antes do filme que apresentam os atores em alguns de seus filmes mais famosos anteriores à gravação desse Trovão Tropical que é um filme dentro de um filme.
Ameaçado de boicote e vítima de muitas críticas de diversos grupos militantes em seu lançamento, o filme não economiza piadas politicamente incorretas, algo que por si só é extremamente feliz, afinal o mundo politicamente correto está cada vez mais chato e paranóico.
A sátira de Stiller vai além dos filmes de guerra em si focando mais no universo de Hollywood ao atacar ferozmente os excessos de vaidade, ganância e falta de escrúpulos de executivos de cinema, agente-empresários acéfalos e atores que fazem “de tudo” para ganhar um Oscar.
Crítica exemplificada quando um dos atores passa por um controverso procedimento cirúrgico para se transformar em negro e poder interpretar um dos personagens, não bastasse isso ele modifica seu comportamento para agir conforme o tom de sua pele.
O excesso nas interpretações e o absurdo das situações são tão engraçados quanto os diálogos ácidos e cheios de críticas que são disparados a todo momento. Nada é por acaso em Trovão Tropical.
Os astros imbecis que protagonizam o longa só são superados pelo dono do estúdio personificado por Tom Cruise que surge careca, acima do peso, peludo e nojento na sua melhor interpretação em anos.
Grandes atores/humoristas produzem uma das melhores surpresas do ano.
Para rir e refletir.

Pontos Altos: Tom Cruise, Tom Cruise, Tom Cruise, a mudança de cor de Robert Downey Jr., um dos atores se auto-entitula Alpa Chino, humor ácido e inteligente, trilha empolgante e divertida
Pontos Baixos: Não fez muito sucesso então deve ter baixado a bola de Stiller

Paris


Diretor: Cédric Klapisch
Elenco: Juliette Binoche, Romain Duris, Fabrice Luchini, Albert Dupontel, Fraçois Cluzet, Karin Viard, Maurice Bénichou
Gênero: Comédia/Drama
Ano: 2008






Romain Duris (sempre em Paris) interpreta Pierre, um dançarino profissional que descobre ser portador de um grave problema no coração que começa a olhar a cidade com outros olhos, seja da janela de seu prédio ou nas ruas da Cidade Luz as pessoas com que se depara e que normalmente não teriam nada para lhe acrescentar se mostram belas, singulares, complexas e cheias de vida.
Paris é um retrato de uma grande cidade através do cotidiano de personagens dos mais variados tipos, uma estudante, um professor, vendedores de feira, imigrantes ilegais. Pessoas diferentes que em certo ponto se cruzam, convivem e que possuem suas vidas e seus próprios dilemas.
O usual glamour de Paris é quebrado com algumas cenas em Camarões onde parentes de imigrantes que vivem em Paris recebem os belos cartões-postais da cidade e sonham em ter uma vida melhor na Europa. Esta inserção se demonstraria ousada numa comédia-dramática, mas essa diversidade não é aprofundada em Paris o que revela certo temor de Cédric Klapisch em realizar um filme demasiadamente político, preferindo focalizar seu roteiro em relações afetivas, amorosas e cenários mais agradáveis e bucólicos.
A relação de Pierre com sua irmã mais velha Élise interpretada pela magnífica Juliette Binoche rende ótimos momentos no filme, a atriz, na verdade, consegue roubar todas as cenas em que aparece, exibindo uma graciosidade e um humor espontâneo luminoso.
A complexidade de alguns personagens é oposta a mera superficialidade de outros, e revela que talvez todas aquelas histórias sejam fruto da imaginação de Pierre, o adoentado jovem que pode ou não sobreviver a um transplante cardíaco.
Cédric Klapisch que escreveu e dirigiu Paris optou por fazer um panorama leve, mas que se pretende mais abrangente do que a maioria dos filmes franceses que se limitam ao retratar o tema “Amor em Paris”.
Com uma ótima intenção, fotografia bela e um drama ameno o diretor consegue realizar um filme agradável e despretensioso.

Pontos Altos: O strip-tease de Élise, a festinha na casa de Pierre, a visita das moças no frigorífico, fotografia
Pontos Baixos: Falta de ousadia

Tríade do Desgosto

Nenhum deles vale um próprio post, então vamos ao trio:

Anatomia do Inferno (Anatomie de l'enfer)
Direção: Catherine Breillat
Ano: 2004

O Fantasma
Direção: João Pedro Rodrigues
Ano: 2002

O Guru do Amor (The Love Guru)
Direção: Marco Schnabel
Ano: 2008

O francês Anatomia do Inferno e o português O Fantasma são filmes que se destacam pelas cenas de sexo explícito e a nudez frontal. Se o primeiro defende uma nova visão do feminismo e o segundo uma visão crua do universo homossexual é possível dizer que ambos se excedem em seus objetivos e servem contrariamente aos objetivos propostos.
Em Anatomia do Inferno podemos conhecer a relação entre uma perturbada jovem que acredita ser a porta-voz de todas as mulheres oprimidas pelos homens num discurso que se revela inócuo quando através de sua nudez e uma verborragia artificial tenta seduzir e enfeitiçar um homem homossexual. Importante considerar aqui que predominantemente a batalha feminista se desenvolveu no mundo heterossexual, ou não?
Além do roteiro inexistente a francesa Catherine Breillat nos oferece ainda uma série de imagens bizarras e escatológicas utilizando como pretexto o feminismo, quando atinge mesmo é o estômago da maioria dos homens e mulheres. Qual o objetivo em se mostrar duas pessoas tomando água com sangue diluído de um absorvente feminino?
Já O Fantasma traz a história de um jovem lixeiro que além de esporádicas aventuras sexuais com desconhecidos e homens "heterossexuais" apresenta uma série de fetiches como vasculhar o lixo de homens pelos quais sente desejo e o sado-masoquismo. Infelizmente trazer a tona um universo tão marginalizado não é tão simples e o diretor João Pedro Rodrigues peca por produzir um filme com pouquíssimos diálogos e imagens que por mais explícitas e realistas não são suficientes para desenvolver uma teoria. Se alguém achava que o universo gay é promíscuo o filme só serve para enfatizar essa imagem.
Para finalizar e aliviar o clima pesado de filmes cults chatos, a infame comédia O Guru do Amor que nada mais é que uma tentativa infeliz de satirizar os gurus escritores de livros de auto-ajuda e a estética cinematográfica indiana é um dos filmes menos engraçados protagonizados por Mike Myers e a mais entediante e infantilóide comédia hollywoodiana de 2008.
O checklist básico do humor nonsense está presente com anões, escatologias, mulher gostosa, insinuações sexuais e roteiro acéfalo.

Série da Semana

Brothers and Sisters é uma série dramática com toques de humor que é exibida no Brasil pela Universal.
Toda história gira em torno da grande família Walker onde grandes dramas e conflitos vão se acumulando em seus diversos e diferenciados personagens.
A riqueza dos conflitos se vale tanto do talento acima da média da maior parte dos atores quanto ao roteiro que retira sua complexidade da enorme diversidade de personalidades entre tantos personagens.
Política, guerra do Iraque, drogas, homossexualidade, traições, almoços familiares caóticos e muita fofoca são os ingredientes básicos desse novelão.
Para quem aprecia um bom drama familiar a série americana que já está em sua terceira temporada é um excelente passatempo, mesmo com o recorrente drama a visão geral de família é leve e agradável.
Sally Field (ou Regina Duarte americana e democrata) e Rachel Griffiths são os maiores destaques e por si só já valeriam assistir a série.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Queime Depois de Ler (Burn After Reading)

Diretor: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton, John Malkovich, Frances McDormand, Richard Jenkins, Matt Walton, J.K. Simmons
Gênero: 2008
Ano: Comédia







Altas expectativas sempre acompanham os Irmãos Coen, não foi diferente com este longa que talvez para apagar (ou descontrair?) qualquer vestígio de comparações é uma comédia. E a dupla segue firme em utilizar o recurso da violência como combustível para o riso, nem que ele seja um reflexo nervoso a uma situação surpreendente o que combina muito bem com o clima de paranóia e suspense de tramas que envolvem segredos de Estado.
O elenco estrelado é o grande chamariz de Queime Depois de Ler, uma sátira não muito bem humorada, mas extremamente inteligente aos filmes de espionagem e serviços de inteligência tão queridos pelo público em geral e especialmente pelo estadunidense.
É difícil encontrar algum tipo de racionalidade no modo de viver e pensar de seus personagens, conseqüência deste estilo inverossímil e absurdo de comportamento são as situações cômicas que se revelam mais como uma (boa) crítica de costumes contemporâneos e ideais patrióticos que um simples apanhado de momentos engraçados, não aguarde gargalhadas.
Até mesmo nos bastidores da CIA há uma atmosfera de ausência de sentido, estupidez exagerada e simplicidade que fornece alguns dos melhores momentos do filme.
A sátira dos Coen, no entanto, peca por não desenvolver até um ponto aceitável as relações e situações entre os personagens secundários que ficam evidentemente incompletas.
Outro problema que compromete a comicidade é a interpretação de George Clooney que mais se assemelha a um exercício teatral de clown que uma atuação cinematográfica razoável. Apesar disso, cabe ressaltar que as atuações de Brad Pitt, John Malkovich e Frances McDormand são extraordinárias e imperdíveis, mas nem por isso engraçadas.

Pontos Altos: Maior parte das atuações, crítica à paranóia e a vida moderna
Pontos Baixos: George Clooney, poucas situações de fato engraçadas, na minha época comédia era pra rir

The Fall

Diretor: Tarsem Singh
Elenco: Catinca Untaru, Lee Pace, Justine Waddell, Kim Uylenbroek, Marcus Wesley
Gênero: Aventura/Drama/Fantasia
Ano: 2006





The Fall, que não foi lançado no Brasil até hoje, tem tantas qualidades que é difícil começar a escrever sobre o quase totalmente desconhecido título, uma das melhores surpresas desse mundo infindável de filmes terríveis, desagradáveis e sem nenhum encantamento.
E esse último adjetivo define com precisão a qualidade do filme, a história se passa em 1915 em um hospital de Los Angeles onde um inesperado encontro de um dublê de cinema paralisado da cintura pra baixo com uma garotinha camponesa acidentada se transforma numa das experiências visuais mais audaciosas e deliciosas já vista no cinema, tudo isso sem computação gráfica.
Resumidamente o dublê interpretado por Lee Pace é o contador de histórias enquanto a fiel garotinha (a romena Catinca Untaru) ouve e imagina as cenas desse épico, é indispensável dizer que esses atores interpretam seus papéis de forma extremamente graciosa e sedutora e só a dupla já valeria o filme.
Infeliz com sua imobilidade o dublê aos poucos nos faz entender que a belíssima história de amor impossível nada mais é que um artifício para conseguir manipular e conseguir que a menina lhe traga um frasco de morfina e o ajudar a cometer o suicídio.
Obviamente The Fall extrapola essa sinopse e em certo momento subverte sua própria lógica sem nunca fugir da linguagem visual delirante e do texto simples e tocante.
As duas histórias igualmente envolventes se apresentam ao longo do filme possuindo conseqüências e características relacionadas o que absorve o espectador em todo aquele universo tão curioso, emotivo e poderoso.
Mais que um filme The Fall é um projeto e um capricho de Tarsem Singh que filmou por anos com seus próprios recursos em várias partes do mundo e diz não ter usado computação gráfica. Ao final do filme nada mais resta do que agradecer a ousadia e talento do diretor que conseguiu levar as telas uma absurda e redentora experiência sensorial.
Obrigado mais uma vez.

Pontos Altos: Elefante nadando no mar, todas as imagens, dupla de atores mais charmosa do cinema, muitas imagens que ficam ótimas no cinema ou numa grande televisão, personagens secundários encantadores
Pontos Baixos: Não ter sido lançado no Brasil até hoje!

Abismo do Medo (The Descent)

Diretor: Neil Marshall
Elenco: Shauna Macdonald, Natalie Mendoza, Alex Reid, Saskia Mulder, MyAnna Buring, Nora-Jane Noone
Ano: 2005
Gênero: Terror







Para os apreciadores do gênero do terror Abismo do Medo é um prato cheio... De sangue! Mas, além de muito xarope de milho Neil Marshall prova que não é necessário um grande orçamento para criar um filme tenso, assustador e envolvente.
Desde o seu começo ao mostrar como a protagonista Sarah perde a sua família num acidente de carro o diretor suspende o espectador que se segura à cadeira aguardando as próximas cenas sem conseguir se mover.
A trama é simples, mas completamente eficiente e claustrofóbica, um grupo de amigas organiza uma expedição a uma caverna para reintegrar Sarah a uma vida “normal” e logo no início da aventura se vêem presas após o desabamento da entrada principal.
O grupo de garotas amantes de esportes radicais então procura a todo custo uma saída do local e a tensão crescente acirra os ânimos, verdades são ditas e revelações perigosas transformam suas personalidades.
A caverna repleta de monstros se revela um plano de fundo e não a fonte do pavor crescente, as amigas ansiosas pela sobrevivência precisam abandonar qualquer ideal de unidade para tentar dar mais um passo até a superfície.
Neil Marshall alia elementos básicos que agradam os fãs do gênero, como a competição feminina e a luta delas pela sobrevivência, a supressão da docilidade feminina para possibilitar a agressividade necessária para sua sobrevivência, o que só não é o grande atrativo porque a tensão entre elas é incontestavelmente a maior fonte de tensão do filme.
Sangue, violência, rivalidade e traições tornam Abismo do Medo um filme absolutamente imperdível.

Pontos Altos: Sarah na piscininha de sangue, lutinha entre garotas, muitos sustos por todos os lados, monstros feios
Pontos Baixos: A interpretação científica/biológica de quem são os monstros feita por uma das personagens

Série da Semana

Em Terapia, série da sempre ousada HBO é uma das atrações mais criativas de 2008 - se não fosse o fato de ser inspirada em uma série israelense chamada BeTipul - curiosidades à parte a série ao contrário do que estamos acostumados não é semanal e sim diária.
Paul, interpretado pelo ótimo Gabriel Byrne, é o terapeuta e nesta temporada acompanhamos as análises de quatro pacientes e na sexta-feira é a vez do próprio Paul ser analisado por sua mentora.
As coisas são um pouco mais complicadas que isso, ao passar das sessões Paul começa a duvidar da própria capacidade de ajudar essas pessoas além de se envolver emocionalmente com elas. O experiente profissional cheio de inseguranças e problemas pessoais demonstram o quanto Em Terapia busca a tridimensionalidade de roteiro e personagens.
Para quem se interessa pelo assunto é um excelente exercício e mata também um pouco da curiosidade pelo "outro lado" da terapia.
Talvez o mais interessante da série seja o fato de que fica evidente a não necessidade de grandes orçamentos e efeitos para prender atenção do público com qualidade e sem apelação.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Uma Garota Dividida em Dois (Le Fille Coupée en Deux)

Diretor: Claude Chabrol
Elenco: Ludivine Sagnier, Benoît Magimel, François Berléand, Mathilda May, Caroline Silhol, Marie Bunel, Valeria Cavalli, Thomas Chabrol
Gênero: Drama
Ano: 2007







O cinema de Claude Chabrol possui um fundamento inquestionável que é a elegância e desta forma que é conduzida a história da garota que se envolve num tumultuado triângulo amoroso cheio de detalhes misteriosos e sórdidos.
Ao insinuar cenas e permitindo ao espectador que as forme em sua própria cabeça Chabrol demonstra seu diferencial. Tal maneira de encenação ao mesmo tempo em que permite uma abstração mantém uma atmosfera misteriosa e sem excessos apesar do forte conteúdo sugerido.
Gabrielle, a garota (dolorosamente) dividida do título, se envolve numa torrente de acontecimentos que culminam numa tragédia, algo muito comum exceto pelo fato dela estar cercada todo tempo por personagens absolutamente complexos, interessantes e tridimensionais, com motivações e intenções que não são facilmente reveladas.
O relacionamento entre os personagens se assemelha com uma partida de um jogo de tabuleiro onde quando menos se espera momentos cruciais são revelados, esse é o verdadeiro roteiro do filme de Claude, uma trama bem executada e impecável em todos os aspectos com uma delicadeza e elegância apenas possível no cinema francês.
É uma definição de amor e os tipos de comportamento criadores e resultantes deste sentimento que tanto fascina os homens de todas as épocas.

Pontos Altos: Cena final alegórica e belíssima, fotografia, tridimensionalidade de personagens, sedução
Pontos Baixos: Menos vinte minutos e o filme ficava mais enxuto e agradável

A Concepção

Diretor: José Eduardo Belmonte
Elenco: Matheus Nachtergaele, Milhem Cortaz, Rosanne Holland, Juliano Cazarré, Murilo Grossi, Gabrielle Lopes
Gênero: Drama
Ano: 2005







A Concepção se diferencia do cenário brasileiro de produção cinematográfica por diversos motivos sendo alguns deles o elenco pouco conhecido, nu frontal e muito sexo.
Ambientado no Distrito Federal conta a história de um grupo de jovens, alguns filhos de diplomatas, que na entediante cidade de Brasília são conduzidos pelo enigmático X a um clima de liberação sexual, questionamento de identidade e valores formando um grupo chamado Os Concepcionistas onde abandonam seus valores burgueses e através de cartões de crédito e identidades falsas vivem outras vidas, festejam, usam drogam e praticam muito sexo (mesmo), trazendo caos e confusão à conservadora sociedade brasiliense.
O vazio da vida dos jovens preenchido através das orgias e drogas influencia a cidade de forma contagiante e o grupo aumenta dia-a-dia, mostrando o quão perdida se encontra a juventude local.
Belmonte em sua estréia cinematográfica opta por uma identidade de cinema independente o que inevitavelmente lhe rendeu alguns prêmios e certo destaque, algo que com sorte poderia iniciar um novo tipo de cinema que fugisse da mesmice da produção nacional.
Ao tentar imprimir uma aura de veracidade, Belmonte entremeia a narrativa cheia de digressões com cenas documentais fictícias, um artifício que pobremente explorado mais atrapalha do que desenvolve o roteiro.
A Concepção oferece como solução para a falta de sentido da vida o abandono à vida pregressa e o abuso dos prazeres, o que em última instância traz aos envolvidos um sentimento ainda maior de ausência de sentido e degradação do corpo.
José Eduardo Belmonte se arrisca muito e fica a meio caminho em seu longa-metragem de estréia que apesar de pouco interessante como um todo nos apresenta um cineasta ousado que não deve demorar a alçar vôos mais bem orquestrados e dignos de atenção.

Pontos Altos: Trilha sonora e fotografia, Matheus Nachtergaele, cenas de sexo bem filmadas
Pontos Baixos: Verborragia, roteiro deficiente

Noise

Diretor: Henry Beam
Elenco: Tim Robbins, Bridget Moynaham, William Hurt, Margarita Levieva, William Baldwin, Gabrielle Brennan
Gênero: Drama/comédia
Ano: 2007





Noise mais que uma comédia de humor negro é uma crítica ao comportamento apático que as pessoas possuem nas grandes cidades, já que aceitam o opressor e exacerbado barulho das grandes cidades e convivem passivamente com o stress constante entre outras conseqüências desta poluição.
Um sujeito certa noite ao ser incomodado no sossego do seu lar se irrita e decide resolver com suas próprias mãos esse problema cortando os cabos da bateria de um carro com alarme disparado. O alívio imediato, no entanto, torna-se uma compulsão e o pai de família perde totalmente o controle se tornando um vigilante em tempo integral.
Além dos problemas com a justiça, um grande tormento e embaraço abala sua família e sua mulher acaba por expulsar o agora desempregado e obcecado marido.
A obsessão de David rende momentos muito engraçados e sua saga pelo fim da poluição sonora diverte, mas parece um pouco esvaziada de conteúdo o que pode levar alguns espectadores a sentirem um pouco de sono durante a repetitiva projeção.
Há um humor ácido e uma espécie de rendição pública de seus atos que leva David a sensibilizar cidadãos e discutir com o espectador de qual forma a ficção insana que vive é melhor que a realidade abusiva em que vivemos. Uma boa reflexão de fato, mas um tanto quanto sem profundidade na argumentação.

Pontos Altos: O carro com 10 alarmes diferentes que David compra pra atormentar o prefeito, carros barulhentos utilizados como instrumentos musicais
Pontos Baixos: Discussão do tema quase perdida

Série da Semana

Nip/Tuck estreou nos EUA em 2003 e desde então sofreu uma enorme queda de audiência, o desinteresse veio com a alucinação absurda de seus roteiristas e o exagero cansativo e crescente de seus episódios.
O sucesso, no entanto, tem suas razões... Da primeira até a terceira temporada a série ultrapassou todos os limites da polêmica, da crítica à vaidade, cobiça, violência , excessos sexuais de todo tipo e sempre acompanhado de uma trilha absolutamente perfeita e marcante.
Os dois colegas de faculdade que montam um consultório de cirurgia plástica são praticamente irmãos em um momento e inimigos mortais no outro. Disputas amorosas e egos feridos, e vítimas colaterais a todo instante.
Nip/Tuck não tem medo da caretice americana e excelentes episódios são constantes.
Esqueçam a quarta temporada, assistam as três primeiras e se apaixonem pela relação masculina mais explosiva da televisão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (Dan In Real Life)

Diretor: Peter Hedges
Elenco: Steve Carell, Juliette Binoche, Dane Cook, Norbert Leo Butz, John Mahoney, Dianne Wiest, Emily Blunt, Amy Ryan
Gênero: Comédia Romântica
Ano: 2007







Steve Carell é um excelente ator dramático e excepcional comediante, Juliette Binoche conhecidamente grande atriz dramática surpreende em Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada atuando de forma graciosa numa parceria irresistível com Carell.
Dan, interpretado pelo protagonista, é um viúvo pai de três meninas de diferentes idades que escreve uma coluna de sucesso sobre a melhor maneira de lidar com problemas familiares e viver da forma mais politicamente correta possível.
Em um fim de semana ele e suas filhas viajam para passar um período com os avôs, tios, primos e todos os parentes possíveis numa casa de campo.
Aconselhado por sua mãe, Dan vai até a cidade e visita uma livraria onde se encontra com Marie, uma desconhecida com que passa horas e horas numa conversa sobre toda sua vida com muitos toques de humor.
O que parece o início de uma história de amor que o resgatará de anos de uma vida sem relacionamentos amorosos se transforma numa situação constrangedora quando Dan descobre que a nova namorada de seu apaixonado irmão era a mesma mulher que havia se conectado de forma incrível. E o seu embaraço é o nosso divertimento.
O roteiro não é um ponto forte de Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, felizmente os personagens encantadores e as situações inusitadas e engraçadas compensam fazendo com que esta seja uma comédia romântica extremamente agradável de ser assistida com atores interpretando de uma forma tão espontânea que parecem existir de fato.
Humor de qualidade + Romance maduro = diversão garantida.

Pontos Altos: Ótima química entre Steve Carell e Juliette Binoche, a família peculiar e as filhas de Dan, bons e ótimos atores
Pontos Baixos: Roteiro fraco

Um Plano Brilhante (Flawless)

Diretor: Michael Radford
Elenco: Michael Caine, Demi Moore, Joss Ackland, Jonathan Aris, Simon Day, Josef d'Bache-Kane, Constantine Gregory, David Henry, Kim Hermans
Gênero: Suspense
Ano: 2007






A última vez que Demi Moore foi protagonista de um filme de sucesso foi... Quem se lembra? A verdade é que atualmente a belíssima atriz é mais conhecida como a mulher do jovem ator e apresentador de pegadinhas Ashton Kutcher.
Se a fonte da beleza de Demi Moore tem como origem as dietas, exercícios e intervenções cirúrgicas há na última uma das explicações para a falta de expressão que tanto enfraquece suas recentes interpretações.
Demi Moore interpreta uma executiva frustrada pelo injusto mundo masculino dos negócios, que farta de toda situação aceita se aliar a um faxineiro (Michael Caine) da empresa que trabalha num ambicioso roubo de diamantes que poderia lhes trazer segurança financeira para o resto de seus dias.
Não há química na atuação entre os protagonistas, o roteiro não decola e a direção é hesitante desperdiçando o glamouroso cenário da Londres da década de 60 num filme absolutamente sem alma e dispensável.
Um Plano Brilhante falha em todos os aspectos, não consegue focar em nenhum dos diversos elementos que poderiam ser interessantes caso fossem devidamente desenvolvidos no roteiro tal qual a exploração feroz de diamantes no continente africano, a luta de uma mulher de negócios num mundo machista e até mesmo o próprio roubo que não consegue transmitir uma centelha de excitação.
Tela Quente não merece.

Pontos Altos: Cenário londrino
Pontos Baixos: Absolutamente tudo e um troféu abacaxi pra Demi “Cabeça de Cera” Moore

Mister Lonely

Diretor: Harmony Korine
Elenco: Samantha Morton, Diego Luna, Denis Lavant, Werner Herzog
Gênero: Drama
Ano: 2007








É praticamente impossível dizer ao certo qual era o objetivo de Harmony Korine com Mister Lonely, um filme que retrata o curioso universo dos personificadores, pessoas que se vestem como astros vivos ou mortos para ganhar algum dinheiro.
O fato é que nem todos os personificadores de Mister Lonely podem ser considerados astros ou estrelas, afinal de contas o que a Chapeuzinho Vermelho faz em meio a Michael Jackson, Marilyn Monroe, Madonna, Abraham Lincoln, Charles Chaplin, Shirley Temple entre outros? Se o objetivo é viver uma vida diferente da própria e menos ordinária melhor seria se o imitado fosse de fato outra pessoa e supostamente bem-sucedida no que fazia.
Korine aborda o curioso universo de forma quase surreal através da fotografia extremamente audaciosa e impactante e também pela forma crua e naturalista que retrata seus personagens, estas pessoas que moram em comunidade num castelo no interior da Escócia vivem e se tratam pelo nome que gostariam de ter, mas nem por isso possuem uma vida mais feliz ou especial.
Um drama com toques de humor e sarcasmo que tem como um dos grandes momentos a cena que Marilyn Monroe (Samantha Morton) diz ao seu marido Charlie Chaplin que ele lhe lembra mais Hitler do que o consagrado ator.
Hamony desenvolve um retrato trági-cômico acentuado pela precariedade com que vive uma comunidade de personificadores que vivem como pessoas comuns perturbadas por delírios fantasiosos.
Se o diretor não explicita o que estava querendo alcançar, o fato é que Diego Luna irreconhecível na pele de Michael Jackson demonstra uma enorme habilidade em modificar seu gestual e imagem, uma atuação impressionante, mas que não chega a salvar o filme.
Uma experiência visual extremamente curiosa, porém vazia de conteúdo.

Pontos Altos: Fotografia, Diego Luna
Pontos Baixos: Roteiro precário, falta trilha sonora (ou dinheiro para comprar)

Série da Semana


A foto acima é de Glenn Close na sua estréia televisiva na premiada série dramática Damages, exibida no Brasil pelo canal FX, uma das séries mais promissoras da nova safra (2007 é novo vai!).
Roteiro intrincado, interpretações grandiosas, trilha sonora de impacto, trama surpreendente.
Não existem defeitos em Damages e assistir o primeiro episódio causa dependência imediata.
Não conto mais nada, Patty Hewes é uma das vilãs mais audaciosas e irresistíveis das séries de televisão.
Assistam imediatamente.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pecados Inocentes (Savage Grace)

Diretor: Tom Kalin
Elenco: Julianne Moore, Stephen Dillane, Elena Anaya, Simón Andreu, Jim Arnold, Hugh Dancy, Abel Folk, Mapi Galán, Eddie Redmayne
Gênero: Drama
Ano: 2007







Logo após a Segunda Guerra Mundial somos apresentados a aparentemente comum família Baekeland, em poucos minutos, no entanto, é possível prever que há algo estranho na relação entre eles e uma polêmica história real se desenvolverá no roteiro cinematográfico.
Tom Kalin retrata com uma fotografia belíssima, colorida e glamourosa a decadência moral de uma família que mais se parece com um objeto de estudo da psicanálise que uma representação de algo de fato real.
Julianne Moore interpreta Barbara a inconstante mãe e esposa que inevitavelmente é abandonada pelo marido e deprimida concentra todas as suas energias em seu filho único Tony (Eddie Redmayne)
Se esta família é um objeto de estudo podemos considerar o sexo, como o definitivo problema que os envolve, a ausência de limites, regras sociais e o afeto erotizado ocasionam uma falência moral que culmina numa insana tragédia.
A atriz demonstra uma assombrosa personificação de uma personagem extremamente marcante e carregada de emoções contraditórias e intensas. A interpretação de seu jovem filho Eddie Redmayne é tão magnética quanto enigmática e a interação entre os personagens é ao mesmo tempo chocante e absolutamente surpreendente.
Um caso clínico cheio de atores bons.

Pontos Altos: Interpretações impecáveis, fotografia belíssima
Pontos Baixos: Se houvesse menos edição ficaria melhor explicado

Piaf - Um Hino Ao Amor (La Môme/La Vie En Rose)

Diretor: Olivier Dahan
Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins
Gênero: Drama
Ano: 2007






Piaf – Um Hino Ao Amor é uma ótima oportunidade para os leigos conhecerem tanto a música quanto a biografia da pequena (apenas em estatura) Edith Piaf.
A história de vida contada fora de cronologia e embaralhada , demonstra como foi forjado o ícone francês que superou a língua ao cantar com a alma cada um dos versos de suas emocionantes canções.
Uma maquiagem quase perfeita e uma linguagem corporal assombrosa deram o Oscar instantâneo para a parisiense Marion Cotillard que interpretou a cantora com uma perfeição absurda e assustadora da juventude até a sua morte prematura antes de completar 50 anos.
Uma vida cheia de excessos, dificuldades e alegrias com uma intensidade devastadora que enriqueceu e eternizou tanto a trajetória quanto o legado musical de Piaf.
A biografia, repleta de buracos, é ainda assim extremamente interessante e apesar das duas longas horas não se torna uma experiência cansativa.Músicas são apresentadas em momentos corretos o que também auxilia no desenvolver da trama.
Envolvente e tocante, Piaf é um filme obrigatório pela interpretação absolutamente estupenda de Marion e pela história marcante e conturbada de Piaf mesmo que mal apresentada.


Pontos Altos: Maquiagem, interpretação, fotografia e músicas belíssimas
Pontos Baixos: Duas horas é muito pra um filme sobre uma pessoa só que ainda esquece detalhes importantíssimos

Kabluey

Diretor: Scott Prendergast
Elenco: Lisa Kudrow, Scott Prendergast, Teri Garr, Christine Taylor, Jeffrey Dean Morgan, Chris Parnell, Conchata Ferrell
Gênero: Comédia
Ano: 2007







Kabluey é uma comédia de humor negro de baixo orçamento que vai além das aparências, superficialmente a história é de uma mulher (Lisa Kudrow) que se vê obrigada a cuidar sozinha dos filhos quando o marido é enviado ao Iraque numa operação de guerra sem fim, e que se vê obrigada a dar abrigo e pedir ajuda ao seu fracassado cunhado (Scott Prendergast).
A cidade texana retratada no filme é a expressão de um Estados Unidos em constante estado de guerra, uma ressaca interminável e odiosa que para nós rende alguns momentos engraçados e constrangedores.
Kabluey, o imenso boneco azul com braços e sem mãos, é o mascote da empresa BlueNexion, uma empresa de webnegócios vítima da bolha da internet e má administração e é nela que a esposa abandonada trabalha.
Salman (o cunhado) aceita a humilhante oferta de se vestir como Kabluey para distribuir folhetos propagandeando o aluguel de salas de escritório na sede da empresa, com uma imensa dificuldade na distribuição pela sua óbvia limitada mobilidade e o próprio cenário desértico texano.
A crítica se expressa através do riso de situações que demonstram a exaustão e falta de perspectiva que atinge os cidadãos texanos, a humilhação e a dificuldade em acordar para se submeter à rotina massacrante e repetitiva de um país tão “cheio de oportunidades” e ainda assim com tantos “perdedores”.

Pontos Altos: Kabluey é o herói das crianças, a expressão vazia de Salman, o rosto cansado de Lisa Kudrow, fotografia
Pontos Baixos: Faltou aprofundar em algum tema ou definir uma identidade

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Incrível Hulk (The Incredible Hulk)

Diretor: Louis Leterrier
Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt, Robert Downey Jr., Tim Blake Nelson, Peter Mensah, Ty Burrell, Christina Cabot
Gênero: Ação
Ano: 2008






O Incrível Hulk chega mais uma vez aos cinemas(agora em DVD), cinco anos depois da adaptação dirigida por Ang Lee que dividiu muitas opiniões por ser uma trama mais psicológica, este lançamento de Louis Leterrier é muito mais ação fazendo justiça ao quadrinho do gigante verde.
Edward Norton interpreta o cientista em conflito que foge dos EUA se escondendo Favela da Rocinha no Rio de Janeiro, dia após dia Bruce Banner sonha em encontrar uma cura aos efeitos devastadores da radiação gama espalhada pelo seu corpo que tanto interessa ao poderio militar estadunidense.
Liv Tyler interpreta a si mesma, mas a intenção era ser o par romântico de Bruce Banner, o cientista em crise, para compensar Tim Roth faz o papel do vilão Abominável numa interpretação perfeita e intensa.
Leterrier trouxe às telas um Hulk com conflitos e referências aos quadrinhos e algumas diferenças que causam dúvida, se antes a transformação era desencadeada pela raiva agora são os batimentos cardíacos elevados que trazem a tona o indestrutível herói verde. Este pequeno “problema”, no entanto, não prejudica o roteiro como um todo que consegue dar fôlego novo a franquia que não teve um dos melhores inícios (nas bilheterias) e que terá com certeza novas seqüências.
Há tanto em Homem de Ferro quanto em O Incrível Hulk uma crítica forte ao belicismo atual dos Estados Unidos, com heróis que não aceitam servir ou serem parte da luta armada americana que tem sido tão amplamente criticada nos últimos anos. Uma clara adaptação da editora Marvel a política internacional e ao público internacional em geral.
Com a interligação de seus últimos lançamentos tão bem sucedida e o anúncio de filmes de outros heróis, resta uma dúvida: Como será a abordagem do personagem Capitão América, um herói ícone de uma nação que se encontra numa longa fase de impopularidade mundial?

Pontos Altos: Edward Norton, Tim Roth, frases clássicas do monstrengo que não faltaram
Pontos Baixos: Liv Tyler e sua voz irritante, vilão brasileiro com sotaque gringo

Garçonete (Waitress)

Diretor: Adrienne Shelly
Elenco: Keri Russell, Nathan Fillion, Cheryl Hines, Adrienne Shelly, Jeremy Sisto, Andy Griffith, Eddie Jemison, Lew Temple
Gênero: Comédia Romântica
Ano: 2007







Garçonete é uma comédia romântica deliciosa, tanto pelas receitas extremamente inspiradas de uma talentosa jovem que expressa seus sentimentos em suas criativas e sarcásticas receitas, tanto pelo humor negro e cínico utilizado nas relações entre os bem construídos personagens.
Jenna é uma jovem garçonete que ciente de sua profunda infelicidade não consegue vislumbrar alternativas para ser feliz e é reprimida pelo seu emprego medíocre e cansativo e um marido que a vê como objeto, fonte de renda e um corpo.
Uma mulher que se sente invisível em sua existência e visível demais quando tenta escapar da dura realidade em que vive. Quantas mulheres não estão nessa realidade?
O grande atrativo de Garçonete são as tortas que Jenna cria, além de visualmente deliciosas elas possuem nomes curiosos “Torta odeio o meu marido Earl”, “Torta Earl me mata porque tenho um caso”. Além de representarem os sentimentos que ela não consegue expressar abertamente o talento da confecção das mesmas pode significar uma vida nova longe daquela realidade.
Mas os planos de Jenna são abalados quando uma gravidez inesperada é diagnosticada, e uma nova prisão começa a crescer em seu ventre, o novo obstáculo, no entanto, leva a jovem a conhecer um agradável e atraente obstetra que revoluciona a infeliz vida de Jenna.
Garçonete é um grito de liberdade para as mulheres que não conseguem se livrar de realidades terríveis, a valorização que nunca vem dos homens deve ser conquistada através de luta e a vida pode ser sim menos amarga.
Apesar do desfecho um tanto quanto simplista, Garçonete é uma comédia acima da média e merece ser conferida.

Pontos Altos: A atuação extremamente desagradável de Jeremy Sisto como o marido insuportável, Keri Russel foi além de Felicity, personagens secundários ricos
Pontos Baixos: Atriz/diretora Adrienne Shelly foi assassinada antes do lançamento do filme

Chega de Saudade

Diretor: Laís Bodanzky
Elenco: Maria Flor, Betty Faria, Tônia Carrero, Paulo Vilhena, Cássia Kiss, Stepan Nercessian, Leonardo Villar, Elza Soares
Gênero: Drama
Ano: 2008







Chega de Saudade é o segundo longa metragem de Laís Bodanzky a premiada diretora de Bicho de Sete Cabeças, e desta vez ela se aventura num tema completamente inovador no cenário da produção cinematográfica brasileira.
Do início ao fim acompanhamos um baile da terceira idade, apesar desse tipo de definição carregar a impressão de um tema limitado e enfadonho, o objetivo de Laís é na verdade desmistificar a falsa imagem de monotonia que um baile saudosista pode remeter.
Um casal jovem formado pelo DJ do baile (Paulo Vilhena) e sua namorada (Maria Flor) que pela primeira vez conhece o baile, um encontro que transforma as idéias e as vidas de todos através da inesperada interação dos presentes.
A câmera desliza pelo salão enquadrando pernas, pés, closes faciais causando uma sensação de proximidade que se aprofunda com a apresentação dos dramas e felicidades de vários dos senhores e senhoras que ali se divertem e também entram em conflito.
Laís Bodanzky não recebeu prêmios a toa por seu filme, ele de fato é inovador e mais complexo do que poderíamos imaginar levando embora qualquer tipo de receio de mediocridade. É possível com facilidade e sem soar artificial perceber o que aquela noite representa e como afeta as vidas de cada um.
Por outro lado a escolha de certos atores prejudica, é totalmente arriscado colocar entre os protagonistas atores globais como o péssimo Paulo Vilhena, a insossa Maria Flor, o canastrão Stepan Nercessian e a sempre igual Cássia Kiss. Não parece uma boa idéia e pode afastar os espectadores mais exigentes.

Pontos Altos: O romance adolescente de Álvaro e Alice interpretados por Tônia Carrero e Leonardo Villar, a infelicidade tragicômica de Elza (Betty Faria), saber pelas câmeras panorâmicas que Paulo Vilhena será careca em breve
Pontos Baixos: Quarteto tristeza: Paulo Vilhena, Maria Flor, Cássia Kiss e Stepan Nercessian

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mamma Mia!

Diretor: Phyllida Lloyd
Elenco: Colin Firth, Meryl Streep, Pierce Brosnan, Amanda Seyfried, Stellan Skarsgard, Julie Walters, Dominic Cooper
Gênero: Musical
Ano: 2008







Mamma Mia! conta com os contagiantes sucessos do grupo sueco ABBA e isso por si só consegue divertir e animar as platéias de admiradores de todo mundo, mas a direção da estreante Phyllida Lloyd peca na execução atrapalhada de um filme com um elenco heterogêneo demais e pouco à vontade no gênero musical.
É (extremamente) torturante assistir Pierce Brosnan cantar, um dos piores momentos do gênero musical, Meryl Streep por outro lado parece confirmar uma competência inabalável em qualquer gênero com a mesma força e impacto de sempre.
O fato é que os enquadramentos de câmera não correspondem aos números musicais que são excessivos e despropositados, sintoma da inexperiência da diretora de musicais de teatro que não tem absolutamente nenhum know-how cinematográfico.
Mas é possível se divertir com Mamma Mia! ao se desligar de critérios e sensos críticos, quem é muito fã ou muito desligado pode terminar o filme cantando junto e depois de algum tempo sofrer ou não de uma ressaca muito bem fundamentada fruto de coreografias sofríveis e um roteiro simplório com músicas divertidas porém sem relação alguma com as cenas em que são inseridas.
Recomendado para fãs sem moderação.

Pontos Altos: Meryl Streep em ótima forma física, Amanda Seyfried e sua química com Meryl
Pontos Baixos: Casamento inesperado e improcedente, entretenimento histérico, coreografias ridículas semelhantes a desenhos animados, Pierce Brosnan

Psicopata Americano (American Psycho)

Diretor: Mary Harron
Elenco: Christian Bale, Willem Dafoe, Chlöe Sevigny, Reese Witherspoon, Samantha Mathis, Jared Leto, Steve Zahn, Guinevere Turner
Gênero: Drama/Terror
Ano: 2000




Psicopata Americano além de um trabalho de direção extremamente meticuloso é uma visão crítica de algumas das piores qualidades masculinas. O protagonista é um jovem executivo individualista, misógino, vaidoso, invejoso, narcisista, materialista e sem personalidade própria.
A violência hiperbólica do filme de Mary Harron é absurda e surreal, trata-se de uma sátira ao modo de vida dos yuppies do fim do século passado, há um desespero e um anseio em ser importante e diferente entre esses homens que não conseguem serem vistos como únicos.
É por isso que Patrick Bateman usa a violência como válvula de escape para sua frustração constante e arrebatadora.
Duas cenas básicas se repetem em Psicopata Americano e ambas são sobre vaidade e orgulho, os yuppies possuem duas obsessões pelas quais contantemente competem. Possuir o cartão mais fino e luxuoso e conseguir reservas nos melhores restaurantes, obviamente uma metáfora aos valores superficiais que festejam. A disputa, no entanto não os permite nem a diferenciação muito menos se tornar melhor que um ou outro por muito tempo.
O fetichismo representado pelo sexo e pela violência deste filme se revela como uma crítica aos homens, seus objetos e desejos. Uma desesperada tentativa de acabar com o vazio através de sexo, drogas, dinheiro e sangue.
Um trabalho de direção e atuação primoroso que merece ser apreciado com um roteiro bem conduzido com um desfecho sensacional e surpreendente.

Pontos Altos: Patrick ensangüentado e pelado correndo com uma serra elétrica atrás de uma prostituta, caracterização do psicopata e atuação vigorosa de Christian Bale
Pontos Baixos: Edição picotada em algumas cenas que ficaram incoerentes

Oliver Twist

Diretor: Roman Polanski
Elenco: Ben Kingsley, Barney Clark, Jamie Foreman, Harry Eden, Leanne Rowe, Lewis Chase, Edward Hardwicke, Jeremy Swift, Mark Strong
Gênero: Drama
Ano: 2005






O clássico de Charles Dickens com o famoso órfão da literatura recebe mais uma adaptação, desta vez é Roman Polanski, o diretor de O Pianista, quem leva o romance ao cinema.
Um drama na Londres do século XIX com crianças fumando, bebendo e sofrendo violência física e verbal que não consegue, no entanto, transmitir os terrores da época vividos pelo jovem Oliver Twist e imprimir veracidade no clima assustador da cidade.
As qualidades técnicas inegáveis não foram acompanhadas pelas interpretações que pecam pela falta de emoção. O próprio Oliver Twist é um dos personagens mais passivos na história do cinema parecendo em muitos momentos um manso cãozinho e não uma criança que sofre tantas agressões.
Com interpretações que não convencem, é impossível acreditar que aquilo está de fato acontecendo, sem peso dramático o enredo se transforma num filme sem vida e longo demais, talvez esse seja o sintoma de um elenco carregado de tantos atores infantis que normalmente não são capazes de atuar tão bem quanto os adultos.
Um filme correto, porém sem vida.

Pontos Altos: Fotografia
Pontos Baixos: Faltaram urgência e emoção no trato do tema

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Reis da Rua (The Street Kings)

Diretor: David Ayer
Elenco: Keanu Reeves, Hugh Laurie, Forest Whitaker, Chris Evans, Amaury Nolasco, Terry Crews, Common, Naomie Harris
Gênero: Drama/Policial
Ano: 2008







Os Reis da Rua é um filme com tantos defeitos que é uma tarefa ingrata escrever algo sobre o mesmo.
Um drama com vários clichês que juntos não funcionam e até podem causar certo asco, um policial (Keanu Reeves em mais uma interpretação insípida) que perde a mulher numa morte violenta se tornando um justiceiro encoberto por um chefe de polícia (Forest Whitaker sem grandes novidades) com senso de justiça duvidoso, um corregedor que os “persegue” interpretado por Hugh Laurie (sim, o próprio Dr. House que não interpreta outro personagem mesmo mudando o tema).
Os clichês: muito sangue, tiroteio, traições, corrupção, discussões éticas e reviravoltas improváveis.
Os Reis da Rua ao menos aparentemente defende uma polícia fascista, comprometendo uma possível crítica a um sistema de segurança falho ao transformar um justiceiro dopado num herói. Se apenas a violência pode resolver as injustiças, o filme avalia a existência de um sistema judiciário e legislativo como algo extremamente desnecessário senão prejudicial à realização de justiça.
Além de um roteiro tendencioso onde é até possível se afeiçoar ao policial interpretado por Keanu Reeves, a sucessão de clichês traz uma atmosfera de deja vu indiscutível num filme que representa de forma alegórica a atual política internacional norte-americana com seus abusos de poder e sua visão absolutista do mundo.

Pontos Altos: Tiroteios bem dirigidos
Pontos Baixos: Atuações em geral, roteiro previsível

Cinturão Vermelho (Redbelt)

Diretor: David Mamet
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Tim Allen, Emily Mortimer, Alice Braga, Joe Mantegna, Rodrigo Santoro, Max Martini, Jose Pablo Cantillo, Ricky Jay
Gênero: Drama
Ano: 2008







Cinturão Vermelho é um filme que quase marca, é quase bom, quase original. Com um tema aparentemente desinteressante o longa cria interesse em seu decorrer, mas decepciona imensamente em seus momentos finais.
O jiu-jitsu tão bem representado pela Família Gracie aqui de nosso país é o pano de fundo do filme que apesar de uma crescente interessante de tensão, traições e reviravoltas têm um dos desfechos mais desinteressantes e inesperados já filmados na história do cinema. O filme acaba e o espectador fica ali sentado estupefato com os créditos finais.
A maioria das cenas são bem dirigidas, mas a ligação entre elas não é clara devido a um roteiro descuidado e nada coeso. Parece mais um problema de edição do que direção, mas isso nunca saberemos ao certo.
Alice Braga é a coadjuvante, a esposa brasileira do malsucedido professor (Chiwetel Ejiofor) que se recusa a abandonar os preceitos de honra e ética da arte marcial que ensina em sua academia.
Interpretações boas, no entanto não salvam Cinturão Vermelho de um final atrapalhado e seu anticlímax.

Pontos Altos: Emily Mortimer e Chiwetel Ejiofor e suas boas interpretações
Pontos Baixos: Faltou um pedaço do filme?